Dora Selma Fix Ventura formou-se em Psicologia pela Universidade de São Paulo em 1961, numa época de grande ebulição intelectual na antiga Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. Sua vocação para a pesquisa manifestou-se já durante o curso de graduação no qual, estimulada por Fred S. Keller, Professor Visitante da Columbia University, trabalhou na área de condicionamento e aprendizagem, e decidiu realizar pós-graduação no Experimental Psychology Department da Columbia University. Naquela instituição obteve o M.A. (1964) e o Ph.D. (1968) em Psicofísica e Fisiologia do Sistema Visual. De volta ao Brasil, montou e dirige até o presente o Laboratório de Psicofisiologia Sensorial, no Instituto de Psicologia da USP. Utilizando modelos invertebrados para o estudo de mecanismos visuais, o laboratório dedicou-se inicialmente a estudar a resposta de fototaxia negativa em camarão de rio, migração de pigmentos na retina, estudos comportamentais de discriminação visual. Datam também desta época os estudos sobre os efeitos farmacológicos no processamento sensorial. Em seguida iniciou linha de trabalhos com eletrorretinograma do olho composto de inseto o que proporcionou um relato em grande detalhe do fenômeno ainda pouco conhecido de facilitação retiniana, seguidamente citado na literatura dado seu caráter inovador, e a formulação de conclusões que foram confirmadas dez anos mais tarde em trabalhos bioquímicos de transdução visual. Desde 1983 mantém intercâmbio com o grupo de Neurobiologia da Universidade Livre de Berlim para o estudo comparativo de visão de cores em abelhas. Dentro desse projeto passou a trabalhar com métodos neuroanatômicos de microscopia óptica e eletrônica para a marcação de neurônios fisiologicamente identificados do sistema visual. Descobriu recentemente a existência de ilusão de formas em insetos (abelhas tropicais sem ferrão), resultado que sugere o caráter básico e geral desta capacidade, provavelmente fundamental para a visão de formas. A partir de 1991 estendeu os estudos comportamentais para aves, principalmente o beija-flor, no qual constatou pela primeira vez capacidade de discriminar cor no ultravioleta, e os estudos eletrofisiológicos para a retina de tartarugas, também com o objetivo de estudar visão no ultravioleta. Nesta última atividade tem tido intercâmbio internacional com dois grupos americanos e um japonês. Nos últimos anos tem dedicado parte de seu tempo à pesquisa na área de Psicofísica Clínica, na qual orientou estudo populacional normativo sobre desenvolvimento da acuidade visual em crianças. Como orientadora de três programas de pós-graduação formou 33 Mestres e 22 Doutores, que hoje se dedicam à vida universitária. É Professora Titular e atual Vice-Diretora do Instituto de Psicologia da USP, e foi Chefe de Departamento de Psicologia Experimental por duas vezes, tendo sempre tido intensa participação na vida da Universidade e da comunidade científica de sua área. Participou nos últimos três anos do Comitê Assessor de Psicologia do CNPq, foi Presidente da Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento (1990-1993) e é desde agosto de 1995 Presidente da Federação de Sociedades de Biologia Experimental (FESBE).
Região: São Paulo
Eberhard Wernick
Formado em Geologia pela FFCL da USP em 1963, iniciou suas atividades profissionais na então FFCL, Rio Claro, SP, hoje Instituto de Geociências e Ciências Exatas da Universidade Estadual Paulista, onde atua até agora como Professor Titular do Departamento de Petrologia e Metalogenia.
Discípulo do Prof. Dr. Heinz Ebert, renomado especialista na geologia de terrenos pré-cambrianos, dedicou-se inicialmente às rochas metamórficas e posteriormente às rochas graníticas, sua atual especialidade, tema que aborda sob aspecto geológico, petrográfico, mineralógico e geoquímico visando a caracterização de processos genéticos e evolutivos. Concluiu tese de doutoramento sobre geologia dos terrenos metamórficos da região de Amparo, SP, em 1967 e tese de livre-docência sobre o batólito granítico de Morungaba, SP, em 1972 e exerceu atividade de pós-graduação na Universidade de Kiel, Alemanha, e no Serviço Geológico da Finlândia. Publicou mais de 120 trabalhos (excluindo resumos) no país e no exterior, quase sempre versando sobre rochas granitóides, e é autor, co-autor e participante de vários livros.
