Nascida e criada no interior de Minas Gerais, Taís de Sousa sempre gostou de estudar. Cedo aprendeu que com disciplina e dedicação conquistaria seus objetivos. Atualmente, a nova afiliada da Academia Brasileira de Ciências tem direcionado seus esforços para a área de pesquisa, tratamento e diagnóstico molecular da malária.

Natural de Ipatinga, na região do Vale do Aço de Minas Gerais, Taís morou em sua cidade natal até o fim do ensino médio. Logo depois foi para Belo Horizonte, fazer um curso preparatório para o vestibular da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Embora tenha seguido carreira na área das ciências biológicas, Taís lembra que na escola suas matérias favoritas eram matemática e química. Fora das salas de aula, gostava de brincar com os amigos de pique-pega, esconde-esconde e pique-bandeira.

Foi no último ano do ensino médio que Taís optou pela biologia, graças a uma aula de genética. “Nesse caso, foi amor à primeira vista”, lembra a cientista. Entre 1999 e 2004, Taís cursou a graduação em ciências biológicas, focada no bacharelado em bioquímica e imunologia. E mais uma vez, foi na sala de aula que Taís decidiu por qual caminho seguiria: após uma aula sobre malária na UFMG, ela escolheu trabalhar na área da saúde humana.

Ao longo da faculdade, a Acadêmica participou de programas de estágio voluntário em botânica e microbiologia. Mas, após a entrada no bacharelado em bioquímica e imunologia, teve a oportunidade de trabalhar com o que realmente a fascinava. Fez então iniciação científica na Fiocruz Minas e passou a desenvolver pesquisas na área de biologia molecular aplicada à malária.

Logo depois de terminar a graduação, Sousa iniciou o mestrado na Fiocruz Minas, mas só por pouco mais de um ano. Isto porque, orientada pela professora Cristiana de Brito, reuniu todos os requisitos necessários para passar direto do mestrado para o doutorado, no período de um ano.

Entre 2004 e 2009, concluiu o doutorado em ciências da saúde com ênfase em biologia celular e molecular, pela Fiocruz Minas. Neste período, Taís casou e seu marido foi aprovado em um concurso público federal em Tocantins. Assim, tiveram que viver dois anos separados. Ela lembra: “Apesar de não ser uma situação confortável para nenhum dos dois, ele sempre me apoiou a continuar os estudos e entendia a dedicação exigida pela carreira que eu havia escolhido”.

No período de 2009 a 2011, a cientista faz pós-doutorado no Laboratório de Malária da Fiocruz, e nos três anos seguintes atuou como pesquisadora visitante por lá. Hoje, a Acadêmica atua como pesquisadora do Laboratório de Malária, com foco no tratamento e no diagnóstico molecular da doença. “Dentro de tratamento da malária, estamos investigando alguns dos fatores humanos e também do parasito que podem levar à falha terapêutica”, explicou Sousa.

Sobre o diagnóstico molecular da malária, Taís de Sousa explicou que pretende desenvolver um protocolo mais sensível de detecção e quantificação de DNA do parasito na saliva do paciente, utilizando um droplet digital PCR. Este projeto recebeu financiamento internacional da Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene, em 2017.

“A minha maior motivação em fazer ciência é a possibilidade de gerar conhecimento que contribua para o bem-estar das pessoas”, compartilhou Sousa. Sobre o título de membro afiliado da Academia Brasileira de Ciências, a cientista se mostrou muito feliz por poder representar outros tantos jovens pesquisadores que se dedicam a ciência, em um país onde a pesquisa ainda é tão desvalorizada. E completou: “Como afiliada da ABC, a minha expectativa é contribuir para o fortalecimento da participação dos jovens pesquisadores na ciência brasileira”.