Nos dias 20 e 21 de fevereiro foi realizado em Ipatinga, Minas Gerais, o seminário preparatório para o 8º Fórum Mundial da Água, que acontece de 18 a 23 de março, em Brasília. Intitulado “Compartilhando Águas: do Local Ao Global – Enfoques sobre Qualidade das Águas na América Latina e no Caribe, Gestão Integrada de Territórios Hídricos e os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”, o encontro reuniu representantes de mais de 20 países.
Organizado pela Prefeitura Municipal de Ipatinga, pelo Instituto Espinhaço, pela Unesco e pela Rede Interamericana de Academias de Ciências (Ianas, na sigla em inglês), o seminário foi realizado na Faculdade de Direito de Ipatinga e contou com conferências de autoridades brasileiras e internacionais, provenientes da América do Norte, América Central, Caribe e América do Sul. A ABC foi representada pelo Acadêmico Carlos Eduardo de Matos Bicudo, que integra o Grupo de Estudos da ABC sobre Recursos Hídricos no Brasil.
O encontro teve como foco promover o intercâmbio de experiências entre países em boas práticas, políticas públicas e gestão integrada de recursos hídricos. Conscientizar a sociedade acerca da importância da água como elemento essencial para a vida, para o desenvolvimento dos territórios e para a manutenção do planeta também foi um dos objetivos do seminário.
Com um interessante mix de participantes, oriundos do meio acadêmico, dos setores público e privado, e da sociedade civil, o encontro buscou indicar a necessidade de compromissos políticos que contribuam para elevar o tema água na agenda de prioridades dos governos e das organizações da sociedade civil. Em sua conferência, Carlos Bicudo discorreu sobre os problemas e desafios para a gestão de águas no país.
O Acadêmico apresentou um panorama histórico que cobriu os últimos 30 anos, indicou a importância do marco legal estabelecido a partir da Lei 9433 de 1997 e os entraves à implementação efetiva da política nacional de recursos hídricos. “A gestão compartilhada dos recursos hídricos torna-se um desafio para a sociedade, pois os recursos financeiros públicos se diluem diante do aumento da população, dos problemas ambientais e da crise econômica global”, afirmou Bicudo.
Segundo o Acadêmico, se o Brasil quiser continuar se beneficiando da sua extensão territorial e sua posição geográfica no planeta para se manter como um grande produtor de commodities terá de pensar na melhoria da gestão de seus recursos hídricos. “Como o país irá lidar se tiver que enfrentar uma escassez de água no futuro próximo”, questionou ele.
Para Bicudo, a sociedade brasileira precisa cuidar, urgentemente, de suas águas. “Para que elas não se tornem escassas ou impróprias para o consumo humano”, acrescentou o pesquisador, que sugeriu que seja criada uma rede de estudos que integre dados sobre a qualidade da água e da saúde humana.