Com o objetivo de discutir temas ligados à “Diversidade tropical e ciência para o desenvolvimento” começou nesta quarta-feira (28), no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), em Manaus, o 3º Encontro Preparatório para o Fórum Mundial de Ciência. O evento, que acontece até o dia 30 de novembro, faz parte da programação de reuniões temáticas que serão realizadas em sete capitais para promover uma ampla discussão nacional, cujas propostas serão levadas ao Fórum Mundial de Ciência, que será realizado no Rio de Janeiro, em novembro do ano que vem.
Participaram da abertura o diretor do INPA e membro titular da ABC, Adalberto Luís Val, o secretário-executivo do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luiz Antônio Rodrigues Elias, o secretário-executivo da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Inovação, Dalton Vilela, a presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas, Maria Olívia Simão Ribeiro, o representante da Academia Brasileira de Ciências, Adalberto Ramón Vieyra, o vice-reitor da Universidade Federal do Amazonas, Edinaldo Narciso Lima, e o coordenador do Centro de Gestão de Estudos Estratégicos, Fernando Rizzo.
O diretor do INPA enfatizou que hoje vivemos um processo de transição da relação do homem na sociedade e com a sociedade, demonstrado, especialmente, em três pontos: os indicadores econômicos, a significativa crise na saúde, especialmente em países da África, e as crises políticas no Oriente Médio e em alguns países da Europa. Segundo Val, essas questões trazem desafios que vão requerer informações científicas robustas e um conjunto de iniciativas que devem envolver não apenas os laboratórios de pesquisa, mas também ações políticas efetivas. “Nesse sentido, a Amazônia ocupa uma posição de destaque”, disse. “Nesta região, há um repositório de diversidade genética e cultural sem similar em outros lugares do mundo.” Ele também ressaltou que todo o desenvolvimento desse processo na Amazônia deve ser integrador, com inclusão social e gerador de renda. “Educação, ciência e cultura devem ser o tripé para esse processo”, defendeu.
O representante do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação lembrou que 2013 foi definido pela presidente Dilma Rousseff como o “Ano da Ciência no Brasil”, o que deve trazer uma agenda de políticas efetivas para o País. Elias destacou a importância da Amazônia para a ciência e a tecnologia e avaliou que a iniciativa deve ajudar a incrementar o nível científico na região.
Palestra magna
Após a mesa de abertura do 3º Encontro Preparatório para o Fórum Mundial de Ciência, o representante da Academia Brasileira de Ciências, Adalberto Ramón Vieyra, ministrou a palestra Ciência e educação para o desenvolvimento. Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Vieyra apresentou dados sobre a educação e as comunidades da Amazônia, e lembrou que o Fórum Mundial de Ciência será uma oportunidade para acabar com a dicotomia entre países que produzem ciência e aqueles que a consomem.
De forma contundente, o palestrante defendeu que a Amazônia tem 22 mil comunidades isoladas e que o futuro da região está unido à criação de alternativas para a inclusão social e a geração de renda. Além disso, Vieyra enfatizou que “uma ciência desenvolvida é questão de soberania nacional e requer educação de qualidade em todos os níveis”. O professor destacou que a atividade científica não está fora do processo de educação, mas totalmente ligado a ele: “Temos três milhões de crianças que não terminaram o ensino fundamental.” Entre os números apresentados pelo pesquisador, destacam-se a alta porcentagem de leigos lecionando física, matemática e biologia; e apenas 70% das crianças de 4 a 5 anos na pré-escola.
Ele lembrou que a ciência no Brasil passou a ser mais respeitada nas últimas décadas, mas que ainda temos déficit na formação de doutores. Vieyra apresentou algumas ações necessárias para educação básica envolvendo o ensino superior e a pós-graduação, como iniciativas concertadas em âmbito federal, estadual e municipal, com adequados investimentos; o fortalecimento e a ampliação de iniciativas da Capes para a educação básica; e mestrados profissionais direcionados para a esse nível do ensino. O professor destacou que o desafio nesse aspecto é “retomar o ciclo virtuoso de investimentos crescentes em ciência, tecnologia e inovação”.