O presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Luiz Davidovich, participou hoje (19) do lançamento do documento “Poluição do Ar e Saúde” na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, Estados Unidos. A ABC, em parceria com outras quatro academias nacionais de ciência, elaboraram a declaração para tratar do controle e a redução da poluição do ar, que devem ser uma prioridade para todos, incluindo governos, empresas e a sociedade civil.

Foto | Thomas Kletecka

Participaram da redação do documento os Acadêmicos Paulo Saldiva (diretor do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo) e Paulo Artaxo (Instituto de Física, USP), além dos pesquisadores Maria de Fatima Andrade (Departamento de Ciências Atmosféricas, USP), Simone Georges El Khouri Miraglia (Instituto de Ciências Ambientais, Químicas e Farmacêuticas, UNIFESP) e Nelson Gouveia (Faculdade de Medicina, USP).

Antes da cerimônia de lançamento, o presidente da ABC participou de uma reunião para discutir sobre a declaração no escritório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), também em Nova York. Davidovich afirmou que o encontro foi uma ocasião extremamente importante para estabelecer um elo mais estreito entre as academias de ciência e a ONU. Ele destacou a relevância do tema para o Brasil e demais países em desenvolvimento, “onde a poluição do ar é ainda mais importante devido a falta de tecnologia adequada para reduzir emissões”.

Durante a reunião, o presidente da ABC chamou atenção para o aumento do desmatamento no Brasil e nos países em desenvolvimento, e a necessidade de modelos de desenvolvimento que valorizem as florestas em pé.

O Acadêmico Paulo Saldiva também esteve presente na reunião e alertou para o conflito entre a redução das fontes de poluição do ar e os interesses econômicos da indústria de produção de energia. Ele indicou que optar por um determinado tipo de combustível implica em diferentes lucros e diferentes grupos sendo beneficiados. “Não existe um consenso para a redução da poluição, ainda mais num cenário onde não faz parte do elenco das empresas sair do negócio, mesmo que isso promova mal a saúde”, ele explicou.

O Acadêmico afirmou que a questão é transdisciplinar e engloba conhecimentos moleculares, alternativas de planejamento urbano e energético, valores culturais e até o comportamento populacional. Ele ressaltou ainda a importância de se ampliar a coleta de dados sobre a poluição do ar, que geralmente é feita em países desenvolvidos e com menos poluição. Após o encontro, Saldiva declarou que é necessário dar continuidade ao debate, apresentar soluções com base científica e estimular o diálogo entre cientistas e órgãos tomadores de decisão.

 

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