NOTA DA ACADEMIA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS
SÉRGIO MASCARENHAS FARÁ MUITA FALTA
A Academia Brasileira de Ciências (ABC) manifesta sua imensa tristeza pelo falecimento de Sérgio Mascarenhas. Mestre dos mestres. Uma tristeza acentuada pelo inesperado da morte de uma pessoa inquieta, tão jovem de espírito, de ideias, de pensamento, que nos inspirava e inspira ainda e sempre.
Foi-se um ícone da ciência brasileira, um grande cientista, iluminado, multifacetado, generoso, grande figura humana, insubstituível, foi-se um gigante, um humanista, intenso defensor da ciência e da inovação, estimulador de jovens, fundador de áreas de pesquisa e de instituições. Caberia, em um ensaio de definição desse personagem tão eclético, o título de um poema musical recente de um Prêmio Nobel de Literatura: “I contain multitudes”, de Bob Dylan.
Fundou e dirigiu o Centro Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento de Instrumentação Agropecuária em São Carlos (Embrapa). Cooperou na fundação da Universidade Federal de São Carlos e na criação do curso de Engenharia de Materiais. Fundou e dirigiu o Fórum Unicamp (Universidade de Campinas). Fundou e dirigiu a Fundação de Pesquisas Adib Jatene (Instituto de Cardiologia Dante Pazzanese – SP). Implantou e dirigiu cursos de biofísica e física médica no ICTP (Trieste, Itália) a convite do Premio Nobel Abdus Salam. Fundou e dirigiu o Programa Internacional de Estudos e Projetos para a América Latina no Instituto de Estudos Avançados da USP – São Carlos. Peão da Tecnologia, homenagem da Fealtec, pela criação dos grupos de pesquisas pioneiros que resultaram no Pólo de Alta Tecnologia de São Carlos (2003).
A 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Sustentável, realizada em 2010, foi encerrada com uma brilhante palestra do Sergio Mascarenhas: o título, como não podia deixar de ser, foi “Um olhar para o futuro”.
Os olhares de Janus, que ele descreveu em dois livros, são também os de Sergio Mascarenhas, focando o futuro com a experiência do passado. Mas Sergio foi além: mais que o olhar, ele construía o futuro, com suas iniciativas e suas palestras, que transformavam e iluminavam mentes. Por isso, pela sua determinação, por seu ativismo e pela coragem de defender suas convicções, fará muito falta.
À família, com nossos sentimentos de afeto e solidariedade, transmitimos nossa certeza de que Sérgio Mascarenhas estará sempre ocupando um lugar especial em nossos corações e mentes.
Rio de Janeiro, 1 de junho de 2021
Luiz Davidovich
Presidente
Academia Brasileira de Ciências
