A vice-presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Helena Nader, foi eleita copresidente da Rede InterAmericana de Academias de Ciências (Ianas, na sigla em inglês), em assembleia geral realizada no final de maio, em Bogotá, Colômbia. A Ianas é uma rede regional de academias de ciências, criada para apoiar a cooperação para o fortalecimento da ciência e tecnologia como uma ferramenta para o avanço da pesquisa e desenvolvimento, prosperidade e equidade nas Américas.
A Rede possui seis programas de atuação e a ABC possui representação em quatro deles: Águas, com o Acadêmico José Tundisi; Ensino de Ciências, com a Acadêmica Débora Foguel; Mulheres para a Ciência, com a diretora Marcia Barbosa; e Energia, onde o Acadêmico Edson Watanabe participará como ponto focal. Na assembleia ocorrida em maio, os representantes das academias de ciências das Américas fizeram uma avaliação desses programas e também realizaram um balanço muito positivo de uma iniciativa voltada para a Segurança Nutricional e Alimentar, que resultou numa publicação cuja redação do capítulo brasileiro foi liderada pelos Acadêmicos Elibio Rech e Evaldo Vilela.
Essa é a segunda vez que um membro da Academia assume a prestigiosa posição, que também já foi ocupada por Hernan Chaimovich, então vice-presidente da ABC, eleito na assembleia geral de fundação da Rede, em 2004, realizada em Santiago, no Chile. Segundo Chaimovich, que representou a Academia na assembleia de 2019 e foi homenageado com os demais ex-presidentes da Ianas, uma das principais tarefas da nova diretoria será ampliar a capacidade de ação de Ianas, visando o fortalecimento de seus programas. Para tal, é necessária uma avaliação que mensure o impacto efetivo de cada um destes, o que permitirá eventuais ajustes de rumo e ajudará na captação de recursos para dar, aos mesmos, maior musculatura.
Outro desafio fundamental é a ampliação da capacidade da Rede de reverberar a voz da ciência nas Américas, assim contribuindo para que os processos nacionais e regionais de formulação de políticas públicas levem em consideração a evidência científica. Em um tempo em que o sentimento anticiência se faz presente na sociedade e em alguns governos da região, a Ianas tem um papel importante de, junto com as academias de ciências do continente, mobilizar a comunidade científica regional, para que o processo decisório na região não seja embasado em crendices e superstições.
Já nas palavras da atual vice-presidente da ABC, Helena B. Nader, Ianas desenvolveu, em seus 15 anos de existência, um trabalho de grande impacto para a ciência e a educação nas Américas, estreitando os laços de cooperação entre as diversas academias. Segundo Nader, alguns dos programas da Rede tiveram repercussão regional e global, como no caso dos programas de Águas e Mulheres para a Ciência, entre outros.
Participantes da assembleia geral de Ianas, sediada em Bogotá, em maio de 2019.
Como primeira mulher copresidente dessa relevante instituição, Nader deseja trabalhar pela continuidade dessa excelência via diferentes iniciativas, tanto de interesse local, como regional e global. A vice-presidente da ABC pretende trabalhar para que as academias tenham vozes cada vez mais relevantes, defendendo a ciência e sendo ouvidas pelos governos, sempre levando para as discussões políticas a melhor evidência científica disponível para subsidiar decisões. Outra prioridade deve ser a ampliação da cooperação visando a capacitação das academias da região, mediante troca de informações e experiências, sempre buscando promover a equidade e com base na Agenda 2030 da ONU.