Leia matéria de Rafael Garcia para o jornal O Globo, publicada em 15/12, com entrevista do Acadêmico e ex-ministro Sergio Rezende:

Um dos setores com maior defasagem de orçamento no atual governo federal, o da ciência e tecnologia, tem condições de “mudar de patamar” no ano que vem, afirma o ex-ministro Sérgio Rezende, ex-titular da pasta. O físico que comandou o MCTI de 2005 a 2010 liderou o grupo de trabalho do governo de transição, que entregou nesta semana ao presidente eleito Lula um relatório com suas recomendações.

No documento, o comitê pede que a pasta ganhe um maior direcionamento, escolhendo algumas áreas prioritárias, e afirmam que a PEC da Transição vai ajudar a reerguer o financiamento do setor, contando com R$ 5 bilhões fora do teto de gastos. Em entrevista ao GLOBO, Rezende detalhou o que o grupo listou no documento.

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Muitas das recomendações que o sr. menciona dependem de articulação política no Congresso, para aprovação de verbas. Isso está sendo costurado?

O nosso subcomitê de ciência e tecnologia na transição tem 17 pessoas, e duas delas são deputados federais: o deputado Expedito Netto [PSD] e o deputado Leo de Brito [PT]. Por meio dos deputados e de assessores que atuam no Senado nós conseguimos duas coisas importantes.

A primeira foi colocar emendas no PLOA (projeto de lei orçamentária anual) de 2023 para aumentar o recurso no CNPq e mais algumas unidades. A segunda é que na PEC emergencial aprovada no Senado, e que provavelmente vai ser aprovada na Câmara nos próximos dias, tem cerca de R$ 5 bilhões de reais para ciência e tecnologia. A PEC vai permitir que esse valor não seja contado no teto de gastos, e uma boa parte dele é em recursos do FNDCT. Então, o FNDCT no ano que vem vai aumentar bastante.

E nós conseguimos nas emendas do PLOA aumentar o orçamento do CNPq em cerca de R$ 400 milhões, para as bolsas. Isso permite um reajuste já em janeiro de 40% nas bolsas, que não são reajustadas desde 2013. E ainda daria para fazer apoio a projetos com R$ 150 milhões.

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Vai haver revogação de muitos decretos e medidas do executivo na área de ciência e tecnologia?

Nós levantamos uma quantidade enorme de portarias que foram emitidas pelo ministério e que não se justificam. O ministério passou a fazer portarias para definir como certas comissões da comunidade científica que vão trabalhar no CNPq e na Finep deveriam trabalhar. Era uma tendência de burocratização muito grande, normatização muito grande. Estamos recomendando que, nos primeiros dias do ano, o governo passe decretos ou portarias cancelando essas outras que foram feitas.

Leia a entrevista na íntegra no Globo