A presidente da Capes, Mercedes Maria Bustamante, membra titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC), concedeu entrevista para o programa Brasil em Pauta, da TV Brasil. No pátio do monumental Instituto Central de Ciências da UnB, onde a Acadêmica concilia sua vida de pesquisadora com seu trabalho à frente da Capes, Mercedes conversou com o jornalista Paulo de La Salvia sobre o cenário atual da ciência nacional e algumas das prioridades do novo governo para a área.

Há menos de um mês a presidente da Capes esteve presente na cerimônia de anúncio do reajuste nas bolsas de educação e pesquisa. Na ocasião, foi divulgado um aumento de 40% nas bolsas de pós-graduação, valor significativo, mas ainda aquém dos quase 80% de perda real nos valores desde 2013, data do reajuste anterior. Mercedes garante que novos aumentos estão no radar. “O desafio de ser cientista no Brasil não é apenas na quantidade de recursos mas na previsibilidade, nosso ponto central é garantir a estabilidade do nosso sistema nacional de CT&I”, afirmou.

À frente da Capes desde janeiro, Mercedes Bustamante tem uma meta ambiciosa para a entidade: promover na educação básica as melhorias que o país teve no ensino superior nas últimas décadas. “Melhoria de pessoal na educação básica será crucial. Educação superior e básica são duas vertentes que têm de se unir. A faculdade é quem forma os professores das nossas crianças”, disse.

Outro ponto caro à Acadêmica é a presença feminina na ciência. Ela comemorou a crescente participação feminina nas pós-graduações. “Se o sistema não se abrir para as mulheres estaremos perdendo 50% do talento brasileiro”, lembra. Como exemplo de algumas medidas que estão sendo estudadas, a presidente da Capes citou a consideração de períodos de licença maniternidade nas avaliações trienais da entidade e a expansão do período de prorrogação de bolsas por maternidade, que hoje é de 4 meses, para 6. ~Precisamos também combater os múltiplos tipos de violência a que mulheres ainda estão expostas em nossas instituições de ensino, e tornar a própria infraestrutura das universidades mais acolhedora, sobretudo às mães”.

Ainda sobre os múltiplos desafios nacionais, Mercedes abordou a questão ambiental e climática, que também é o ponto central de sua atuação científica. Para ela, a mudança de postura do Brasil ficou visível até mesmo antes da mudança de governo, quando o presidente-eleito participou da COP 27, no Egito, após 4 anos de negacionismo climático e desdém do governo anterior às reuniões globais sobre meio ambiente. “O Brasil é central nas duas maiores agendas ambientais da atualidade, mudanças climáticas e preservação de biodiversidade. Temos de servir de exemplo para países tropicais e nos realizarmos enquanto potência socioambiental”.

A entrevista completa você pode conferir no site na TV Brasil.