A mesa-redonda “Mulheres na Ciência” aconteceu no quinto dia de atividades da 70ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), realizada entre 22 e 28 de julho neste ano. A conversa foi coordenada pela Prof. Dra. Vanderlan Bolzani, membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e vice-presidente da SBPC. Ela recebeu os palestrantes Ronaldo Mota, da Universidade Estácio de Sá (Unesa), Vera Val, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), e Marcia Barbosa, professora titular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e membro da Diretoria da ABC.

O debate, que ocorreu na Universidade Federal de Alagoas (UFAL), lotou a biblioteca central do auditório, com ouvintes acompanhando sentados no chão ou até mesmo em pé. O público se mostrou muito engajado e participou ativamente do debate.

As cientistas e o cientista falaram sobre a participação das mulheres na Ciência, especialmente sobre sua ausência nas ciências exatas. Mostraram como é inferior a porcentagem de mulheres na área, e como esse número vai diminuindo ao longo do crescimento na carreira. Um relatório elaborado pela empresa de informações analíticas Elsevier e apresentado no evento mostrou que em nove de 12 países e regiões comparados, mais de 40% dos pesquisadores são mulheres. Mas, quando se aplica esta análise ao campo das ciências físicas, as mulheres correspondem a menos de 25% dos pesquisadores da área.

A Acadêmica Marcia Barbosa acrescentou vários dados estatísticos e explicou que os números não irão mudar se nenhuma medida for tomada, e atentou para a necessidade das instituições seguirem códigos de ética e conduta para combater o assédio moral e sexual. A palestrante Vera Val também tratou do tema, e falou sobre a discriminação de gênero na região Norte do país.

Durante a mesa-redonda foram lembradas algumas brilhantes cientistas que só foram reconhecidas tardiamente pela História. Sobre o tema, Ronaldo Mota prestou tributo a Hildegard von Bingen, freira e cientista que viveu na Alemanha do século XII.

Bolzani, como coordenadora do encontro, também provocou algumas questões. Ela apontou para a pequena ocupação feminina de cargos superiores. “Sempre fui muito estudiosa e acho que fazer ciência é  fascinante e ideal para  mulher. Exige observação, curiosidade e muita disciplina, características de mulher. Mas, atualmente, sinto que a competição é pesada e se não tivermos uma certa ousadia nós vamos ficar para trás! É por isto que não temos muitas mulheres reitoras, presidentes, etc.”, afirma a Acadêmica, que foi até hoje a única presidente mulher da Sociedade Brasileira de Química (SBQ).

Durante o evento, não só foram discutidos dados e estatísticas como também soluções para combater a desigualdade de gênero no ambiente científico. Em conversa com o público, os palestrantes debateram a criação de um núcleo de estudos de gêneros na SBPC e até mesmo uma SBPC Mulher.

No sexto dia de atividades, as Acadêmicas Vanderlan Bolzani e Marcia Barbosa ainda integraram a conferência “Mulheres na Ciência: Por que ainda somos tão poucas?”. Para ler o artigo homônimo de Vanderlan Bolzani, clique aqui.