No dia 30 de agosto, foi realizada em San José, Costa Rica, a reunião dos pontos focais do Programa de Educação Científica da Rede Interamericana de Academias de Ciências (IANAS, na sigla em inglês). A acadêmica Débora Foguel e o assessor técnico Marcos Cortesão representaram a ABC neste encontro, que foi precedido pela cerimônia de entrega do prêmio ”Pesquisadora Destacada 2018” à professora da Faculdade de Microbiologia da Universidade da Costa Rica, Maria Laura Arias Echandi.

Concedido pelo governo da Costa Rica, este prêmio bianual homenageia a excelência do trabalho científico da pesquisadora laureada, em uma cerimônia presidida por autoridades do país. A cerimônia deste ano ocorreu na sede do Ministério de Ciência, Tecnologia e Telecomunicações, sendo presidida pelo ministro Luis Adrián Salazar Solís e pelo presidente da Academia Nacional de Ciências da Costa Rica, Pedro León Azofeifa. O ministro, em sua fala, destacou a necessidade de “se fazer mais e de se abrir mais portas, para que meninas e mulheres, em números cada vez maiores, possam se incorporar às atividades de ciência e tecnologia”.

Terminada a cerimônia, os representantes das Academias de Ciências se dirigiram para a sede da Academia de Ciências da Costa Rica, onde teve início a reunião de trabalho de IANAS. Na primeira etapa da reunião, algumas das Academias, dentre estas a do Brasil, apresentaram relatos de ações desenvolvidas, visando contribuir para o aprimoramento do ensino de ciências em seus países.

Representantes das Academias, tendo a Acadêmica Débora Foguel na frente, à direita

Discorrendo sobre as iniciativas mais recentes da ABC, Débora Foguel destacou o simpósio “Desafios da Educação Técnico-Científica no Ensino Médio”, realizado em dezembro de 2015, que resultou no livro “Educação Técnico Científica no Brasil”, publicado em 2018. O trabalho do grupo de estudos da ABC que produziu o volume “Repensar a Educação Superior no Brasil: análise, subsídios e propostas”, lançado em 2018, também foi salientado.

Foguel ainda descreveu uma iniciativa com a qual a ABC está discutindo uma interação: a Rede Nacional de Ciência para Educação, iniciativa coordenada por ela e pelo acadêmico Roberto Lent, que agrega outros 11 membros da ABC. Esta rede tem por objetivo integrar os esforços de vários laboratórios e pesquisadores do Brasil, com atuação em especialidades diversas – como neurociências, educação, sociologia, linguística, economia, psicologia, computação, etc. – e cujo trabalho possa ser aplicado à Educação (Pesquisa Translacional em Educação).

Outro tema discutido na reunião foi a organização do Indaga-la, que se propõe a ser um portal interamericano de compartilhamento de informações e materiais didáticos voltados para professores de ciências no ensino fundamental. Basicamente, este portal reunirá materiais produzidos pelos programas desenvolvidos pelas Academias, disponibilizando-os para livre uso nas escolas. Este é um projeto antigo, que tem tido dificuldade de avançar, seja por conta da complexidade da estrutura, do número de atores envolvidos, das diferentes línguas (espanhol, português e inglês), de questões ligadas a direitos autorais e outros aspectos. Ao final da discussão, decidiu-se pelo estabelecimento de uma comissão, que terá por responsabilidade avaliar as dificuldades e propor encaminhamentos para a implementação do portal, caso se conclua que este é viável. Esta comissão será constituída pelos pontos focais das Academias do Brasil, Costa Rica, Guatemala e México.

Na reunião foram ainda discutidas questões como a falta de articulação entre o programa de educação científica de IANAS e o programa similar da Rede Global de Academias de Ciências (IAP), a necessidade de se revisitar o planejamento estratégico feito em 2017, coordenar as reuniões anuais do programa com simpósios nacionais dedicados ao ensino de ciências (a ser realizado em coordenação com a reunião do programa) e a relação com os outros programas de IANAS. Ao final da reunião, quando do momento da escolha da liderança do programa, foi proposto que a ABC assumisse a co-presidência, compartilhando a responsabilidade com a Academia Mexicana de Ciências. Por entender que a ABC está, neste momento, reformulando a sua atuação na área, Débora Foguel declinou o convite e a Academia de Ciências da Costa Rica assumiu a co-presidência.