O canal do Youtube History of Science divulgou uma entrevista realizada com a Acadêmica Shirley Schreier, professora titular sênior da Universidade de São Paulo (USP). Na entrevista, a cientista falou sobre a função das membranas biológicas, estruturas que tem como principal característica a permeabilidade seletiva, ou seja, controlar o que entra e o que sai das células, além de garantir a eliminação de componentes do metabolismo celular.
Membro titular da ABC desde 1998, Schreier construiu sua carreira na USP, onde obteve o título de doutora em bioquímica. Foi pesquisadora visitante no Conselho Nacional de Pesquisa do Canadá; na Universidade Pierre e Marie Curie, na França; no Instituto Max Planck, na Alemanha, entre outras instituições. Ao longo de sua carreira, colaborou com vários grupos de pesquisa latino-americanos, tendo recebido estudantes e pesquisadores sêniores. Responsável por um laboratório que forma pesquisadores há quase 50 anos, o trabalho de Schreier é muito reconhecido: foi condecorada com a Medalha da Ordem Nacional do Mérito Científico da Presidência da República e em 2009 recebeu o Prêmio Scopus pela relevância da sua pesquisa. Publicou cerca de 150 trabalhos científicos, além de capítulos em livros.
Uma das linhas de pesquisa da Acadêmica consiste no estudo de membranas biológicas (películas que envolvem as células) e sua interação com compostos farmacologicamente ativos, como anestésicos locais, antibióticos e anti-tumorais. Nesta entrevista, Schreier apresentou, de forma didática, hipóteses sobre a origem da vida, a descoberta das microestruturas que compõem os organismos vivos – as células – e como foram descobertas as estruturas as revestem. “No começo, teve gente que negava a existência de membranas… Como assim? Tinha que haver uma estrutura muito específica, muito especializada, para conseguir realizar aquele trabalho”, comentou a professora. Durante a conversa, ela explicou como as membranas atuam no combate às bactérias, suas interações com peptídeos e conceitos de farmacologia molecular.
Schreier compartilhou também sua visão sobre os jovens cientistas: “Por mais racional e pensante que o cientista tenha que ser, ele também precisa ser apaixonado”, ressaltou.