É um dos fundadores do Curso de Geologia da UNESP, do qual foi também coordenador, e do Curso de Pós-Graduação em Geociências da UNESP do qual foi seu primeiro coordenador.
Introduziu e refinou o Método Tipológico do Zircão no país através da criação do Laboratório do Zircão e criou o Grupo Acadêmico “Rochas Granitóides” da UNESP, integrado por vários cientistas nacionais e estrangeiros, do qual até hoje é seu coordenador. Liderou ao nível nacional, sul-americano e continental vários projetos internacionais, dedicados à geoquímica de terrenos arqueanos, do mapa geológico mundial e à caracterização de processos metamórficos e magmáticos.
É Membro Titular da Sociedade Brasileira de Geologia e da Academia de Ciências do Estado de São Paulo e foi agraciado com as medalhas “Martelo de Prata” e “CNPq”.
Edgar Dutra Zanotto
Edgar Dutra Zanotto nasceu em Botucatu-SP em 07/06/1954 onde cursou escolas públicas de primeiro e segundo grau até 1971. Graduou-se em Engenharia de Materiais em l976, na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Em seguida foi contratado como auxiliar de ensino naquela mesma universidade. Concomitantemente às atividades de ensino na UFSCar, cursou e concluiu o mestrado em Física Aplicada e Ciência dos Materiais em l978, no Instituto de Física e Química de São Carlos da Universidade de São Paulo. Em 1979 iniciou estudos de doutorado em Tecnologia de Vidros na Universidade de Sheffield na Inglaterra, concluídos em 1982. Em 1988 atuou como professor visitante com bolsa da Fulbright no Departamento de Ciência e Engenharia de Materiais da Universidade do Arizona, em Tucson, nos EUA. Entre setembro de 1992 e março de 1993 fez um curso de especialização na Escola Internacional de Estudos Avançados em Ciência de Polímeros na Universidade de Ferrara na Itália. Em 2005 atuou como pesquisador visitante no CREOL, Universidade da Flórida Central, nos EUA. Passou à categoria de Professor Titular de Engenharia de Materiais da UFSCar após concurso público em dezembro de 1993. As atividades de pesquisa básica do professor Zanotto e colaboradores focalizam principalmente o tema “cristalização, difusão, relaxação e propriedades dos vidros” e foram divulgadas em cerca de 350 publicações, no Brasil e no exterior. Seus trabalhos e palestras são citados em milhares de sítios da Internet e periódicos científicos. Zanotto foi responsável pela implantação de um dos primeiros núcleos de pesquisa brasileiros sobre materiais vítreos (LaMaV), em 1977 na UFSCar. Tal núcleo alcançou um nível de excelência e reputação internacional e foi reconhecido pelo PRONEX/FINEP, Fapesp (projetos temáticos), PADCT, CNPq, Cyted, Alpha EU, NSF e outros órgãos de fomento. Em junho de 2013 foi contemplado com um CEPID da Fapesp tornando-se o CeRTEV (Center for Research, Technology and Education in Vitreous Materials – www.certev.ufscar.br com financiamento por 11 anos. Inúmeros doutorandos, pós-doutorandos e professores visitantes estrangeiros têm se candidatado a estagiar no LaMaV e vários já o fizeram. O professor Zanotto organizou aproximadamente 30 congressos nacionais e internacionais e orientou aproximadamente 100 alunos de IC, 30 de mestrado, 30 de doutorado e 30 de pós-doutorado. Ele foi agraciado com cerca de 50 prêmios nacionais e sete prêmios internacionais, que incluem três dos sete prêmios mais importantes na área de vidros (Zachariasen Award 1991, Vittorio Gottardi Prize 1993 e G.W. Morey Award 2012). Ele também foi contemplado com o TWAS Engineering Prize 2010, com a Comenda da Ordem Nacional do Mérito Científico 2010, e com Prêmio Almirante Álvaro Alberto em 2012 e Grã Cruz em 2019. Zanotto apresentou cerca de três centenas de conferências em congressos internacionais e nacionais, sendo mais de uma centena à convite, e mais de cinqüenta seminários e mesas redondas em universidades do país e do exterior. As atividades de pesquisa tecnológica de Zanotto e colaboradores incluem mais de 20 projetos em parceria com empresas e consultoria a aproximadamente 40. Ele tem trinta patentes depositadas, duas delas premiadas pela IBM-MEC em 1994, e pelo SEDAI, no Concurso Nacional “Prêmio Governador do Estado”- Invento Brasileiro 