Faleceu, em 9 de novembro, o diretor do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) Milton Ozório Moraes, aos 51 anos, após lutar por mais de dois anos contra um câncer. Ele foi membro afiliado da ABC no período de 2009 a 2014.

Leia abaixo a notícia publicada no site da Fiocruz, adaptada pela ABC com dados da Plataforma Lattes:

A ciência perdeu na manhã de 9 de novembro o professor Milton Ozório Moraes, um dos maiores estudiosos em fisiopatologia da hanseníase. 

As mais de duas décadas de ampla dedicação à saúde pública, com foco no desenvolvimento de pesquisas no âmbito da hanseníase (uma das doenças mais antigas da humanidade, que atinge pele e nervos e é capaz de gerar lesões neurológicas), fazem parte do legado que perpetuará a memória de Milton Ozório Moraes, ex-chefe do Laboratório de Hanseníase do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). O pesquisador faleceu aos 51 anos, na manhã desta quarta-feira, 9/11/2022. Milton lutava contra um câncer. 

Suas contribuições à saúde das populações mais vulneráveis eram notórias, atraindo a atenção de entidades nacionais e estrangeiras. Recentemente, em julho de 2022, a organização mexicana sem fins lucrativos Fundação Carlos Slim, reconheceu sua trajetória científica no prêmio internacional “Carlos Slim de Saúde”. Em 2021, Ozório também foi agraciado com o Prêmio Bacurau, concedido pelo Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (MOHAN). 

Com graduação e mestrado em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Milton deu seus primeiros passos no IOC através do doutorado realizado no Programa de Pós-graduação Stricto sensu de Biologia Celular e Molecular, em 1997. 

Sob a orientação de Euzenir Nunes Sarno, responsável pela reativação do então serviço de leprologia da Fiocruz descontinuado pela ditadura militar e criadora do atual Laboratório de Hanseníase do IOC, Milton desenvolveu e publicou vários artigos sobre expressão gênica em pacientes em estados reacionais, que constituiu sua tese de doutorado, defendida nos anos 2000.  

Dois anos depois, ingressou no Instituto Oswaldo Cruz como pesquisador do Laboratório de Hanseníase. Ao longo da carreira, suas pesquisas também focaram a epidemiologia genética de doenças infecciosas e a análise de polimorfismo genético em genes de citocinas. 

No último dia 21 de outubro, Milton e Euzenir participaram da mais tradicional atividade acadêmica do Instituto, o Centro de Estudos do IOC. Com o tema “Genética, imunologia e metabolismo em doenças micobacterianasg”, Osório foi o palestrante e Sarno atuou na mediação.

Além de pesquisador titular da Fundação Oswaldo Cruz, Milton era professor adjunto da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), coordenador do o programa Inova-Fiocruz como assessor da Vice-Presidência de Produção e Inovação em Saúde, bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq e Cientista do Nosso Estado (CNE/Faperj).