Celebrando os 20 anos de sua primeira conferência, o Fórum Mundial de Ciência (WSF, na sigla em inglês) retornou à Budapeste, na Hungria, entre os dias 19 e 23 de novembro, para uma nova edição com o tema “Ciência, Ética e Responsabilidade”. Os palestrantes puderam discutir as oportunidades e riscos da nova revolução tecnológica na engenharia biológica, inteligência artificial, e outros campos altamente debatidos da pesquisa científica que têm o potencial para transformar a vida humana radicalmente.

Dentre eles, estiveram presentes a vice-presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Helena B. Nader, e os membros titulares da ABC Paulo Artaxo e Elisa Reis. Outro brasileiro que não esteve presente, mas foi frequentemente lembrado durante o evento, foi o Acadêmico e matemático Jacob Palis, que presidiu a ABC de 2007 a 2016. Palis foi essencial para o deslocamento do fórum para outros países além de sua sede, e levou o evento pela primeira vez para fora da Hungria ao promover a reunião ocorrida no Rio de Janeiro, em 2013.

Professora do Departamento de Bioquímica da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Helena B. Nader participou de uma sessão plenária sobre os limites éticos para o que a ciência pode alcançar e o que deve perseguir. A vice-presidente da ABC alertou para alguns dilemas que devem ser solucionados para o avanço da ciência, tais como: sobre publicações científicas, ter um sistema aberto, em que o autor pague para publicar, ou um sistema fechado, em que o público pague para ler? Novas tecnologias para a edição gênica devem ser limitadas ou não? Os bancos de dados devem ser abertos ou limitados, se abertos, para quem?

Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), integrou a mesa sobre agricultura sustentável. O debate se concentrou no impacto das mudanças climáticas na produção de alimentos, o que, no caso dos países em desenvolvimento e especialmente do Brasil, será grandioso no setor agropecuário.

Foram discutidos os conflitos de atingir o desmatamento zero e, ao mesmo tempo, reflorestar amplas áreas florestais; plantas novas florestas ou usar essas áreas para a produção de alimentos; e também o potencial embate entre a produção de biocombustíveis e a produção de alimentos.

A professora do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IFCS-UFRJ) e vice-presidente do Conselho Internacional de Ciência (ISC, na sigla em inglês), Elisa Reis, participou de duas sessões sobre diplomacia científica. Para Reis, o evento deixou evidente que ainda é preciso avançar mais, no entanto, o compromisso com a equidade de gênero e a participação do Sul Global na ciência tem feito progressos significativos.