Por motivos políticos, o físico brasileiro César Lattes nunca foi agraciado com um Prêmio Nobel. Dono de um trabalho fundamental para o desenvolvimento da física atômica, ele também esteve por trás, junto a outros pesquisadores, da criação de algumas instituições científicas nacionais. Uma delas – o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) – reconheceu a importância do cientista, nomeando sua principal base de dados em sua homenagem. Assim nasceu a Plataforma Lattes.

Segundo o engenheiro Guilherme Melo, já existem mais de três milhões de currículos cadastrados nesta página. Diretor de Engenharias, Ciências Exatas, Humanas e Sociais do CNPq, ele compareceu ao simpósio “Brazil-U.S. Frontiers of Science and Engineering” para explicar a atuação do Conselho aos estrangeiros presentes. E Melo foi além: disponibilizou-se para tentar, junto à instituição, um financiamento às propostas que surgissem durante o evento.

Melo traçou um panorama histórico da criação do CNPq. Fundado em 1952 para estimular o desenvolvimento científico e tecnológico do país, ele hoje funciona como uma agência de fomento do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). De acordo com o diretor, seu orçamento alcançou, no ano de 2013, a faixa de um bilhão de dólares. Neste mesmo período, o Conselho empregou 1.400 pessoas.

Professor de engenharia civil da Universidade de Brasília (UnB), Guilherme Melo ainda disse que, de 1993 a 2010, o número de grupos de pesquisas no Brasil apresentou considerável aumento. “Além disso, as taxas de publicação e contribuição relativa do país também cresceu. Sem falar na quantidade de mestres e doutores”, completou.

O tópico seguinte abordado por ele era de grande interesse para os cientistas e engenheiros de fora do país: o programa Ciência sem Fronteiras (CsF). Agora em seu quarto ano de funcionamento, Melo afirma que o programa tem como principal objetivo o investimento nas pessoas. Focando em determinadas áreas estratégicas, ele deve desenvolver no estudante as habilidades e competências necessárias à sua total inserção em uma economia baseada no conhecimento. Mas Melo abordou também os problemas a serem superados. Entre os principais estão a falta de domínio de línguas estrangeiras dos estudantes brasileiros e a dificuldade de trazer estudantes e professores estrangeiros para o Brasil. “Um dos motivos é o fato dasa universidades brasileiras oferecerem cursos somente em português, o que, em nível de pós-graduação, pode e deve mudar para internacionalizar realmente nosso ensino superior”, concluiu Melo.