A vice-presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC) Helena B. Nader afirmou, em jornal da Globo News, que cortes de recursos para a ciência fazem parte de um processo que vem se desenvolvendo ao longo dos últimos anos. No entanto, referiu-se a este último corte, que retirou quase 90% dos recursos destinados ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), como “uma facada. É a pá de cal em cima da ciência”.

Ela destacou que a emenda constitucional que limitou o teto de gastos não olhou para a educação e a ciência como devido. O que aconteceu agora, no entanto, é mais grave, porque não há explicação jurídica. “Havia uma lei aprovada no Congresso Nacional, sancionada com vetos, que foram derrubados por influência da comunidade científica. “A lei diz que os recursos do Fundo Nacional para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico, o FNDCT, não podem ser contingenciados.”

Nader explicou que depois que a lei foi sancionada, o Ministério da Economia deveria ter devolvido quase 2.7 bilhões ao MCTI, mas que agora, ao invés disso, o ME está usando argumentos falsos para retirar os recursos da ciência, especialmente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), órgão responsável pela distribuição das já minguadas bolsas de pesquisa. “Esses recursos iriam irrigar a ciência, pagar o Edital Universal que já está encaminhado, com mais de 8 mil projetos inscritos”.

Nader, que além de vice-presidente ABC é presidente de honra da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), relatou que em reunião com o secretário de Finanças do ME na semana anterior, este garantiu a liberação integral dos recursos do FNDCT. “Estão tentando nos enganar”.

Ela reiterou que a ABC e a SBPC, que representam a comunidade científica junto ao governo, unidas ainda a outras entidades, são projetos de Estado, não de governo. “Temos que dialogar com todos os partidos. Eu não sei qual é o projeto desse governo.”

Veja a entrevista na íntegra no G1.

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