Sucesso de público e mídia, o Simpósio Internacional sobre Zika, realizado por uma parceria entre Academia Brasileira de Ciências (ABC), Academia Nacional de Medicina (ANM), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Rede Interamericana de Academias de Ciências (IANAS), fez mais do que promover o compartilhamento de informações e experiências relacionadas às pesquisas sobre o vírus. O evento, que aconteceu em novembro no Rio de Janeiro e reuniu 60 especialistas de 13 países, também teve como objetivo ampliar a cooperação internacional.

Um dos organizadores do evento, o Professor Emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e membro da ABC e ANM Marcello Barcinski explicou que uma das motivações do simpósio foi buscar a incorporação progressiva de academias de medicina a IANAS. Atualmente, a rede conta com 22 membros e um membro observador, das Américas do Sul, Central e do Norte. Os membros são, de modo geral, academias e sociedades científicas, mas agora a ideia é ampliar a atuação de IANAS na área médica.

Marcello Barcinski, durante o Simpósio Internacional sobre Zika. Crédito: Gutemberg Brito/IOC/Fiocruz

“Para trazer as academias médicas para IANAS, a ABC e a ANM tiveram a ideia de, em vez de fazer convites formais para as academias, criar um programa de saúde da rede”, explicou Barcinski. IANAS já tem programas em outras áreas, como recursos hídricos, educação científica e mulheres na ciência, mas, até então, não tinha um programa voltado para a área médica. Assim, a iniciativa de promover um simpósio internacional sobre zika teve como um dos motes a formação desse programa.

“Nós imaginávamos fazer um congresso sobre outro tema, que era doenças veiculadas por água, mas surgiu essa emergência, primeiramente nacional e depois mundial, em zika”, acrescentou o médico. “Então, nossos esforços se voltaram para esse tema e convidamos as academias de medicina das Américas a participarem.” O plano veio de encontro a uma ideia que a Fiocruz também já tinha de fazer um simpósio sobre zika por conta da decretação de emergência pelo Ministério da Saúde completar um ano em novembro.

A partir das discussões travadas nos quatro dias de evento, a ideia foi aprimorada e decidiu-se, então, formar um Programa de Vigilância Epidemiológica em Emergências em Saúde Pública nas Américas. A ideia é criar uma rede de colaboração nessa área, com troca de reagentes, de expertise nas doenças etc. A inciativa começou a ser construída com as academias que foram ao evento – Argentina, Bolívia, Equador, México, Peru, Estados Unidos e Venezuela.

“Alguns países têm uma dificuldade grande nessa área e podem aprender muito sobre as diversas doenças”, afirmou Barcinski. “Zika, por exemplo, tem características no Brasil que não tem na Colômbia, na Venezuela. Será um programa de vigilância que trará consigo uma possibilidade de interação muito grande entre pesquisadores dos países participantes.”

Barcinski mencionou, ainda, um programa paralelo de jovens lideranças médicas que é desenvolvido na ANM e que vem funcionando muito bem. “A proposta é estender esse programa para Colômbia, México e Argentina. No bojo desse projeto, pretendemos fazer até meados de 2017 uma primeira reunião que também já seria um piloto do Programa de Vigilância em IANAS.”

Ausência do Ministério da Saúde

O Acadêmico criticou o fato de representantes do Ministério da Saúde não terem se interessado em participar do Simpósio Internacional sobre Zika, apesar dos diversos convites feitos. “A resposta de todos os participantes foi muito positiva no sentido de aceitarem vir; inclusive tivemos a presença de representantes da ONU e da Organização Panamericana de Saúde, mas não tivemos a mesma resposta do corpo técnico do Ministério da Saúde. A participação deles faria sentido – eles poderiam dar, por exemplo, uma conferência inicial sobre a situação atual das arboviroses no Brasil, mas sistematicamente se recusaram a vir.”

“É muito importante frisar, contudo, que o posicionamento dos técnicos do Ministério da Saúde não foi o do ministro da Saúde, Ricardo Barros, que fez questão de participar da abertura da reunião”, enfatizou Barcinski. O ministro só não compareceu por ter sido convocado emergencialmente para uma reunião com o presidente, Michel Temer.

Confira algumas reportagens sobre o Simpósio Internacional sobre Zika veiculadas na imprensa nacional e internacional:

Fantástico, TV Globo
Anúncio de emergência pela zika faz um ano; saiba como ciência avançou

Jornal Nacional, TV Globo
Pesquisadores alertam para mais um verão de combate ao mosquito Aedes aegypti

RJ TV I, TV Globo
Simpósio internacional discute efeitos do vírus da zika

RJTV II, TV Globo (a partir de 35 minutos):
Remédio que trata o Alzheimer pode barrar avanço da zika em bebês

Bom Dia RJ, TV Globo
Especialistas debatem futuro dos bebês que tiveram contato com vírus da zika no útero

Bem Estar, TV Globo
Simpósio discute novas descobertas sobre o vírus da zika

Edição das 18h, Globo News
Teste para diagnóstico do vírus da Zika é aprovado pela Anvisa

Edição das 10h, Globo News
Evento reúne cientistas para debates sobre o vírus da Zika

Jornal do Rio, TV Band
Congresso com especialistas em zika Vírus é realizado no Rio

Repórter Brasil, TV Brasil
Especialistas discutem, no Rio, avanços e desafios no combate ao Zika vírus

O Globo
Aumento da temperatura reaviva o medo de epidemia de chicungunha

Extra
Em evento no Rio, primeira pesquisadora a relacionar zika com microcefalia alerta para casos que não estão sendo notificados

Agência EFE I, Espanha
Expertos analizan medidas para frenar el zika en foro internacional en Río

Agência EFE II, Espanha
Expertos confían en contar con la vacuna contra el zika en 2019

Agência EFE III, Espanha
Zika, el virus subestimado en países ricos a un año del brote