1996. Alem disso, recebeu menções honrosas pela Associação Brasileira das Indústrias Automáticas de Vidros (ABIVIDRO) e pela Fundação Parque de Alta Tecnologia de São Carlos (ParqTec) pelas contribuições à indústria nacional de vidro e cerâmica. Zanotto é membro da International Academy of Ceramics, Fellow of the Society of Glass Technology (UK), Fellow da TWAS, Academia Brasileira de Ciências, e da Academia de Ciências do Estado de São Paulo e Academia Nacional de Engenharia. Foi coordenador do Comitê Técnico de cristalização de vidros da International Commission on Glass e é Pesquisador 1A do CNPq. Ele foi coordenador adjunto de Ciências Exatas e Engenharias da FAPESP; Coordenador do Núcleo de patentes da Fapesp, co-fundador da SBPMat e do periódico Materials Research. Atualmente, Zanotto acumula as seguintes funções administrativas e consultivas: Presidente do Conselho Curador do ParqTec São Carlos; Diretor, Conselheiro emérito da Associação Brasileira de Cerâmica, Conselheiro do IMPA, Instituto Serrapilheira e FunGlass Institute Europe. É membro do advisory board dos seguintes periódicos: Journal of Non-Crystalline Solids (Editor), Materials Research (ex-Editor), International Materials Reviewes, S-Nature Apllied Sciences, Papers in Physics, Materials, International Journal of Applied Glass Science, Bul. Soc. Espanhola de Cerâmica y Vidrio e Cerâmica (Brasil).
Eduardo Moacyr Krieger
“O cientista tem obrigação social de trabalhar para fazer com que a ciência se reverta em benefício para a sociedade”, acredita Eduardo Moacyr Krieger, que se graduou em medicina (1953) na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e possui doutorado em fisiologia cardiovascular (1959) pela Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto. Em 1962, obteve a Livre-docência também pela USP. Foi pioneiro no uso do rato como modelo para estudos de regulação da pressão arterial no sono e no exercício e também no registro da atividade simpática em condições fisiológicas. Além disso, também descreveu, no rato, um método de desnervação sinoaórtica que é empregado universalmente. É amplamente conhecido no meio acadêmico por seus estudos sobre adaptação dos pressorreceptores na hipertensão e na hipotensão. Dentre os reconhecimentos de sua importância acadêmica, destacam-se: Ordem Nacional do Mérito Científico (1994), concedido pela Presidência da República; Prêmio de Life Achievement (1997), concedido pela Sociedade Interamericana de Hipertensão (IASH, na sigla em inglês); Professor Emérito da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP (1998); Homenageado com o Prêmio BIOLAB pela vida dedicada à pesquisa (2004); Homenagem pelos 20 anos criação da FESBE, Federação de Sociedades de Biologia Experimental (2005); e Troféu Jorge Pinto Ribeiro (2017), concedido pelo Hospital das Clínicas de Porto Alegre. Eduardo Moacyr ocupou o cargo de Vice-Presidente da ABC entre 1991 e 1993 e de Presidente entre 1993 e 2004. Além de sua participação na Academia, ele também possui associações com a Academia de Ciências do Estado de São Paulo (Aciesp), a Sociedade Brasileira de Fisiologia (SBFis), a Associação Brasileira de Divulgação Científica (ABRADIC), a Federação de Sociedades de Biologia Experimental (FESBE), a Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH), a Academia Mundial de Ciências (TWAS, na sigla em inglês) e com a Academia Nacional de Medicina (ANM). Sobre seu trabalho, o Acadêmico afirma: “O esforço que tenho feito hoje é o de entender a medicina com foco na prevenção. E a prevenção é educação. ”
Elias Ayres Guidetti Zagatto
Elias Ayres Guidetti Zagatto nasceu em 25/09/1948, sendo o segundo dos dez filhos de Alcides G. Zagatto e de Maria Cecília A. G. Zagatto. Estudou em excelentes escolas da rede pública, tendo ainda aprendido violoncelo com Calixto Corazza. É Engenheiro Agrônomo e Mestre em Agronomia pela ESALQ/CENA/USP e Doutor em Ciências pelo IQ/UNICAMP, tendo sido aprovado em concursos públicos para Professor Livre-Docente, Adjunto e Titular. Realizou estágios de especialização na Dinamarca (1975/1976) e na Alemanha (1981). Casou-se com Cecília Teresinha Piacentini Zagatto em 1974, sendo pai de três filhos.
