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A cerimônia de entrega do prêmio será realizada no dia 6 de fevereiro, às 10h, no Salão Nobre do Centro Universitário Maria Antonia da USP (Rua Maria Antônia, 294 – 3º andar), em São Paulo. Neste ano de 2024, o evento será ainda mais especial, pois, além de celebrar o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, instituído pela Unesco, a premiação comemorará o centenário de nascimento de Carolina Bori. A SBPC preparou um dia inteiro de atividades para homenagear a pioneira da psicologia comportamental no Brasil e primeira mulher a presidir esta entidade e festejar as grandes contribuições das mulheres cientistas brasileiras, representadas pelas três vencedoras desta 5ª edição do Prêmio.

Nesta edição, a SBPC recebeu 50 indicações de 52 sociedades científicas afiliadas à entidade. Do total de indicadas, 15 eram da área de Humanidades, 18 das Biológicas e Saúde e 17 das Engenharias, Exatas e Ciência da Terra.

Francilene Procópio Garcia, vice-presidente da SBPC e presidente da comissão julgadora, destaca o aumento no número de indicações recebidas, 55% a mais que na 3ª edição, quando essa categoria foi contemplada pela última vez. “Tivemos um recorde histórico de indicações. O expressivo número demonstra a importância desta iniciativa liderada pela SBPC, consolidando uma premiação que reconhece e homenageia as mulheres que dedicam a sua vida à ciência, construindo carreiras brilhantes e de fortes impactos”, afirma.

Garcia reforça a importância da participação das sociedades afiliadas no fortalecimento deste prêmio, criado com o objetivo de destacar e ampliar a divulgação sobre o impacto das mulheres cientistas no País. “Neste cenário de avanços e maior confiança no País, as sociedades científicas cumprem o seu papel no reconhecimento e na indicação de lideranças que inspiram e influenciam um novo momento. A presença dessas entidades é fundamental, porque são elas que estão à frente das grandes áreas e conseguem reconhecer e destacar pesquisadoras que têm os perfis do Prêmio Carolina Bori. Com certeza, o Prêmio se consolida, nesta edição, como uma agenda anual da SBPC, e das suas Sociedades Científicas afiliadas, enaltecendo e homenageando as novas ‘Carolinas’”, afirma.

A diretora da SBPC também fala sobre a dificuldade da comissão de avaliação em selecionar apenas três vencedoras entre tantas concorrentes com excelentes contribuições à ciência nas diferentes áreas de conhecimento. “O trabalho da comissão julgadora foi bem difícil. Tivemos nomes indicados que são bem expressivos e relevantes para a ciência desenvolvida no Brasil, com forte impacto no País e no mundo. As indicações revelaram uma pequena mostra de um universo ativo e presente de pesquisadoras que formam talentos, geram conhecimento de alta relevância para o País em suas respectivas áreas de atuação, e mais do que isso, inspiram e cuidam de pessoas que fazem e realizam transformações em prol de uma sociedade mais inclusiva e justa”, frisa.

Além da vice-presidente da SBPC, Francilene Procópio Garcia, e das diretoras da entidade, Marilene Corrêa e Fernanda Sobral, compuseram a comissão julgadora: Zelinda Hirano, membro do Conselho da SBPC; Claudia Lisete Oliveira Groenwald, presidente da Sociedade Brasileira de Educação Matemática (SBEM) – representando as sociedades científicas afiliadas; Helena Bonciani Nader, presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC); e Cristina Caldas, diretora do Instituto Serrapilheira.

A comissão levou em consideração critérios como o Currículo Lattes, o impacto na área de atuação, com base em estudos fornecidos pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), e a carta de recomendação que as sociedades afiliadas enviaram junto à indicação. “Neste pequeno universo abundante de competências singulares, destacaram-se cientistas com trajetórias longevas, intensas e com muita dedicação e paixão pela pesquisa, além de múltiplas habilidades para enfrentar e superar obstáculos. Resumindo, são mulheres com histórias de vidas ímpares e que podem estimular e destacar a importância do protagonismo feminino na ciência”, ressalta Garcia.

Ao analisar as trajetórias das candidatas, a comissão julgadora também pôde observar os diversos obstáculos que as pesquisadoras enfrentaram ao longo de suas carreiras, conforme relata a diretora da SBPC. “As mulheres que fazem ciência no Brasil enfrentam problemas únicos, aos quais cada uma se conecta com muita dedicação para formar talentos, gerar novos conhecimentos e, sobretudo, ampliar suas redes de colaboração. É importante dizer que várias cientistas das grandes áreas do conhecimento, cada qual em sua área de trabalho, enfrentam dificuldades como falta insumos básicos para o desenvolvimento de suas pesquisas, além de lidar com inquietações que são costumeiras quando a liderança de uma grande área está em mãos de mulheres. Cada uma das nossas indicadas trazem em suas trajetórias a capacidade de se incluírem e, a partir daí, passarem a contribuir na construção de uma universidade que é rica e necessária com as suas valiosas ideias.”

