Você está preparado(a) para a sociedade do futuro? A partir dessa pergunta instigante, a Reunião Magna 2023 da Academia Brasileira de Ciências vai debater a Ciência Básica para o Desenvolvimento Sustentável. Com a presença de palestrantes nacionais e internacionais, os membros da Academia vão se debruçar sobre assuntos como prevenção a pandemias, transição energética, insegurança alimentar, o impacto da inteligência artificial na produção e educação científica e políticas públicas para a saúde de povos originários, entre outros. O encontro acontece de 9 a 11 de maio no Museu do Amanhã, no Centro do Rio de Janeiro. As inscrições são gratuitas e já estão abertas neste link.
“Em julho de 2023, completa-se o Ano Internacional das Ciências Básicas para o Desenvolvimento Sustentável. Dentro desse contexto, vamos discutir ao longo de três dias a contribuição da ciência básica para o bem-estar do indivíduo e da sociedade, do ponto de vista da sustentabilidade – entendida em sua dimensão não apenas ambiental, como também social em todas as suas dimensões, tais como cultural, educacional, saúde, segurança alimentar e econômica, entre outras. Estamos convocando a academia e toda a sociedade civil para a nossa Reunião Magna”, explica Helena Nader, presidente da ABC.
Cinco cientistas e pensadores de renome internacional terão destaque na Reunião Magna, trazendo temas tão diversos quanto a aplicação de biomateriais para a saúde humana, a definição de uma nova era geológica e o papel da ciência na definição de políticas públicas.
Um dos principais conferencistas é o geólogo Colin Waters, da Universidade de Leicester, na Inglaterra. O pesquisador coordena um grupo de trabalho internacional que propõe a definição de uma nova era geológica, iniciada nos anos 1950: o Antropoceno, a era dos humanos, que viria a suceder o Holocentro, iniciado há quase 12 mil anos. A engenheira química e biológica Kristi Anseth, da Universidade do Colorado, faz pesquisa de ponta com biomateriais. Na Reunião Magna, explicará de que maneira esses materiais podem barrar os efeitos debilitantes do envelhecimento e promover a regeneração de tecidos do nosso corpo.
No campo da filosofia da ciência, Michela Massimi, da Universidade de Edimburgo, tratará do Direito à Ciência. A filósofa defende uma abordagem do conhecimento científico que seja verdadeiramente multicultural. Ernesto Fernandez Polcuch, diretor de Ciência da Unesco para América Latina e Caribe, falará sobre como a ciência deve ser usada para alcançar os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU. E Jorge Larrosa, filósofo da Universidade de Barcelona, trará o tema da educação científica e da iniciação à pesquisa, analisando essas atividades a partir das condições antropológicas, éticas, políticas e existenciais plurais ao redor do mundo.
Combate à fome e qualidade de vida de povos indígenas
Atenta às questões mais urgentes da realidade sociopolítica brasileira, notadamente à crise humanitária que atinge os povos Yanomami, a ABC organizou uma sessão plenária sobre qualidade ambiental, políticas públicas e saúde de povos originários. Adalberto Val, vice-presidente da ABC para a Região Norte, Ricardo Ventura Santos, membro titular da ABC e pesquisador da Fiocruz, e Samara Pataxó, assessora da presidência do Tribunal Superior Eleitoral, abordarão as diversas facetas dessa temática: contaminação por mercúrio, a luta do movimento indígena pelo direito à vida e os rumos da Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas.
Diretamente relacionado à questão indígena, o papel da ciência no combate à fome também será tema de uma sessão plenária. José Oswaldo Siqueira (UFLA) e Mariangela Hungria (Embrapa) detalharão a contribuição das ciências agrárias para contornar a insegurança alimentar. Esta sessão abordará ainda, com outros quatro especialistas, assuntos como a relação do agronegócio e do PIB nacional com a fome; a importância da educação para a promoção da segurança alimentar; a geografia da fome no Brasil e os indicadores de subalimentação no país e no mundo.
Na sessão sobre o papel da ciência básica na promoção da qualidade de vida e da saúde, pesquisadores da UFRJ e da UFMG trarão seus últimos achados na área de vacinas e da prevenção a futuras pandemias. E o impacto de ferramentas de Inteligência Artificial, como o ChatGPT, na produção científica também estará em pauta. Glauco Arbix, sociólogo da USP, destrinchará o debate ético sobre o uso desses programas na pesquisa e no ensino: as novas tecnologias vieram para ajudar ou vão amortecer a capacidade humana de aprender, investigar e pensar?