Pela primeira vez desde que foi publicado, o Relatório UNESCO sobre Ciência dedica ao Brasil um capítulo inteiro. Para o representante da UNESCO no Brasil, Vincent Defourny, o país “começa a existir” no mapa mundial da Ciência e Tecnologia. Em 2008, o Brasil investiu US$ 23 bilhões no setor, mais do que a Espanha e a Itália. O país também se tornou o 13º maior produtor de ciência do mundo, com 26.482 artigos científicos publicados, o que corresponde a 2,7% do total mundial.

O Brasil investe 1,1% de seu Produto Interno Bruto (PIB) em ciência e tecnologia. No entanto o relatório destaca a alta concentração desses recursos em São Paulo, onde se encontra 40% dos investimentos nacionais. Além disso, a fonte desses recursos é majoritariamente pública. Parte do governo 55% do dinheiro para o setor, característica comum entre os países em desenvolvimento, segundo a UNESCO. O relatório lembra ainda que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou de cumprir a promessa feita em 2003, de aumentar os investimentos no setor para 2% do PIB.

Defourny aponta também a queda no número de pesquisadores nas empresas. – Nos últimos três anos as empresas perderam 10% de seus pesquisadores. Este é um dado preocupante – afirmou. Segundo ele, as possibilidades de carreira dentro do Brasil são limitadas, o que gera uma fuga de cérebros para outros países. Para se ter uma ideia, 3/4 dos pesquisadores brasileiros estão na academia. Para o representante, o Brasil precisa investir em educação. Ele classificou o ensino nacional como de “péssima qualidade”.

O relatório destaca ainda o fato de as pesquisas terem progredido mais lentamente do que a economia. Em 2009, o Brasil só registrou 103 patentes, enquanto a Índia teve reconhecidas 679, e a Rússia, 196.”