Pílulas do Centenário Ed.01 • Fundação da Sociedade Brasileira de Ciências

A Sociedade Brasileira de Ciências (Sciencias, na grafia da época) foi fundada no dia 3 de maio de 1916, após uma série de reuniões na Escola Politécnica do Rio de Janeiro.

7671_01.jpg

O objetivo era criar uma instituição para debates científicos e estímulo ao desenvolvimento da ciência básica no Brasil.

Em 16 de agosto foram escolhidos os 50 primeiros membros e eleita a primeira Diretoria, que teve como presidente Henrique Morize; como vice-presidentes Oswaldo Cruz e Joaquim da Costa Senna; como secretário-geral, Alberto Loefgren; primeiro-secretário, Everardo Backheuser; segundo secretário, Edgard Roquette-Pinto e tesoureiro, Betim Paes Leme.

7671_02.jpg

Confira neste link a versão para impressão.

Pílulas do Centenário Ed.02 • Henrique Morize, o primeiro presidente da ABC

“A ciência pura, desinteressada, da qual nasceram as aplicações práticas, tal como da semente resultam a planta e os frutos, é a base da riqueza nacional. “

Nascido na França, Henri Charles Morize chegou ao Brasil em 1875, com 14 anos, órfão de pai e mãe. Veio acompanhado de uma tia, da avó materna e da irmã, fugindo da guerra contra a Prússia.

Viveu com a família em São Paulo até 1881, quando se mudou para o Rio de Janeiro, na época capital do Império, para estudar engenharia na Escola Politécnica, onde se tornaria catedrático anos depois.

7674_img.jpg

Em 1884, foi estudar astronomia no Imperial Observatório, entidade que dirigiria entre 1908 e 1925. Foi o responsável pela mudança da sede para São Cristóvão, onde permanece até hoje. No ano de 1893, foi a Sobral (CE), observar o eclipse parcial do sol. Um dos primeiros brasileiros a estudar a tecnologia dos raios-X, Morize ajudou a introduzir o ensino da física experimental na Escola Politécnica do Rio de Janeiro.

Defensor da pesquisa básica durante toda a sua vida, Morize foi um dos fundadores da Sociedade Brasileira de Ciências, renomeada Academia Brasileira de Ciências em 1921, durante sua gestão como presidente, que foi até 1926. Faleceu no Rio de Janeiro, em 1930, aos 69 anos.

7674_history.jpg

Confira neste link a versão para impressão.

Pílulas do Centenário Ed.03 • Expedição a Sobral em 1919

“O problema concebido pelo meu cérebro, incumbiu-se de resolvê-lo o luminoso céu do Brasil” – Albert Einstein

A Sociedade Brasileira de Ciências já existia há três anos quando, em 1919, Henrique Morize organizou uma comitiva com pesquisadores brasileiros e ingleses para a cidade de Sobral, no Ceará, de onde seria possível observar o eclipse total do sol no dia 29 de maio. Um dos principais objetivos desta expedição era a comprovação da Teoria da Relatividade Geral de Albert Einstein.

Entre os pesquisadores estrangeiros estavam Charles Davidson e Andrew Crommelin da Expedição Britânica do Eclipse Solar. Em 1912, esses pesquisadores estiveram no Brasil, junto com Arthur Stanley Eddington, também com o propósito de ver o eclipse solar, mas foram impedidos pela chuva.

7681_grupo_1.jpg

Nessa segunda visita, em 1919, foram feitas sete chapas fotográficas e, com elas, foi possível verificar que a trajetória da luz sofre a influência de campos gravitacionais, comprovando a teoria apresentada por Einstein quatro anos antes.

Um ano após a visita a Sobral, Morize relatou as experiências na “Revista de Sciencias”, periódico da Sociedade Brasileira de Ciências. No texto, além de falar sobre as evidências da teoria de Einstein, Morize também explicou a análise, feita pelos estudiosos brasileiros, sobre a coroa solar.

Esse evento ajudou a dar visibilidade e prestígio à comunidade científica brasileira da época.

Confira aqui a versão para impressão.

