A Academia Brasileira de Ciências (ABC), em parceria com a Rede InterAmericana de Academias de Ciências (Ianas, na sigla em inglês) e o Escritório Regional para a América Latina e Caribe da Academia Mundial de Ciências (Twas-Lacrep, na sigla em inglês), promoveu a 21ª Conferência Twas-Lacrep de Jovens Cientistas, em sua sede, no dia 20 de agosto. O encontro fez parte da programação do evento “Promoting Gender Equity in Science”, que realizou uma série de atividades relacionadas à presença da mulher na ciência, entre os dias 20 e 22 de agosto, no Rio de Janeiro.

Indicadas pela Reunião de Focal Points do Programa Mulheres para a Ciência da Ianas, as jovens cientistas latino-americanas tiveram a oportunidade de acompanhar um ciclo de palestras realizadas por quatro Acadêmicos brasileiros: Eliete Bouskela, diretora científica da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), Roberto Lent, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Edson Watanabe, do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia (Coppe/UFRJ) e Carlos Aragão, físico da UFRJ atuando na Agência Naval de Segurança Nuclear e Qualidade).

A cientista Eliete Bouskela tratou em sua fala da situação da mulher na ciência em nível global. Ela afirmou que, nas últimas décadas, as mulheres se tornaram mais presentes no campo da pesquisa científica e têm alcançado novos patamares ao longo da carreira, mas a desigualdade de gênero ainda é alarmante na área. Integrante tanto da ABC quanto da Academia Nacional de Medicina (ANM), Bouskela informou que as mulheres representam, respectivamente, apenas 14% e 5% dos membros destas Academias. Ela explicou que além de desafios como a desigualdade salarial e a conciliação entre carreira e maternidade, já durante a infância as meninas não são encorajadas a se interessar por ciência, e para que o cenário geral mude, é preciso que a educação se transforme também.

Em seguida, o Acadêmico Edson Watanabe realizou uma apresentação sobre conceitos básicos em criatividade e inovação. Watanabe tratou dos conjuntos de conhecimento, da interação entre eles e de como se transformam ao longo da vida acadêmica. O professor incentivou as pesquisadoras presentes para buscar sempre os problemas e as soluções, e publicar o que descobriram. “Descubram o que pode ser publicado para aprimorarem o currículo”, alertou. Sobre o tema da inovação, Watanabe destacou que a inovação pode ser uma boa ideia, um conceito, uma tese ou uma patente, desde que seja aprovada pelo mercado. O slideshow (em inglês) da apresentação pode ser conferido aqui.

A engenheira química Susana Arrechea, da Universidad de San Carlos de Guatemala, expressou seu interesse no tema da inovação e afirmou: “A segunda [palestra], sobre inovação, foi muito boa, porque esta é uma grande barreira que eu tenho cientificamente. Eu não sei pular da pesquisa para os produtos inovadores, e é um grande desafio com que temos de lidar”.

O físico Carlos Aragão de Carvalho Filho apresentou para as pesquisadoras latino-americanas a Agência Naval de Segurança Nuclear e Qualidade e o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). O Acadêmico falou sobre bioeconomia na nova abordagem da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD), além de tratar da bioeconomia no cenário mundial e pontuar alguns números da área no caso brasileiro. Para visualizar o slideshow (em inglês) desta palestra, clique aqui.

Fechando o ciclo de palestras, o neurocientista Roberto Lent apresentou a Rede Nacional de Ciência para Educação (Rede CpE), organização que busca identificar e conectar indivíduos e grupos de diversas áreas como pesquisa, educação e empreendedorismo para discutir os vários campos de ciência aplicáveis à educação. Lent apresentou dois dos principais projetos da Rede CpE: a Plataforma CpE, ferramenta digital de busca e visualização de dados sobre pesquisadores atuantes no Brasil, cujas linhas de pesquisa tenham aplicação na aprendizagem e no ensino, e a publicação de material sobre ciência para educação voltado para professores, pesquisadores e interessados em geral.

“Promoting Gender Equity in Science” é um tema atual e de grande relevância para as cientistas latino-americanas, que puderam ouvir e compartilhar experiências pessoais durante o evento, além de pensar estratégias para uma presença mais forte das mulheres na ciência. “Para mim, foi uma surpresa. Pensei: pelo menos alguém está falando sobre esse tema! Nós vemos barreiras muito altas para as mulheres, e nós precisamos compreender umas às outras e entender o que realmente é equidade de gênero” celebrou a engenheira civil Ingrid Alfaro, da Universidad de El Salvador.

Saiba mais sobre o evento “Promovendo Equidade de Gênero na Ciência”:

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Meninas e Mulheres presentes na Ciência

Confira os projetos apresentados na sessão “Promovendo a Equidade de Gênero na Ciência: Experiências Brasileiras”:

“Contando Nossa História”, “Engenheiras da Borborema” e “Tem Menina no Circuito”
“Meninas na Ciência”, “Energéticas” e “ProgrAmazonas”
“Meninas no Museu”, “Parent in Science”, “Ciências da Terra – ON” e “NINA”