A presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Helena Bonciani Nader, foi eleita para o cargo de vice-presidente regional para América Latina e Caribe da Academia Mundial de Ciências para o avanço da ciência em países em desenvolvimento. A eleição ocorreu em reunião fechada que definiu todo o novo conselho da entidade para mandato de 4 anos, começando em 2023. Nader irá compor o grupo liderado pela nova presidente da TWAS, a sul-africana Quarraisha Abdool Karim, e substituirá o antigo VP regional Manuel Limonta-Vidal, de Cuba.
Para a presidente da ABC, o objetivo deve ser estreitar a colaboração entre os países da América Latina para enfrentar problemas comuns ao bloco. Compreender os motores e propor soluções para às crises sociais que o continente enfrenta devem ser metas para a ciência da região. “A América Latina está vendo aumentar a miséria e a fome, está passando por uma crise na educação, precisamos ser mais parceiros, trocar experiências, fazer uma ciência verdadeiramente conjunta”, avaliou.
Como parte desses esforços, Nader, que atualmente é co-presidente da Rede InterAmericana de Academias de Ciência (Ianas), acredita na possibilidade de uma aproximação entre as organizações. “Com isso traríamos também Estados Unidos e Canadá para perto, seria muito bom para todo o continente”, disse Nader.
A questão ambiental também estará no centro do debate. Para Nader, os próximos anos devem marcar o retorno dos países amazônicos à mesa de negociações, e o Brasil deve ter papel central. “O mundo olha para a floresta, precisamos juntar os 9 países da Amazônia e conversar”, afirmou, “o primeiro passo é garantir a legalidade, trazer segurança, o que aconteceu com Bruno Pereira e Dom Phillips não pode ocorrer nunca mais”.
Término de mandato
O ano de 2022 também marca o fim do mandato do ex-presidente da ABC Luiz Davidovich como secretário-geral da TWAS. Ele será substituído na função pela cubana Lilliam Alvarez Dias. Davidovich valorizou o trabalho da TWAS na formação de recursos humanos em países em desenvolvimento, através de bolsas e colaborações internacionais com os grandes centros ou com outros países do Sul Global.
Em particular, o ex-presidente da ABC destacou a realização de cursos e workshops em diplomacia científica, como o InnSciD + TWAS 2021 no Brasil. “A diplomacia científica ultrapassa muralhas como guerras e intolerância”, afirmou o Acadêmico, “novas lideranças se encontram na TWAS para debater temas com relevância global”. Nesse sentido, Davidovich também valorizou o programa Ciência no Exílio, iniciativa da TWAS em colaboração com o Conselho Internacional de Ciências (ISC) e com a Parceria InterAcademias (IAP), que visa auxiliar pesquisadores refugiados a continuarem suas carreiras.
Outra ação exaltada pelo Acadêmico foi a criação da Rede de Jovens Afiliados da TWAS (TYAN). “É uma organização extremamente ativa, realizando eventos no mundo inteiro, inclusive no Brasil”, avaliou. Dentre as iniciativas da TYAN, Davidovich ressaltou o documento sobre custos de publicação em modelos de acesso aberto, que critica os preços exorbitantes para publicar como um risco para a ciência dos países em desenvolvimento e advoga por soluções multilaterais e colaboração dos países desenvolvidos.