Esta 5ª edição do Prêmio “Carolina Bori Ciência & Mulher”, conta com o patrocínio de dois sócios institucionais da SBPC para a sua realização: o Instituto Serrapilheira e a Microbiológica Química e Farmacêutica. E, também, com o apoio da Fundação Péter Murányi.

Confira abaixo o perfil das premiadas da 5ª Edição do Prêmio “Carolina Bori Ciência & Mulher” – Mulheres Cientistas:

HUMANIDADES 

Maria Manuela Ligeti Carneiro da Cunha (Indicada pela Associação Brasileira de Antropologia – ABA)

A antropóloga é doutora em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas (1976) e graduada em matemática pela Faculté des Sciences de Paris (1967). Combinou sua atuação como professora e pesquisadora, com uma vasta produção intelectual e atuação em várias entidades, nacionais e internacionais. Fez pós-doutorado na Universidade de Cambridge e foi professora doutora da Universidade Estadual de Campinas e professora titular da Universidade de São Paulo, onde, após a aposentadoria, continua ativa. Foi full professor da Universidade de Chicago de 1994 a 2009, tornando-se professora emérita. Foi professora também no PPGAS do Museu Nacional (UFRJ) e titular da cátedra “savoirs contre pauvretés”, no Collège de France, em 2011-2012.  É autora de 12 livros, 38 artigos em periódicos especializados e 32 capítulos de livros, além de organizadora de quatro livros. Foi presidente da Associação Brasileira de Antropologia, é membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e integra a Comissão Arns de Direitos Humanos, entre outras participações relevantes. Dos muitos prêmios que recebeu, destacam-se a Ordem do Mérito Científico, no Brasil, e a Légion d’honneur na França.

BIOLÓGICAS E SAÚDE 

Regina Pekelmann Markus (Indicada pela Sociedade Brasileira de Farmacologia e Terapêutica Experimental – SBFTE)

Biomédica, com Doutorado em Farmacologia pela Unifesp, Markus é professora titular do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo e Pesquisadora Sênior do CNPq. Atua em Cronofarmacologia com foco no estudo das ações da melatonina. Publicou 123 artigos indexados, orientou 74 pesquisadores (pós-graduandos, pós-docs e ICs). Ela é membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e da Academia de Ciências do Estado de São Paulo (Aciesp), atuou em diretorias da SBFTE, SBPC e Federação das Sociedades de Biologia Experimental (FeSBE). Dos diversos prêmios que recebeu, destacam-se o UN Women USA Raise and Raise Others Award (2022), a Medalha da Ordem do Mérito Científico (2023) e o Prêmio Mulheres na Farmacologia no Brasil (SBFTE, 2023).

ENGENHARIAS, EXATAS E CIÊNCIAS DA TERRA 

Yvonne Mascarenhas (Indicada pela Associação Brasileira de Cristalografia e pelas Sociedades Brasileiras de Física e de Pesquisa em Materiais)

Com graduação em Química e em Física pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1954), doutorado em Química (Físico-Química) pela Universidade de São Paulo (1963), livre-docência (1972) pela Universidade de São Paulo e pós-doutorado pela Harvard University (1973), Foi a primeira mulher a ocupar uma cadeira no Departamento de Física da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC/USP), em 1956, e uma das pioneiras na fundação do então Instituto de Química e Física de São Carlos (IFQSC/USP). Tornou-se professora-titular do Instituto e1981, onde também foi diretora, entre 1994 e 1998). Atua em determinação de estruturas cristalinas e moleculares por difração de raios-X, de amostras mono ou policristalinas; estudos estruturais de materiais em solução ou sólidos semicristalinos por espalhamento de raios-X a baixos ângulos. Desde 2010, também se dedica à Difusão Científica voltada para apoio ao Ensino Fundamental e Ensino Médio, coordenando um Grupo de Trabalho do Instituto de Estudos Avançados da USP, Polo de São Carlos, e coordena uma Agência de Difusão Científica, cujo principal veículo de comunicação é o Portal Ciência Web: www.cienciaweb.com.br. Ao longo de sua brilhante carreira, recebeu dezenas de homenagens e distinções. Em 1998 recebeu a Ordem Nacional do Mérito Científico, na classe Grã-Cruz e, em 2013, foi homenageada com o título de pesquisadora emérita do CNPq. Foi uma das 12 cientistas a receber o prêmio IUPAC-2017 Distinguished Women in Chemistry or Chemical Engineering Awardspela da União Internacional de Química Pura e Aplicada (Iupac) a mulheres com realizações de impacto na pesquisa em química ou engenharia química. Publicou mais de 150 artigos em revistas indexadas sobre cristalografia. Mesmo aposentada, aos 92 anos ainda é atuante, como colaboradora e professora aposentada em exercício, no Instituto de Física de São Carlos.