Leia artigo do diretor da ABC Roberto Lent, publicado em O Globo no dia 17/10:

Saí do filme “Oppenheimer” com a cabeça fervilhando e mergulhei na leitura do livro homônimo. Ambos me mostraram os dilemas e as soluções daquele momento histórico. Dilemas da política e da sociedade, soluções da ciência e da tecnologia. O mundo estava em guerra, dividido entre os países nazifascistas, os comunistas e os democrático-liberais. Num primeiro momento, os dois últimos se aliaram para enfrentar o inimigo comum nazifascista. Mas logo se separaram: a guerra quente virou Guerra Fria. Nos dois casos, surgiu uma ciência da guerra.

Era o Projeto Manhattan, dirigido por um general e por assessores de Roosevelt, coordenado pelo físico Oppenheimer, a grande liderança científica. Foi talvez o primeiro grande programa científico translacional em todo o mundo, que envolveu cientistas, técnicos, engenheiros e, nesse caso, militares. A palavra de ordem era a urgência, pois havia indícios de que tanto os alemães quanto os soviéticos buscavam a mesma meta. Resultou na tragédia humana de Hiroshima e Nagasaki. Mas herdamos também os benefícios da energia nuclear da paz.

O modelo de financiar projetos multidisciplinares vingou nos Estados Unidos logo depois, com a criação da Fundação Nacional de Ciência (o CNPq de lá) e o enorme crescimento dos Institutos Nacionais de Saúde (a Fiocruz de lá). Os americanos persistiram apostando no modelo Manhattan, e essa política científica de Estado atravessou os governos seguintes, com enormes investimentos e sem grandes descontinuidades. A China e a Índia seguem atualmente o mesmo caminho.

Por aqui tivemos avanços com a criação das agências federais de apoio à ciência (CNPq, Capes, Finep), das estaduais (as fundações de amparo à pesquisa) e de um ministério exclusivo para a ciência e a tecnologia. Só que… nos últimos anos o investimento acabou patinando, e os grandes projetos Manhattan da paz que chegamos a conceber e iniciar foram definhando.

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