Em 1975, iniciou seus trabalhos no Centro de Energia Nuclear na Agricultura da Universidade de São Paulo em Piracicaba, participando do grupo de pesquisas liderado pelo Professor Henrique Bergamin Filho. Viveu um momento muito importante no contexto da Química Analítica, ao participar do desenvolvimento do conceito de análises químicas por injeção em fluxo e implantação pioneira dos sistemas analíticos explorando este conceito. Sua linha de pesquisa sempre foi centrada no desenvolvimento de novos procedimentos para análises de amostras de relevância agronômica, industrial e ambiental, com ênfase às análises em fluxo explorando de aspectos cinéticos.
É autor ou co-autor de 126 trabalhos científicos publicados em revistas de alto índice de impacto, tendo ainda publicado livro, capítulos de livro, boletins científicos e apostilas didáticas. É detentor de uma patente.
Participou de simpósios, congressos e reuniões científicas como apresentador de trabalhos, co-autor de trabalhos apresentados, conferencista e “chairman”. Publicou 102 resumos em anais, participou da organização de 5 eventos científicos, tendo integrado o Praesidium do “VIII International Conference on Flow Analysis” realizado em Varsóvia em junho de 2000.
Ministrou 9 seminários referentes a cursos de pós-graduação, 18 palestras em eventos científicos no Brasil e no exterior e 16 conferências independentes.
Foi Professor secundarista e, em nível de graduação, ministrou 13 disciplinas em quatro cursos, bem como sete cursos extracurriculares. Orientou 5 programas de iniciação científica.
Em nível de pós-graduação, tem ministrado sistematicamente 3 disciplinas. Foi orientador de 11 programas de mestrado e 10 de doutorado, tendo ainda supervisionado 3 programas de pós-doutorado e 6 estágios de estrangeiros.
Participou de 20 Bancas de Exame de Qualificação, 48 Bancas Examinadoras de Dissertações de Mestrado e 39 Bancas Examinadoras de Teses de Doutorado, sendo 2 no exterior. Foi membro de comissões designadas para Concursos de Livre-Docência (12) e de ingresso/progressão na carreira universitária (17). Em 5 oportunidades, foi assessor “ad hoc” de agências financiadoras no tocante à organização ou reestruturação de cursos.
Em 1996/1998, foi Membro do Comitê Assessor de Química & Engenharia Química do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Tem participado intensivamente de projetos integrados de pesquisa; foi coordenador de 3 projetos binacionais. Atualmente, coordena projeto referente ao Programa de Núcleos de Excelência (PRONEX). Em 97 oportunidades foi assessor “ad hoc” de agências financiadoras de pesquisa.
É membro de Conselhos Editoriais de 3 periódicos, participando intensivamente de assessoria “ad hoc” para avaliação de artigos submetidos para publicação em diversos periódicos.
Foi Vice-Presidente e Presidente da Comissão de Pós-Graduação do CENA em 1991/1999, membro do Conselho Deliberativo do CENA e representante do CENA junto ao Conselho de Pós-Graduação da Universidade de São Paulo.
Atualmente, é observador junto à Federation of the European Chemical Societies, FECS; participa como Membro titular da Comissão V.1. General Aspects of Analytical Chemistry, da International Union of Pure and Applied Chemistry, IUPAC.
Foi diretor da Divisão de Química Analítica da Sociedade Brasileira de Química, de 5/1998 a 5/2000.
Em 12/1995, tornou-se Membro associado e, em 12/2000, foi indicado como Membro titular da Academia Brasileira de Ciências.
Ao longo de sua carreira, o Dr. Zagatto recebeu diversas honrarias e distinções, destacando-se o “Award” da Universidade de Varsóvia (6/2000) e o Prêmio Rheinboldt-Hauptmann (11/2000).
O Dr. Zagatto tem procurado valorizar os aspectos éticos, morais e espirituais, e desenvolver junto aos seus estudantes e colaboradores os sentimentos de espírito de equipe, liberdade intelectual, criatividade e, sobretudo, amizade.