Pílulas do Centenário Ed.04 • Os periódicos da ABC

samil.jpg

O primeiro periódico da futura Academia Brasileira de Ciências (ABC) foi a Revista da Sociedade Brasileira de Sciencias, publicada anualmente entre 1917 e 1919, para difundir os resultados de pesquisas nacionais e internacionais e apresentar o potencial da ciência de trazer ganhos para o país.

dsc_3650_1.jpgEm 1920 e 1921, foi publicada com o nome de Revista de Sciencias. A partir de 1922, passou a se chamar Revista da Academia Brasileira de Ciências e teve edições irregulares em 1926 e 1928.

Em 1929, foi lançada a revista trimestral Anais da Academia Brasileira de Ciências (AABC), que seguiu ininterruptamente até hoje e é um dos mais antigos periódicos científicos de circulação contínua do Brasil.

Com 51 editores distribuídos atualmente pelas dez áreas científicas que a ABC abrange, a revista multidisciplinar tem quatro edições anuais. Desde 2000, o AABC possui uma edição online publicada no Scielo, e desde 2013 passou a ter uma newsletter, destacando os artigos publicados a cada edição. Confira!

Veja aqui a versão da Pílula para impressão.

Pílulas do Centenário Ed.05 • Sociedade vira Academia

samil-2.jpg

Em 1921, a Sociedade Brasileira de Ciências mudou sua designação para “Academia”, adotando o nome que mantém até os dias atuais.

Não se sabe ao certo a razão da mudança do nome, mas a justificativa mais aceita é que a entidade tenha se adequado ao padrão de instituições semelhantes de outros países, como por exemplo a Academia de Ciências da França, na qual a brasileira se inspirou em vários aspectos, desde a sua fundação.

No “Esboço Histórico da Academia Brasileira de Ciências”, Erno Paulinyi cita dois outros motivos que poderiam ter levado à mudança do nome. Um deles é a possibilidade de outros cientistas fundarem uma associação com a denominação de Academia “e que poderia vir a concorrer com a presente entidade”. Outra teoria é de que a aproximação das festividades do centenário da independência do Brasil, que aconteceriam no ano seguinte, “tenha influenciado os associados a se vestirem de um título mais prestigioso”. (PAULINYI, 1981).

corpo_do_texto.jpg doc-6805.jpg Edição de 12 de dezembro de 1921 do jornal “A Noite”
Clique na imagem para ampliá-la

Confira aqui a versão para impressão.

Pílulas do Centenário Ed.06 • Adolpho Lutz

samil-3.jpg

Seria pretensão nossa tentar apresentar aqui, nas Pílulas do Centenário, todas as figuras que construíram a história da Academia Brasileira de Ciências em seus 100 anos de existência. Traremos, então, um pouquinho da história de alguns personagens de destaque para a ciência brasileira.

br-rj-coc-02-10-20-10-077-008_1.jpgAdolpho Lutz nasceu no Rio de Janeiro, em 1855. Passou parte de sua vida na Suíça, para onde foi com a família aos dois anos de idade. Lá estudou medicina, graduando-se em 1879.

Em 1892 retornou ao Brasil para coordenar o Instituto de Bacteriologia do Estado de São Paulo, o qual hoje leva seu nome. À frente do instituto, Lutz se dedicou ao combateu da varíola, da peste bubônica e da malária.

Desde o fim do século XIX, o cientista já se dedicava a estudos sobre verminoses. Mas só em 1916, ano em que ajudou a fundar a Sociedade Brasileira de Ciências, foram publicadas suas pesquisas sobre a esquistossomose – trabalhos de grande importância para a saúde pública no Brasil. Para conseguir dados mais consistentes sobre a incidência da moléstia no país, Lutz permaneceu um tempo no Nordeste brasileiro, fazendo estudo de casos.

Dedicou-se, também, ao estudo de diversas doenças tropicais: lepra, cólera, febre tifoide, febre amarela e malária. Foi também um dos pioneiros no uso do método de Pasteur no Brasil. Em 1908 mudou-se para o Rio de Janeiro e começou a trabalhar no Instituto Oswaldo Cruz, onde atuou até 1940, ano de sua morte.

Confira aqui a versão para impressão.

Pílulas do Centenário Ed.07 • Johanna Döbereiner

samil-4.jpg

johanna_dobereiner_-_pilula.png Nascida em 1924 em Aussig, na antiga Tchecoslováquia (hoje República Checa), Johanna mudou-se para a Alemanha e formou-se engenheira agrônoma pela Escola Superior Técnica de Munique.

