Leia abaixo, na íntegra, o texto “Pesquisa científica: uma excelente oportunidade profissional para mulheres”, de autoria da Acadêmica Vanderlan da Silva Bolzani e publicado no dia 09 de março de 2013 no portal UNESP. Bolzani foi designada, por despacho do ministro Marco Antônio Raupp, a mais um mandato consecutivo no Conselho Deliberativo do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). “Em 2010, escrevi um texto para a página web Unesp sobre Mulheres na pesquisa, um olhar firme no futuro. Passados 3 anos, verificamos um panorama não muito distinto daquele traçado anteriormente com relação aos índices estatísticos de hoje sobre a presença das mulheres na ciência. Se analisamos alguns dados disponibilizados na literatura e na mídia, eles contabilizam um ganho a nosso favor.

Dados obtidos da Unesco (United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization), demonstram que as mulheres ainda são minoria na ciência em todo o mundo. Somos protagonistas de apenas 29% dos pesquisadores mundiais; mas temos uma posição destacada na América Latina, com um percentual de 46%, nos destacamos sobremaneira e este dado é bastante animador e um grande estímulo para as nossas jovens, buscarem na ciência e na pesquisa um universo fascinante de trabalho e realização profissional.

No Brasil, o número de mulheres pesquisadoras e em cargos de liderança avança de forma positiva e podemos até dizer que estamos no páreo dos colegas cientistas. A investigação científica em todas as áreas do conhecimento, representa um campo de atuação profissional rico e cheio de desafios para as mulheres. Atuar na fronteira do conhecimento é um campo livre e as mulheres que optarem por serem docentes e/ou pesquisadoras, podem se tornar grandes cientistas.

Atualmente, não vejo barreira para a questão gênero, no que concerne as mulheres cientistas. Cada dia mais temos exemplos de mulheres cientificamente destacadas em várias áreas. É nossa missão também, enquanto cientistas, estarmos mostrando as jovens que o conhecimento e a ciência é um campo aberto, a todas que desejam ter no conhecimento sua ferramenta de trabalho. Obviamente, não me refiro aqui à ascensão a posições e cargos em qualquer esfera.

Neste sentido, seja no ambiente feminino seja no ambiente masculino, a competição é um dado concreto e as mulheres ainda estão em desvantagens, mesmo que o cenário vem mudando gradativamente. O Brasil de hoje mostra índices animadores e, destaco aqui, o avanço feminino na Câmara dos Deputados. No cenário atual temos 468 deputados, sendo 45 mulheres. Já no Senado, apenas sete foram eleitas e estão exercendo os respectivos cargos. Entre os ministros, 28 são homens e 10 mulheres, num número bastante representativo.

No universo da ciência, o reconhecimento das cientistas pela própria academia ainda é tímido. Na Academia Brasileira de Ciências (ABC), dos 416 membros, 60 são mulheres, 17 delas formadas nas áreas biomédicas e nove na química, competindo a nós continuarmos nosso trabalho com firmeza almejando mudar este cenário.

Na Fapesp, o número de mulheres com projetos aprovados também cresce. Esta tarefa não é só nossa mas também dos vários setores que compõem uma sociedade, incluindo o Estado.

Entre os dias 12 e 14 de fevereiro, estive em Boston, MA, USA, para participar do simpósio Building Research Partnerships Between Women Scientists and Engineers in the U.S. and Brazil organizado pelo Departamento de Estado Americano, em parceria com a Universidade de Oregon, COACh Programa e pelo Brasil, planejado pela Fundação de Aperfeiçoamento de Professores de Ensino Superior (Capes), objetivando ampliar e fortalecer as colaborações de pesquisa entre cientistas dos dois países, principalmente nas ditas “ciências duras”, incluindo as engenharias.

Durante dois dias, 32 cientistas americanas e brasileiras, discutiram intensamente formas de aumentarem a participação feminina em grandes projetos de pesquisa e principalmente em discutir propostas e ações voltadas para as jovens estudantes, no sentido e estimulá-las a entrarem na universidade para cursarem as chamadas “ciências duras” – química, matemática, física e engenharias.

Na sessão de abertura, o Dr. Jonathan Margolis, Secretário-assistente de Estado e Adjunto do Bureau de Assuntos Internacionais Científicos e Ambientais dos Estados Unidos enfatizou a importância da presença feminina não apenas nas ciências básicas mas também nas pesquisas de desenvolvimento e inovação tecnológica, onde a presença feminina é ainda menor. Hoje, comemora-se o Dia Internacional da Mulher, temos muito a construir mas também há muito a comemorar.”