Héctor Francisco Terenzi
Héctor Francisco Terenzi nasceu na Argentina e reside com sua família no Brasil desde 1976. Cursou estudos superiores na Universidade Nacional de Buenos Aires (UNBA), onde formou-se em 1961 como Licenciado em Ciências Biológicas. Nesse ano foi contratado como Professor Assistente no Departamento de Biologia da Faculdade de Ciências Exatas e Naturais da UNBA. Em 1965 viajou aos Estados Unidos onde permaneceu até 1968, obtendo o Título de Doctor of Philosophy na Rice University (Houston, Texas) sob a orientação do Prof. Roger L. Stork. De volta à Argentina, desempenhou-se como Pesquisador do Conselho Nacional de Pesquisas (CONICET), inicialmente no “Instituto de Investigaciones Bioquímicas – Fundación Campomar”, a convite do Prof. Luis F. Leloir (Premio Nobel de Química 1971) e mais tarde como Professor Associado na Faculdade de Farmácia e Bioquímica da Universidade Nacional de Buenos Aires. A degradação política na Argentina, sob um violento e arbitrário regime militar, motivou sua saída da UNBA e do país, em abril de 1976. Convidado pelo Prof. Renato H. Migliorini trabalhou como Professor Visitante e Professor Colaborador no Departamento de Fisiologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP) até 1986. Nesse ano prestou concurso como Professor Titular no Departamento de Biologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da USP. Suas atividade em pesquisa estiveram sempre dedicadas ao estudo dos processos bioquímicos e genéticos que controlam o desenvolvimento e as respostas de adaptação às mudanças do meio ambiente em células de eucariotos primitivos, usando como modelos fungos filamentosos como Neurospora crassa, Mucor rouxii e outros. Entre suas contribuições mais significativas estão a demonstração do papel dos açúcares fermentáveis no dimorfismo de M. rouxii, tema de sua Tese de Doutorado; a demonstração da interconversão por fosforilação/desfosforilação das enzimas do metabolismo de glicogênio em N. crassa e a descoberta do primeiro mutante deficiente na formação de AMP cíclico em fungos – o mutante cr-1 (crisp) de N. crassa, em colaboração com os Professores Héctor N. Torres e Mirtha M. Flawia da “Fundación Campomar” na Argentina. No Brasil seus trabalhos mais relevantes tratam da regulação do metabolismo da parede celular e dos carboidratos de reserva (trealose e glicogênio) em fungos filamentosos, a secreção de enzimas hidrolíticas e o estudo dos processos mediados por vias de transdução de sinais. Entre os achados de interesse dentro dessas linhas de pesquisa se encontram a identificação de um inibidor protéico endógeno da proteína fosfatase de tipo 1 de N. crassa e a clonagem molecular da trealase neutra de N. crassa, realizados em colaboração com a Profa. Aline. M. da Silva (IQ-USP, São Paulo) e o Prof. Cristophe d’Enfert (Institut Pasteur, Paris). Também merece menção o reconhecimento da existência de trealases ácidas calcio-dependentes, em fungos termófilos, realizado em colaboração com o Prof. Jõao A Jorge. Héctor F. Terenzi é Pesquisador 1 A do CNPq, Presidente da Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular (SBBq 1998-2000), Membro Titular da Academia de Ciências do Estado de São Paulo (1994) e Pró-reitor de Pós-Graduação da USP (1998-2001). Foi Coordenador da área de Bioquímica da FAPESP e Membro do CA (Genética) do CNPq. Publicou setenta e três trabalhos em revistas indexadas e orientou onze Dissertações de Mestrado e dezesseis Teses de Doutorado.
Helena Bonciani Nader
Graduou-se em ciências biomédicas (1970) pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em biologia (1971) pela Universidade de São Paulo (USP) e fez doutorado em ciências biológicas pela Unifesp (1974). Fez o estágio de pós-doutoramento na mesma área pela Universidade do Sul da Califórnia, Estados Unidos (1977). Suas pesquisas abrangem glicoquímica e glicobiologia, com ênfase na estrutura e função biológica dos proteoglicanos heparina e heparam sulfato. É professora titular da Unifesp.
