A Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a Academia Nacional de Ciências da Alemanha Leopoldina promoveram, de 16 a 19 de outubro de 2023, em Berlim, o workshopAquicultura sustentável – impactos ambientais e segurança alimentar”. A maior parte do evento foi realizada no Leibniz-Institute of Freshwater Ecology and Inland Fisheries (IGB-Berlin). A atividade fez parte de uma cooperação bilateral desenvolvida entre a ABC e a Academia Leopoldina que, desde 2014, promove eventos com jovens cientistas sobre a gestão sustentável dos recursos hídricos.

O lado brasileiro do comitê científico do workshop foi liderado pelo vice-presidente da ABC para a Região Norte, Adalberto Luis Val (INPA), e contou com a participação do Acadêmico José Galizia Tundisi (IIEGA/ABC) e dos pesquisadores Evoy Zaniboni Filho (UFSC) e Maria Célia Portella (Unesp, ex-presidente World Aquaculture Society). Portella e Val participaram do workshop na Alemanha, acocmpanhados por Marcos Cortesão, secretário-executivo de Relações Internacionais da ABC. 

O vice-presidente da ABC para a região Norte, Adalberto Val, em apresentação no Instituto Leibniz | Foto: Markus Scholz/Leopoldina

Na edição de 2023, pela primeira vez, as Academias promoveram encontros preliminares, permitindo uma interação prévia dos jovens cientistas antes da atividade presencial – as reuniões aconteceram nos dias 7 de julho e 12 de setembro.

O workshop em questão envolveu jovens cientistas do Brasil, da Alemanha e de alguns outros países da Europa. Na delegação brasileira, estavam Alexandre Diógenes (Fundação Universidade Federal de Rondônia), Alyson Ribeiro (Universidade Federal de Minas Gerais), Igor Ogashawara (Leibniz-Institute of Freshwater Ecology and Inland Fisheries-IGB Berlin, sendo o INPE sua última instituição no Brasil), Ivã Lopes (Swedish University of Agricultural Sciences, sendo a Unesp sua última instituição no Brasil), Renato Ferraz (Universidade Nilton Lins-INPA) e Sílvia Gallani (Universidade Nilton Lins-INPA).

Delegação brasileira: Igor Ogashawara, Maria Celia Portella, Ivã Lopes, Alyson Ribeiro, Alexandre Diógenes, Adalberto Val, Marcos Cortesão, Sílvia Gallani e Renato Ferraz | Foto: Markus Scholz/Leopoldina

Os jovens cientistas foram divididos em quatro grupos para discutir diferentes tópicos relacionados ao assunto central, após preleções dos organizadores dos eventos, sempre estimulado por representantes das duas academias. Os temas foram: A contribuição da aquicultura para um sistema sustentável de segurança alimentar; Ciência e inovação: em busca de mais sustentabilidade da aquicultura por meio da circularidade; Educação para produtores e consumidores; d) Criando vontade política.

Nas discussões, muitos outros aspectos relacionados às possibilidades que a aquicultura tem, em particular a produção de peixes de água doce, para contornar os desafios que vêm se colocando no que se refere à segurança alimentar foram levantados. Ainda que a diversidade de peixes no mundo seja significativa, sendo que a brasileira ocupa posição de destaque, poucas espécies são efetivamente utilizadas na alimentação. A criação de peixes não é uma atividade sem riscos e esses também foram considerados nos debates.

Além de propiciar aos jovens pesquisadores a oportunidade de participar de um evento científico internacional, o encontro resultará em um policy paper, a ser lançado em 2024, produzido pelos próprios participantes. O documento será publicado pelas duas Academias e divulgado para gestores e formuladores de políticas públicas, agências de fomento e instituições científicas relevantes, com o intuito de ampliar o debate sobre a aquicultura sustentável.

Além da atividade no IGB, outras ocorreram na embaixada do Brasil em Berlim: uma reunião de representantes das duas academias e uma reunião com a representante da embaixada brasileira responsável pela área ambiental. Uma sessão aberta ao público também foi realizada, com uma apresentação de Maria Celia Portella e uma mesa-redonda sobre aspectos políticos, econômicos e ambientais relacionados à pesca e aquicultura. As atividades na embaixada contaram com a participação de atores relevantes como a FAO, a Comissão Europeia e o Ministério de Alimentação e Agricultura da Alemanha.