Veio para o Brasil em 1950, onde começou a trabalhar no Serviço Nacional de Pesquisas Agronômicas (SNPA), antecessor da Embrapa. Lá aprendeu tudo sobre a prática laboratorial.

Questionando-se sobre porque as plantações de cana-de-açúcar permaneciam verdes sem que precisassem ser adubadas, Johanna descobriu uma bactéria responsável pela fixação biológica de nitrogênio, suprindo a necessidade das plantas deste elemento.

Sua descoberta possibilitou a substituição dos adubos industrializados e permitiu uma produção mais barata e ecológica, gerando uma economia de cerca de R$ 1 bilhão por ano ao Brasil.

Viveu e trabalhou em Seropédica, na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) até sua morte, em 2000, aos 75 anos.

Confira aqui a versão para impressão.

Pílulas do Centenário Ed.08 • Exposição do Centenário da Independência do Brasil

samil-5.jpg

A comemoração do Centenário da Independência do Brasil foi o principal evento internacional realizado no país no início do século 20. No total, foram construídos 25 pavilhões, 14 por nações de todo o mundo e 11 pelo governo brasileiro, os quais receberam um público de aproximadamente 3 milhões de pessoas para assistirem às mais de 6 mil exposições, ocorridas entre 7 de setembro de 1922 e 23 de março de 1923.

1924a_-_foto_com_o_morro_do_castelo_atras.png
Pavilhão Tchecoslovaco, onde foi realizada a exposição da ABC e depois se tornou sede

Na abertura do evento, a empresa americana Westinghouse realizou a primeira transmissão de rádio em solo brasileiro, emitindo, de antenas colocadas no Pão de Açúcar e na Praia Vermelha, o discurso do presidente Epitácio Pessoa e a execução de “O Guaraní” de Carlos Gomes, que puderam ser ouvidos em Niterói e Petrópolis. Embora a qualidade sonora da transmissão não tenha sido muito boa, inspirou o antropólogo e Acadêmico Edgard Roquette-Pinto, que no ano seguinte fundaria a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro.

No Pavilhão da antiga Tchecoslováquia, atual República Tcheca, a Academia Brasileira de Ciências (ABC), expôs minerais catalogados por José Bonifácio de Andrada e Silva, em expedições pelo Brasil. Considerado um dos primeiros cientistas brasileiros, entre as contribuições de Bonifácio está a obtenção do óxido que continha o lítio, marcando um dos primeiros contatos com este elemento. Após a exposição, o Pavilhão Tchecoslovaco foi cedido à ABC, que passou a ter sua primeira sede própria.

Confira aqui a versão para impressão.

Pílulas do Centenário Ed.09 • Alberto Santos Dumont

samil-6.jpg

alberto_santos-dumont_portrait_1.jpg Filho de Henrique Dumont, engenheiro de descendência francesa, e de Francisca Santos Dumont, Alberto Santos Dumont nasceu em Palmira, município no interior de Minas Gerais e se tornou um dos cientistas brasileiros mais conhecidos e admirados em todo o mundo.

Foi incentivado pelos pais a estudar mecânica, por conta de seu interesse pelas máquinas de café da fazenda do pai em Ribeirão Preto (SP).

Em 1891 viajou para a França, onde conheceu os primeiros motores de combustão. Sete anos depois, realizou o primeiro voo em um balão com propulsão própria, conquistando reconhecimento dos governos da França e do Brasil.

Teve a ideia de criar balões alongados, com lemes, hélices e motores a gasolina que pudessem ser dirigidos. Levantou voo pela primeira vez com um desses em 1901. Era criado o primeiro “dirigível”.

i1571711291152382_2.jpg Na primeira década do século 20, Santos Dumont teve seu período mais profícuo criando máquinas cada vez melhores para se locomover por ar. Em 1906, realizou o primeiro voo com um aparelho mais pesado que o ar que voava por seus próprios meios, o 14-Bis, publicamente visto e comprovado. Suas façanhas, inéditas, tiveram grande repercussão no mundo todo.

Por conta de problemas de saúde, Santos Dumont interrompeu sua carreira em 1910, passando a viver retirado e até mesmo internado em algumas épocas. Essa situação só se agravou durante a Primeira Guerra Mundial, quando viu sua invenção sendo usada como instrumento bélico.