Exerceu várias funções administrativas entre elas a Pró-reitoria de Graduação (1999-2003) e de Pós-graduação e Pesquisa da Unifesp (2007-2008); foi membro da Coordenação de Biologia da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – Fapesp (2006-2018); foi presidente da Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular – SBBq (2009-2010); foi vice-presidente (2007-2011), presidente (2011-2017) e presidente de honra (desde 2017) da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Foi vice-presidente da ABC entre 2020 e 2022, e a partir de maio de 2022 assumiu o cargo de Presidente da Academia Brasileira de Ciências.
Recebeu diversas honrarias como o título de Professor Honoris Causa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN (2005); Prêmio Scopus – Elsevier/Capes (2007); o grau de Comendador e a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico (2008), do governo brasileiro; Medalha de Ouro Moacyr Alvaro (2012); Medalha Mérito Tamandaré – Marinha do Brasil (2013); Ordem do Mérito Naval, classe Grã-Mestra, Marinha do Brasil (2015); Ordem do Mérito da Defesa, grau Oficial, Presidência da República (2016); Medalha Carneiro Felippe, Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN (2016); Classics in Cell Biology, Sociedade Brasileira de Biologia Celular – SBBC (2018); Science Service Award, Federação de Sociedades de Biologia Experimental, FESBE (2018); a Ordem do Mérito Naval, grau Comendador do quadro Suplementar, Marinha do Brasil, (2018); e o Prêmio Almirante Álvaro Alberto de Ciência e Tecnologia 2020, oferecido pelo MCTI, Fundação Conrado Wessel (FCW) e CNPq.
Além de ser membro titular da ABC, também é membro da Academia de Ciências do Estado de São Paulo (Aciesp), e da Academia Mundial de Ciências (TWAS, na sigla em inglês).
Twitter: https://twitter.com/helenabnader
Elisaldo Luiz de Araújo Carlini
Filho de Francisco Araújo Carlini e Ana Ferreira Goyos Carlini, nasceu em 9 de junho de 1930. Aos 7 anos mudou-se para o extremo norte do estado de São Paulo num lugarejo chamado Pirajá, um lugar absolutamente sem recursos. Faz o primário na escola rural próximo àquele local e aos 11 anos muda-se para São José do Rio Preto onde termina o curso ginasial. Aos 15 anos muda-se para São Paulo, consegue emprego de office boy na empresa White Martins e faz o curso científico noturno no Colégio Estadual Caetano de Campos. Em 1952, entra na Escola Paulista de Medicina, graduando-se em 1957. Desde o 2º ano do Curso Médico faz estágio no Departamento de Bioquímica e Farmacologia, sendo orientado pelos professores José Ribeiro do Valle e José Leal Prado. A partir de 1958, fica trabalhando na disciplina de Farmacologia e, em 1960, ganha bolsa da Fundação Rockefeller no Departamento de Bioquímica da Tulane University, EUA (1960) e no Departamento de Farmacologia da Yale University, EUA (1961-1964). Retorna ao Brasil em 1964, assume a chefia da Seção de Fisiologia Animal do Instituto Biológico de São Paulo (por 6 meses). No início de 1965, passa a chefiar a disciplina de Farmacologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Em 1970, retorna à Escola Paulista de Medicina com o título de Professor Adjunto, onde fundou o Departamento de Psicobiologia e chefiou a disciplina de Psicofarmacologia. Em 1978, é aprovado no concurso para professor titular. Continua exercendo as atividades em regime de dedicação exclusiva como chefe da disciplina de Psicofarmacologia e Chefe do Departamento de Psicobiologia até 1995, quando assume o cargo de Secretário Nacional de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde, onde permanece até março de 1997. Retorna à Universidade Federal de São Paulo (antiga Escola Paulista de Medicina) onde, como professor aposentado, exerce atividades de pesquisa e ensino para a pós-graduação em tempo integral e dedicação exclusiva até o presente. Tem próximo de 3 centenas de trabalhos científicos publicados, cerca de 50% em revistas internacionais. Orientou cerca de 17 teses de mestrado e 24 teses de doutorado, até o presente. Participando de dezenas de bancas em concurso público para docentes universitários e dezenas de bancas para defesa de teses de mestrado e doutorado. Vem orientando teses de mestrado e doutorado, pesquisas no campo de plantas brasileiras com ação no sistema nervoso central e também desenvolvendo pesquisas sobre substâncias psicoativas e principalmente exercendo trabalhos de levantamentos a nível nacional sobre o consumo ilícito destas drogas.