A segunda paixão de Taissa Rodrigues Marques da Silva é viajar. Acha fascinante conhecer outras culturas, costumes, culinárias, paisagens. E foi a vida acadêmica que lhe proporcionou essas oportunidades, nas primeiras vezes; depois ela aprendeu a combinar viagens profissionais e de lazer, tendo assim podido conhecer todos os continentes.

A carioca, nascida em 1982, teve uma infância tranquila em Belo Horizonte, Minas Gerais. Seu pai era engenheiro e trabalhava no metrô da capital mineira; mais tarde, tornou-se professor de física para o ensino médio e profissionalizante. Sua mãe era jornalista que em determinado momento da vida optou por parar de trabalhar e se dedicar à criação dos três filhosdos quais Taissa é a mais velha.

A família morava em um prédio com um grande jardim e área para brincar, mas Taissa também gostava de brincar dentro de casa, com jogos de tabuleiro e peças de montar. Durante o ensino básico, suas matérias preferidas eram ciências e, depois, biologia. “Eu acordava cedo nos fins de semana para assistir programas sobre ciência na TV e também gostava de ler revistas, mesmo aquelas  sobre temas científicos, até as escritas para público adulto.” Ela conta que o filme Jurassic Park teve uma grande influência na sua escolha de carreira, pois foi a partir dele que decidiu ser paleontóloga. “Toda criança gosta de dinossauros, mas faço parte de um grupo que não desistiu da ideia depois de crescer”, brinca a pesquisadora.

Taissa cursou ciências biológicas na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ela lembra do primeiro projeto de extensão de que participou na graduação. “A experiência me abriu os olhos para todas as possibilidades de atividades que são realizadas dentro do ambiente universitário, e me mostrou como a divulgação científica é importante”, relata. Após um ano no projeto, procurou estágio de iniciação científica em zoologia, e não parou mais. Cursou o mestrado e o doutorado em zoologia, ambos pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), concluindo seus estudos em 2011. Taissa afirma que seus orientadores, tanto da graduação, quanto da pós-graduação, foram essenciais para sua formação acadêmica, apesar dos estilos completamente diferentes. “Ambos sempre me deram toda a liberdade para desenvolver minhas pesquisas com independência, o que foi muito determinante na minha carreira. Além disso, ambos sempre valorizaram a divulgação científica”, expressa. Além disso, ela acrescenta que seus colegas de laboratório também possuíram um importante papel em seu desenvolvimento, pela troca de experiências e debates.

Atualmente, ela é professora do Departamento de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) desde 2011, onde orienta discentes de mestrado e doutorado em biologia animal no Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas (PPGBAN) e realiza outras atividades de ensino, pesquisa, extensão e administração. Taissa atua na área da pesquisa básica em paleontologia, preocupando-se principalmente com o estudo da paleobiodiversidade animal ao longo do tempo geológico. Sua pesquisa tem por foco principal analisar a sistemática, a anatomia, a ecologia e a tafonomia de grupos extintos de animais, sobretudo de pterossauros e a evolução da biota do período Cretáceo. Tem atuado também na diversidade de gênero na paleontologia e no tráfico de fósseis.

“Eu estudo fósseis de animais que viveram há milhões de anos, principalmente répteis. A maioria das pessoas pensa que todos os répteis eram dinossauros, mas na verdade esses animais possuíam uma diversidade muito maior”, conta a professora. “Minha pesquisa consiste em entender justamente como era esta diversidade: quantas espécies existiram, como elas evoluíram, como conviviam com outras espécies e como se relacionavam com o seu ambiente”, explica. Além disso, Taissa é membro do Comitê de Assuntos Governamentais da Society of Vertebrate Paleontology (EUA).

Encantada pela ciência e por sua possibilidade de entender melhor como funciona tudo o que nos cerca, ela conta que, em sua área, é atraída pela perspectiva de saber como a Terra era no passado, o que, para ela, é o que há de mais próximo de uma viagem no tempo. Como reconhecimento de seu apaixonado trabalho, recebeu a Medalha Cândido Simões Ferreira, outorgada pelo Núcleo Rio de Janeiro/Espírito Santo da Sociedade Brasileira de Paleontologia, em 2019.

 Taisa afirma ser uma honra poder fazer parte da ABC, pela qual tem um grande apreço. Orientada no mestrado e doutorado pelo Acadêmico Alexander Kellner, foi através dele que descobriu as atividades e a importância da Academia. “Graças a ele pude desenvolver atividades como editora junto aos Anais da Academia Brasileira de Ciências, um periódico que congrega muitos dos valores que espero de uma publicação científica: acesso livre para leitores, gratuidade para publicar, e valorização da interdisciplinaridade”, declara. Taissa diz, ainda, que como membro da ABC gostaria de atuar pela promoção da inclusão de mais mulheres na ciência nacional.