Em 1915, retornou ao Brasil e passou a viver em Petrópolis em um chalé batizado de “A Encantada”, onde hoje funciona um museu dedicado ao cientista. Viveu lá até 1922 e depois não se fixou mais em nenhum lugar. Viveu em São Paulo, Rio de Janeiro e França. Em 1924 foi eleito membro da Academia Brasileira de Ciências.

No dia 23 de julho de 1932, enquanto vivia no Guarujá, Santos Dumont foi encontrado morto em seu quarto. Durante muitos anos, aceitou-se o laudo que designava ataque cardíaco como causa da morte, mas hoje, novas investigações confirmam que Santos Dumont se suicidou por enforcamento. No dia 31 deste mesmo ano, a cidade de Palmira passaria a levar o nome de seu filho ilustre.

Pílulas do Centenário Ed.10 • Einstein na ABC

samil-7.jpg

Albert Einstein (1897-1955) já era mundialmente conhecido no início da década de 1920. Sua Teoria da Relatividade Geral havia sido amplamente aceita e a Lei do Efeito Fotoelétrico, que lhe rendeu o Prêmio Nobel em 1921, revolucionou o estudo desta área da física.

Essa popularidade levou Einstein a viajar pelo mundo proferindo palestras. Na apresentação do livro “Einstein e o Brasil”, os pesquisadores de história da ciência Antônio Augusto Passos Videira e Ildeu de Castro Moreira se referem a esse tema. “As viagens que realizou, na década de 20, estão ligadas a seu interesse em, além de conhecer outros povos e lugares, difundir as ideias da relatividade e exercer um papel político voltado para a paz mundial e de solidariedade à comunidade judaica.”

Entre março e maio de 1925, o destino de Einstein foi a América do Sul, onde passou por Argentina, Uruguai e Brasil. Na ocasião, realizou uma palestra na Academia Brasileira de Ciências, no Rio de Janeiro, em 7 de maio. Seu discurso, manuscrito na ocasião, foi republicado em 1996 na revista Ciência Hoje. Confira aqui o texto com introdução dos pesquisadores Ildeu de Castro Moreira e Alfredo Tiomno Tolmasquim.

hm_f_0013_foto01.jpg

Em sua passagem pelo Rio, Einstein também visitou o Clube de Engenharia, o Observatório Nacional e o Palácio do Catete, onde foi recebido pelo presidente da República, Artur Bernardes.

Na ocasião, Albert Einstein recebeu o título de membro correspondente da ABC, tornando-se o quinto membro nesta categoria, e teve o seu artigo “Observações sobre a situação atual da teoria da luz” publicado na Revista da Academia Brasileira de Ciências em 1926.

Pílulas do Centenário Ed.11 • Criação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro

samil-8.jpg

“O rádio é a escola dos que não têm escola; é o jornal de quem não sabe ler; é o mestre de quem não pode ir à escola; é o divertimento gratuito do pobre; é o animador de novas esperanças, o consolador dos enfermos e o guia dos sãos – desde que o realizem com espírito altruísta e elevado.” Roquette-Pinto

radio_sociedade.jpg Por iniciativa de Edgard Roquette-Pinto, diversos membros da Academia Brasileira de Ciências colaboraram, no dia 20 de abril de 1923, para a fundação da Radio Sociedade do Rio de Janeiro, a primeira emissora do país, com o propósito de transmitir notícias e conteúdo cultural para a população.

A rádio era mantida por contribuições mensais de associados e não possuía fins lucrativos, nem contava com contribuições do governo, evitando a influência política no veículo.

A primeira transmissão da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro aconteceu no dia 1º de maio de 1923, mas sua implementação definitiva na Faculdade de Física da Escola Politécnica aconteceria no dia 19 do mesmo mês.

roquete_pinto_6.jpg A programação era composta por comentários de notícias; execuções de música erudita, jazz e alguns gêneros populares brasileiros com comentários; leitura de poesias e programas com temas ligados a diversas disciplinas científicas.

Apesar de todo o altruísmo da proposta, a radiofusão só era disponível a uma pequena parcela da população, pois os aparelhos eram muito caros. Em 1936, com a mudança na lei de transmissão, Edgard Roquette-Pinto doou a emissora ao Ministério da Educação e Cultura, a quem pertence até hoje com o nome de Rádio MEC.

