Leia este artigo escrito pelo Acadêmico Virgílio Almeida e por Francisco Gaetani para o Valor Econômico, publicado em 28/8:

A revolução digital anuncia todo dia novas possibilidades de um mundo melhor, pleno de avanços civilizatórios. Este novo mundo de maravilhas nos é exposto diariamente de todas as formas, como se estivesse a convidar a todos para participar de uma nova sociedade, mais solidária e mais plena de oportunidades. Não é o caso do Brasil.

Não temos ainda as capacidades e infraestruturas digitais para a migração para uma vida digital. Basta pensarmos nos orientais (Japão e Coreia), nos escandinavos, nos europeus e nos anglo-americanos. Esses países falam a partir de um outro patamar. A grande transformação já ocorreu. O capital humano destas sociedades sabe que precisa se adaptar e seus governos impulsionam estas transições, tanto para as novas gerações quanto para a população mais idosa.

Aqui, a vida segue em meio a paradoxos. O fim do confinamento vai se impondo com o patamar de vítimas da COVID-19 “estabilizado” em um número superior a mil vítimas por dia há dois meses. A explosão da pauta identitária nos EUA ecoa aqui de forma retorcida e misturada com outros temas como a militarização da administração pública, o processo de fake news, o armamento da sociedade, a negação da mudança climática, a exposição das raízes do racismo e a irresistível ascensão da pauta de gênero.

A divisão digital persiste e se aprofunda, sem nenhum plano nacional. Sem nenhuma solidariedade [para] aqueles que olham o mundo digital do lado de fora da modernidade. São os esquecidos, aqueles que não têm recursos nem capacidade para se inserirem no mundo digital. Entretanto são os mesmos que mais precisam das oportunidades oferecidas pelas plataformas digitais, das ofertas de empregos, das possibilidades de comunicação e do acesso aos serviços públicos, como os auxílios emergenciais e assistência de saúde.

Se a política está em crise, a vida comum das pessoas não cessa de fluir. Talvez seja nesta esfera que o enfrentamento dos desafios coletivos possa começar a ser de novo processado. Nessas frentes, o vetor de transformações digitais pode fazer muita diferença para auxiliar o país a desinstalar-se de um presente adverso.

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