Leia artigo de opinião publicado no Valor Econômico em 27/10 pelo professor da Ebape-FGV Francisco Gaetani e o Acadêmico Virgilio Almeida, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e professor associado ao Berkaman Klein Center da Universidade de Harvard:
Em meio a pandemia e crises políticas, os países se mexem em direção ao futuro. As tecnologias digitais, em especial a inteligência artificial e robótica, serão um dos eixos centrais das estratégias de recuperação das economias mais avançadas. Embora ainda imperfeita e pouco testada, a tecnologia de inteligência artificial (IA) deverá se expandir rapidamente por todos setores da economia, incluindo governos.
Um estudo recente publicado pelo grupo inglês Oxford Insights faz uma avaliação global do nível de preparação dos governos de 172 países para implementar a inteligência artificial na prestação de serviços públicos aos seus cidadãos. O Brasil ocupa a posição de número 63, atrás de países vizinhos, como Argentina e Uruguai. Os Estados Unidos e o Reino Unido, aparecem no topo da lista dos mais preparados.
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O Brasil não é uma Dinamarca com seu Estado de bem-estar social avançadíssimo ou uma China, cujo regime de controle estatal sobre a sociedade não tem paralelo. Somos um problemático e desigual país de renda média. A incorporação da inteligência artificial na turbulenta vida política do país será necessariamente diferente e deve levar em conta as disparidades sociais e regionais do país.
Não dá para simplesmente repetir as estratégias digitais das economias desenvolvidas. As decisões das trajetórias tecnológicas que irão modelar o Brasil do século XXI estão sendo tomadas – ou negligenciadas – nestes anos. Infelizmente estamos sendo absorvidos por eventos que mais se assemelham a “reality shows’’, do que à política nacional. A distração, combinada com a inação, produzirá consequências a curto, médio e longo prazos. Não teremos direito de alegar desconhecimento mais adiante. Simplesmente não estaremos mais no jogo.