O primeiro doador de plasma do Estado do Rio Grande do Sul, o cientista e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Fábio Klamt, que foi membro afiliado da Academia Brasileira de Ciências (ABC) de 2009 a 2014, está com um novo projeto para auxiliar no combate à COVID-19.

A seu ver, as políticas públicas de enfrentamento da pandemia devem focar não só no aumento da capacidade de absorção do Sistema Único de Saúde (SUS), mas principalmente em ações que busquem diminuir a livre circulação do vírus e sua infectividade, além do agravamento de casos confirmados. Isso porque a segunda onda da pandemia da COVID-19 e suas variantes levou a milhares de novos casos diários no Brasil, gerando uma pressão sem precedentes nos sistemas de saúde. 

Foco na redução de casos graves e alívio para o SUS

No sentido de impedir o agravamento dos casos de COVID-19, alguns estudos têm se destacado. A terapia de plasma convalescente, por exemplo, demonstrou um benefício limitado para o tratamento de pacientes com a forma grave da doença. Porém, dados recentes confirmam o seu benefício para impedir a evolução da gravidade, quando administrado precocemente e com bolsas de plasma com altos títulos de anticorpos neutralizantes.

“Eu e meus parceiros de pesquisa observamos que o plasma das pessoas imunizadas possui uma maior intensidade protetiva e pensamos que sua utilização pode auxiliar a reduzir a maior parte das internações em UTI, proporcionando um alívio aos hospitais, às equipes médicas e ao SUS como um todo”, explicou Klamt.

O consórcio de pesquisadores envolve os professores Marcus Herbert Jones (PUCRS), Fernando Spilki (Feevale), Gabriel Amorim (UCS), a Dra. Andrea Dal Bó, do Hospital Virvi Ramos, em Caxias do Sul e o Dr. Luiz Amorim Filho do HemoRio.

O funcionamento do estudo

O estudo, que foi “batizado” de IMMUNESHARE (imunidade compartilhada, em tradução livre), é um ensaio clínico aberto, paralelo e randomizado que envolverá 248 voluntários com diagnóstico confirmado de COVID-19 que buscarem atendimento nas UPAs/UBS do município de Caxias do Sul.

“O HemoRio, que é referência internacional e com o qual firmamos uma parceria, ficará responsável pelo recrutamento dos doadores de plasma de vacinados, fará a coleta, os testes de segurança, quantificará os níveis de anticorpos neutralizantes e enviará as bolsas para serem transfundidas”, explicou Klamt.

Já nas UPAs de Caxias do Sul serão selecionados os pacientes, feita a transfusão do plasma e o acompanhamento. Klamt apontou que assim os pesquisadores poderão comparar o número de pacientes com a forma leve da COVID-19 que receberam o plasma e evoluíram para uma doença mais severa com os que receberam tratamento de suporte.

O projeto já possui autorização da Secretaria Municipal de Saúde de Caxias do Sul, onde fica a instituição proponente do estudo, o Hospital Virvi Ramos. Também já está cadastrado na Plataforma Brasil e no momento aguarda a autorização do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) para iniciar o recrutamento dos voluntários.

O financiamento

Klamt destacou que esta intervenção simples e de baixo custo pode reduzir as demandas do SUS e salvar vidas. “A transfusão precoce de plasma hiperimune em pacientes que apresentam sintomas leves de COVID-19 pode representar uma possibilidade segura, com eficácia sugerida em estudos prévios, para a recuperação de pacientes em risco de evolução para síndrome respiratória aguda grave. Não podemos esperar”, argumentou o cientista.

Porém, não há atualmente Editais ou Chamadas de Agências de Fomento Público de Pesquisa abertos, nem no Conselho de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), agência de fomento do governo federal, nem na Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs), agência estadual.

O consórcio de pesquisadores, então, iniciou arrecadação de doações individuais e de instituições privadas em uma plataforma de financiamento coletivo para conseguir R$ 259.505,34, valor em que está orçado o projeto.

As doações podem ser feitas no link https://www.vakinha.com.br/vaquinha/immuneshare-trial-plasma-de-vacinados-no-tratamento-da-covid-19 – o ID da vaquinha é 1971294.

Mais informações pelo e-mail plasmadevacinados@gmail.com


Veja a repercussão na mídia:

G1 / O GLOBO | 11/4/2021
Pesquisadores do RS planejam estudo sobre o uso de plasma de vacinados contra a COVID-19

RADIO GARIBALDI | 11/4/2021
Professor da UFRGS lança estudo com doação de plasma de pessoas vacinadas