O Maglev-Cobra completou cinco anos de operação experimental nesta terça-feira, dia 1º de outubro. O veículo da Coppe/UFRJ que levita sobre trilhos, sem emissão de poluentes, se prepara para entrar em uma nova fase com a troca de alguns componentes que permitirão condução autônoma, melhoria da tração linear, aumento na velocidade, e funcionamento em situações adversas, como trilhas íngremes, interrupção de energia ou chuvas e ventos fortes.

“Estamos prestes a conseguir apoio financeiro que nos permitirá, em dois anos e meio, operar um veículo construído em padrões industriais. Nós queremos ter uma produção que possa ser replicada em mil veículos idênticos”, disse o professor Richard Stephan, coordenador do projeto que foi desenvolvido no Laboratório de Aplicações de Supercondutores (Lasup) da Coppe.

Nesses cinco anos, o Maglev-Cobra já transportou cerca de 18 mil pessoas em uma linha experimental que liga os Centros de Tecnologia 1 e 2, na Cidade Universitária. Ele é o primeiro veículo no mundo a transportar passageiros utilizando a tecnologia de levitação magnética por supercondutividade.

O diretor da Coppe e membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC), professor Romildo Toledo, destacou na cerimônia o idealismo e a alegria da equipe que trabalha em um projeto como o Maglev-Cobra. “Uma das grandes motivações que temos como educadores e pesquisadores é o avanço do conhecimento, a formação de recursos humanos e o desenvolvimento de tecnologias. O trem de levitação da Coppe mostra o que somos capazes de fazer na universidade”, disse Romildo, lembrando que o caminho entre o desenvolvimento do conhecimento e a apropriação dele pela sociedade na forma de produtos é longo, mas vale a pena porque pode beneficiar muitas pessoas, no mínimo com a formação de recursos humanos. “Mas nós precisamos ir além, precisamos levar produtos que sejam de interesse da sociedade, como esse trem de levitação que poderá ligar diferentes pontos das cidades pelo mundo.”

O professor da Coppe/UFRJ Richard Stephan, o diretor da Coppe e Acadêmico, Romildo Toledo, e o vice-diretor da Escola Politécnica da UFRJ, Vinícius Cardoso

Durante a cerimônia de celebração pelo quinto aniversário da operação da linha experimental do veículo, que liga o Centro de Tecnologia ao Centro de Tecnologia 2, na Cidade Universitária, o professor Richard Stephan lançou o livro “Maglev-Cobra: uma breve retrospectiva”, no qual conta o passo a passo da evolução do projeto, além de detalhes de bastidores.

Vantagens do veículo: silencioso, baixo custo e não poluente

O Maglev-Cobra é uma alternativa de transporte para centros urbanos e apresenta uma série de vantagens se comparado a outros meios de transporte. A principal delas é o baixo custo de implantação por quilômetro, que é de cerca de 1/3 do valor necessário para implantação do metrô na mesma extensão. Sem contar que a operação do veículo é silenciosa e sem emissão de poluentes, pois o Maglev é movido à energia elétrica. Na linha experimental, por exemplo, painéis solares asseguram energia suficiente para movimentar o veículo que pode transportar até 20 passageiros por viagem.

O veículo circula a uma velocidade de 10 km/hora na trilha de 200 metros criada apenas para demonstrar a viabilidade da tecnologia de levitação, mas pode atingir até 100 km/hora ou mais, com segurança, em percursos mais longos. A ideia é ter em curto prazo uma linha de um quilômetro, onde o Maglev-Cobra poderá alcançar o nível nove de certificação em tecnologia pela escala TRL (Technology Readiness Level), proposta pela Nasa. Hoje, ainda se mantém no nível sete, que o capacita a operar em ambientes externos, mas quer atingir aquele que considera o veículo “aprovado para a missão”, após passar por um número de operações bem sucedidas, algo possível com o funcionamento diário. Não à toa não faltam interessados no Maglev-Cobra pelo mundo: os chineses, por exemplo, já foram atraídos pela tecnologia. Em 2017, inclusive, a Coppe e a universidade Southwest Jiaotong University (Swjtu), sediada em Chengdu, na China, firmaram parceria acadêmica para o desenvolvimento conjunto de novas tecnologias.