0Gerhard Malnic nasceu em Milão, filho de austríacos, e mudou-se para o Brasil aos quatro anos de idade, naturalizando-se brasileiro aos 23. Radicado em São Paulo, onde o pai, químico, trabalharia como representante de uma indústria alemã de corantes e, mais tarde, no império dos Matarazzo, Malnic estudou no Colégio Visconde de Porto Seguro. Queria ser químico, mas o pai re­comendou a Faculdade de Medicina. Ingressou na USP em 1952. Concluiu o doutorado em Ciências (Fisiologia Humana), pela USP, em 1960., e lá tornou-se professor titular do Departamento de Fisiologia e Biofísica do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB).  

Realizou seu pós-doutoramento em fisiologia renal, área em que foi pioneiro no Brasil, na Tulane University, Nova Orleans, entre 1961 e 1962, e na Cornell University Medical College, Nova York, entre 1962 e 1964. De volta à USP, implantou o laboratório de micropunção e microperfusão renal, um método de colheita de fluido dos túbulos renais (onde a água, sais minerais e vitaminas são devolvidos para o sangue, restando a urina) por meio de micropipetas, estudou os mecanismos de transporte de potássio dentro do rim, além do papel do sódio, fatores hormonais, alterações do equilíbrio ácido-base e drogas nefrotóxicas na reabsorção de bicarbonato.

Malnic publicou 144 artigos em periódicos especializados e 142 trabalhos em anais de eventos; 15 capítulos de livros e dois livros. Possui dez itens de produção técnica. Orientou oito dissertações de mestrado, 20 teses de doutorado e fez três supervisões de pós doutorado nas áreas de fisiologia e biofísica. Em suas atividades profissionais interagiu com 96 colaboradores em co-autorias de trabalhos científicos.

Paralelamente ao trabalho de bancada, presidiu entidades científicas, como a Sociedade Brasileira de Biofísica (1983-1985), a Sociedade Brasileira de Fisiologia (1985-1988), a Federação de Sociedades de Biologia Experimental (Fesbe) e o Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP. Foi diretor do Instituto de Ciências Biomédicas da USP. Era membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC), da Academia de Ciências do Estado de São Paulo (Aciesp), da Academia de Ciências da América Latina (Acal). Pertencia ao corpo editorial de diversos e importantes periódicos internacionais.

Após uma longa jornada como cientista de excelência, Malnic faleceu em São Paulo, 25 de fevereiro, aos 88 anos. A ABC apresenta suas condolências às duas filhas e às três netas do professor Malnic, aos amigos e à comunidade acadêmica do ICB e do IEA/USP.