Ouça, abaixo, Edgard Roquette-Pinto falando, na década de 50, sobre a criação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, em transmissão ao vivo feita da sede da ABC.

doc-6841.mp3

Pílulas do Centenário Ed.12 • ABC mobilizada pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação

samil-9.jpg

A partir desta semana, as Pílulas do Centenário serão retomadas, até o fim do ano comemorativo de 2016, e vão alternar fatos históricos relativos à memória da Academia Brasileira de Ciências com a história que a instituição vem construindo hoje.

A ABC vem marcando a posição da comunidade científica brasileira contrária à fusão do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação ao Ministério das Comunicações. E vai além, deixando clara a necessidade de recompor o orçamento destinado à C,T&I no país, sob risco de que se perca a oportunidade da Ciência brasileira se tornar protagonista no cenário mundial, como vem acontecendo com a China e outros países dos BRICS, que estão caminhando nessa direção. “Enquanto isso, nós aqui no Brasil estamos jogando na retranca, gastando nosso tempo para tentar reaver o que já tínhamos – um Ministério e recursos para pesquisas – em vez de estarmos nos dedicando ao ataque”, ressaltou o presidente da ABC, Luiz Davidovich, numa metáfora futebolística.

Em maio, a ABC com a SBPC e mais 12 instituições científicas brasileiras publicaram um manifesto contra a fusão dos ministérios, quando a medida ainda não tinha se confirmado. Na época, a comunidade considerou a medida “uma medida artificial que prejudicaria o desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação do país”. Desde então, o ministro Gilberto Kassab (PSD), designado para assumir a pasta conjunta, se reuniu algumas vezes com representantes da comunidade científica, muitas vezes para ouvir críticas à medida, mas também para tentar encontrar formas de trabalhar em favor da pesquisa nacional.

Um dos primeiros encontros oficiais com a comunidade científica foi em São Paulo, em 8 de junho, conduzido por Helena Nader, Acadêmica e presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que organizou o evento. Esteve presente o presidente da ABC, Luiz Davidovich, e o secretário do novo Ministério, Jailson Bittencourt, entre outros Acadêmicos. Na plateia, mais de 100 dirigentes de instituições científicas, presidentes de sociedades científicas, reitores e outros representantes da comunidade científica e acadêmica de todo o país.

No dia 15 de junho, em Brasília, foi realizada uma audiência pública da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI). Nessa ocasião, Davidovich e Nader reiteraram suas preocupações quanto às consequências negativas da fusão de Ministérios e manifestaram-se firmemente pela recomposição das perdas orçamentárias para CT&I, ocorridas nos últimos anos.

Entre os argumentos contrários à fusão estão a arbitrariedade da medida, realizada sem que a Câmara e o Senado fossem consultados e a distinção entre os ministérios, que têm “práticas, objetivos e missões diferentes”, na opinião do vice-presidente da SBPC, Ildeu de Castro Moreira.”Os secretários de ciência, tecnologia e inovação [que passaram de quatro a dois], vão ficar em uma posição subalterna dentro do plano de governo e acabarão sendo ouvidos de forma secundária pelos responsáveis pelo orçamento da União, como o Ministério da Fazenda”, ponderou Ildeu. Foram mantidas a Secretaria de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento (SEPED) e Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (SETEC), lideradas respectivamente pelos Acadêmicos Jailson Bittencourt e Álvaro Prata. Foram extintas a Secretaria de Ciência e Tecnologia para Inclusão Social (SECIS) e a Secretaria de Política e Informática (SEPIN).

Segundo Davidovich, o MCTI não foi criado para satisfazer partidos políticos, como houve a criação de Ministérios recentemente. “Ele tem mais de 30 anos e, antes de ele ser criado, foram 30 anos de luta. É um Ministério que surgiu pela necessidade de uma política de Estado no setor.”

Confira abaixo trechos dos vídeos das intervenções do Prof. Luiz Davidovich e da Profª Helena Nader nos referidos encontros.


Helena Nader destacou que não são só as instituições científicas, mas que também o empresariado inovador está preocupado com as perspectivas para educação, ciência, tecnologia e inovação no país (12:10:45)


Luiz Davidovich rejeita comparação da realidade brasileira em CT&I com a dos Estados Unidos e diz por quê (12:16:43)