Evaldo Vilela, Luciana Santos, Ricardo Galvão e Mercedes Bustamante. Foto: Hora do Povo

Na terça-feira, 17/1, ocorreu a cerimônia de posse do Acadêmico Ricardo Galvão na presidência do Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). A data marcou o retorno de um dos mais importantes físicos brasileiros a um cargo de confiança do governo, três anos após ter sido exonerado da presidência do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) pelo governo anterior por conta da divulgação de dados sobre o desmatamento na Amazônia.

Participaram da cerimônia a nova ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil, Luciana Santos; a atual presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e ex-vice presidente da ABC para a Região de Minas Gerais e Centro-Oeste, Mercedes Bustamante; e o agora ex-presidente do CNPq, o Acadêmico Evaldo Vilela.

A Academia Brasileira de Ciências (ABC) esteve representada por sua presidente, Helena Bonciani Nader, que elogiou a escolha de Galvão para o cargo. “Só posso dizer que hoje é um dia de muita alegria e esperança neste Brasil que já deu certo”, celebrou.

“Derrota da truculência negacionista”

As primeiras palavras de Galvão como novo presidente do CNPq foram de duras críticas ao governo anterior, que classificou como “negacionista e tresloucado”. Ele recordou seu embate com o ex-presidente da República enquanto era diretor do Inpe, lembrando que a história está repleta de cientistas que contrariaram governantes. “A ciência sempre sobreviveu à autoridade política e promoveu avanços através da autoridade do conhecimento”, refletiu.

O Acadêmico aproveitou a oportunidade para agradecer aos servidores e ao ex-presidente do CNPq, Evaldo Vilela, por sustentarem o Conselho durante ameaças e desmontes entre 2018 e 2022 o CNPq viu reduzidos em 30% seus recursos. Por fim, exaltou a resiliência da comunidade científica brasileira. “Hoje viramos uma página triste da nossa história”, concluiu.

Também Acadêmico, Evaldo Vilela agradeceu aos profissionais que o auxiliaram nos quase três anos em que comandou o CNPq e lembrou que o Conselho atua com um terço dos servidores que tinha vinte anos atrás. “Assumi em 2020, quando se cogitava a anexação do CNPq à Capes, o que traria imensurável prejuízo para a ciência brasileira”, afirmou. “Nosso trabalho não buscou o reconhecimento, mas a defesa dessa instituição fundamental para o futuro do país”. Por fim, Vilela enalteceu o novo presidente. “Não há maior alívio para um gestor quando deixamos o cargo para alguém competente”, afirmou. 

Governo estuda reajuste de 40% nas bolsas de mestrado e doutorado

Aumentar o valor das bolsas é uma das principais urgências da ciência brasileira. Desde 2013, data do último reajuste, as bolsas de mestrado (R$ 1.500) e doutorado (R$ 2.200) já perderam quase 80% de seu valor real para a inflação, tornando praticamente inviável o sustento de alunos que requerem dedicação exclusiva.

Em entrevista concedida em 18 de janeiro, à Rádio CBN, Ricardo Galvão afirmou que o governo está estudando um reajuste de 40% no valor das bolsas de pós-graduação. Além disso, o novo presidente do CNPq disse estar trabalhando também por um reajuste nas bolsas de pós-doutorado e pela expansão dos programas de iniciação científica.

Fim do contingenciamento do FNDCT

Para a nova ministra do MCTI, as mais recentes nomeações do governo para a área científica e tecnológica abre portas para uma ciência brasileira mais forte. Em sua fala, ela destacou a vanguarda da CNPq desde sua criação, há mais de 70 anos, e os serviços imensuráveis prestados à sociedade, incluindo programas de estímulo a participação feminina na pesquisa acadêmica e nas áreas de exatas.

Em um dos momentos mais aguardados pela comunidade científica nos últimos anos, Santos anunciou a chegada a um acordo com o Congresso para deixar caducar a MP 1.136/22, que permitia o contingenciamento das verbas do Fundo Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). O prazo de validade da MP expira em fevereiro, a partir de quando o governo se compromete então com a execução integral dos recursos, conforme previsto na Lei Complementar 177.

A ministra ressaltou que é uma decisão política do novo governo trabalhar para que a ciência seja pilar do desenvolvimento em múltiplas dimensões, incluindo o combate à fome e à insegurança alimentar, a transição energética e a garantia da soberania nacional. A liberação da verba representa, para ela, o fim de um longo período de negacionismo. “Hoje é dia em que se faz justiça à ciência brasileira”, decretou. “Encerramos um longo período de descaso com a pesquisa e com o desenvolvimento tecnológico.”

Assiste a cerimônia completa:

 

Acompanhe a repercussão na mídia:

Folha de S. Paulo, 17/1/2023
Ricardo Galvão assume o CNPq e diz que truculência negacionista foi derrotada

Correio Braziliense, 17/1/2023
Novo presidente do CNPq, Ricardo Galvão defende investimentos em ciência

G1, 17/1/2023
Ricardo Galvão assume CNPq e diz que ciência ‘sobreviveu’ a governo ‘negacionista’ de Bolsonaro

Carta Capital, 17/1/2023
Governo Lula escolhe Ricardo Galvão para presidir o CNPq

GOV.BR, 17/1/2023
Comunidade científica comemora nomeação do professor Ricardo Galvão para a presidência do CNPq

O Tempo, 18/1/2023
Novo presidente do CNPq estuda aumento de 40% no valor das bolsas de mestrado

CBN, 18/1/2023
Foco é manter a pesquisa brasileira em alto nível e pesquisadores no país, diz novo presidente do CNPq