Um grupo de médicos e pesquisadores brasileiros identificou, pela primeira vez no mundo, a presença do vírus SARS-CoV2 na retina de pacientes que faleceram de covid-19. A pesquisa comprovou, através de exames de microscopia de varredura, a presença do vírus provocando anormalidades na retina.
A pesquisa foi realizada em 3 pacientes falecidos por covid, sendo dois homens e uma mulher, com idades entre 69 e 78 anos, e que ficaram internados em UTIs e sob ventilação mecânica. A presença de partículas virais de SARS-CoV-2 e suas proteínas nos olhos desses pacientes foi identificada e descrita, pela primeira vez, em estudos internacionais.
Os resultados foram publicados ontem (29/7) no prestigioso periódico JAMA Ophthalmology e mostraram que o vírus SARS-CoV-2 estava presente em várias camadas da retina, sugerindo que está envolvido em alguns das manifestações clínicas oculares que vem sendo observadas pelos médicos em pacientes acometidos pela infecção. Até então, estudos científicos já publicados demostraram o envolvimento do SARS-CoV2 em outros problemas oftalmológicos como conjuntivites, blefarites, uveítes, entre outros, mas a identificação do vírus na retina não tinha sido demonstrada.
Participaram do estudo o oftalmologista, professor da Unifesp e presidente da Academia Nacional de Medicina (ANM), membro da Academia Brasileira de Ciências, Rubens Belfort Jr, e o acadêmico da ANM, ABC e professor da UFRJ, Wanderley de Souza, além de outros 14 médicos e pesquisadores da USP, Instituto da Visão, Hospital Municipal de Barueri e da Mc Gill University, do Canadá.