O 6º Encontro Preparatório para o Fórum Mundial de Ciência 2013, que se encerra nesta terça-feira (14), em Porto Alegre, teve como conferência na manhã de hoje “Produção de alimentos e o desenvolvimento inclusivo”. O debate, dividido em três painéis, abordou os sistemas de produção agrícola, inovação, desafios da industrialização e propriedade intelectual no agronegócio.
O professor Carlos Eugênio Daudt, do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), deu início aos trabalhos. A segurança alimentar foi o tema principal em debate com a preocupação, relacionada à qualidade dos alimentos e a fiscalização das indústrias e produtores.
Daudt destacou que cabe às instituições de ensino superior ampliar as atividades de pesquisa científica na fonte, junto ao produtor. Para ele, o senso crítico das instituições deve ser transmitido aos alunos, proporcionando soluções reais para problemas como produção sustentável, redução de adição de compostos químicos e proteção do meio ambiente. “Tendo o ser humano o domínio do processo desde o começo, coopera para diminuição da adição de químicos, por exemplo. A utilização de métodos físicos, no lugar de químicos, descortina um futuro promissor, tanto pra ciência quanto para a produtividade”, afirmou.
A mesma opinião foi demonstrada pelo agrônomo e professor Rubens Onofre Nodari, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que apresentou o painel “Sistemas de produção agrícola e inovação tecnológica: da transgenia à produção orgânica”. Para o professor, o campo é um laboratório experimental que não gera desconexões entre a produção científica e produção agrícola.
Desafios
A coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciência de Alimentos da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Elza Iouko Ida, falou sobre a produção de alimentos no mundo globalizado e os principais desafios da industrialização. Ela disse que a produção mundial de soja, destinada não só a humanos, conta com estudos que avaliam os benefícios para a saúde humana do consumo do grão. “São importantes, ainda mais que o Brasil é um dos maiores produtores mundiais”, disse.
Garantir a inclusão econômica, criando valor para os produtos produzidos no campo, é um dos papéis da inovação. Para a professora do Centro de Estudos e Pesquisa em Agronegócios da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Kelly Bruch, a prática favorece a inclusão da propriedade intelectual no agronegócio.
O 6º Encontro Preparatório de Porto Alegre é o penúltimo antes do Fórum Mundial de Ciência (FMC), que ocorre nos dias 25 e 26 de novembro no Rio de Janeiro.É a primeira vez que o evento ocorre no Brasil. Desde 1999, quando foi criado, ele ocorria em Budapeste, na Hungria.
A etapa da região Sul foi organizada pela Secretaria da Ciência, Inovação e Desenvolvimento Tecnológico em parceria com o Ministério da Ciência e Tecnologia, Academia Brasileira de Ciências e Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). De acordo com o secretário Cleber Prodanov, o encontro serve para demonstrar que a região Sul tem condições de contribuir com o Fórum com questões importantes. “Somos mais que um país do futebol e do carnaval, embora isso seja importante também, mas pensamos no clima, nos alimentos e na saúde como questões centrais também.”
O presidente da Academia Brasileira de Ciências, Jacob Palis, participou do encontro em Porto Alegre palestrando na sessão magna na segunda-feira. Palis defendeu a importância do Fórum estar ocorrendo no Brasil. “É uma oportunidade ímpar de colocar nosso país no centro da ciência mundial, somos uns dos primeiros na linha internacional.” Segundo o professor, será uma boa oportunidade de levar aos cientistas participantes do FMC as questões importantes para o nosso país. “A maioria serão cientistas brasileiros, mas teremos uma boa participação da América Latina também.
A representante da SBPC e membro da ABC, Helena Nader, afirmou que destes encontros preparatórios “vamos traçar diretrizes que servirão para projetos nacionais e até internacionais”. No entanto, ela não deixou de questionar a qualidade da educação no país, ressaltando a necessidade de maiores investimentos no setor. “Temos que investir em educação e ciência. Os desafios são muitos, mas é uma discussão interna necessária”, disse.