Pesquisa desenvolvida pela doutoranda do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) Tiara Sousa Cabral descobriu uma nova espécie de cogumelo.

A nova espécie foi nomeada de Geastrum inpaense, em homenagem ao Inpa

 

Trata-se do macrofungo nomeado de Geastrum inpaense, em homenagem ao Inpa, coletado no Campus I do Instituto. O estudo contribuirá para a expansão do conhecimento sobre fungos na Amazônia Central.

Além dessa descoberta inédita, outras 11 espécies de fungos também foram registradas, entre elas a primeira ocorrência de Mutinus fleischeri para o continente americano; Phallus atrovolvatuspara o Brasil; e as espécies Geatrum lloydianum, Geatrum schweinitzii, Phallus merulinus e Staheliomyces cinctus como novos registros para a Amazônia Central.

”O cogumelo Geastrum inpaense recebeu este nome por ter sido coletado no principal ponto de encontro diário da comunidade do Inpa, a cerca de três metros da cantina, no Campus I, situado na Avenida André Araújo”, conta a membro afiliada da Academia Brasileira de Ciências, Noemia Kazue Ishikawa, pesquisadora do Inpa do Grupo de Pesquisas com Cogumelos da Amazônia, da Coordenação de Biodiversidade (Cbio/Impa), e integrante do Instituto Nacional de Ciências e Tecnologia/Centro de Estudos Integrados da Biodiversidade Amazônica (INCT/Cenbam).

Os resultados da pesquisa desenvolvida em 2011 fazem parte da tese de doutorado de Tiara Cabral, do Programa de Pós-Graduação em Genética, Conservação e Biologia Evolutiva, sob a orientação do pesquisador do Impa Charles Clement. Para a doutoranda, embora numerosas espécies de fungos tenham sido encontradas na Amazônia, estudos envolvendo gasteróides são ainda emergentes.

 

Sobre os fungos

A doutoranda explica que os fungos são organismos imprescindíveis para o funcionamento dos ecossistemas terrestres, sendo responsáveis pela decomposição de matéria orgânica e pela reciclagem de nutrientes nas florestas. Já os fungos gasteróides, ainda segundo Cabral, apresentam uma vasta diversidade morfológica e ampla distribuição geográfica.

”Os gasteróides são fungos que possuem a liberação dos esporos de forma passiva, ou seja, dependem de forças externas para liberação e consequente dispersão dos esporos. Essa dispersão pode se dar por insetos, ou ainda por correntes de ar, como ocorre em espécies do gênero Geastrum”, explicou.

Para o pesquisador Clement, a contribuição do trabalho para o estudo filogenético de fungos reduz o desconhecimento sobre este grupo de organismos tão importante nos ecossistemas e na economia.

Clement explica que no relatório ”Avaliação do Estado do Conhecimento da Biodiversidade Brasileira”, coordenado pelo pesquisador da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Thomas Lewinsohn, estima-se que a diversidade de fungos engloba 1,5 milhões de espécies, mas somente 72 mil têm sido descritas no mundo e apenas uma fração minúscula deste total foi descrita na Amazônia.

 

Publicação

Com o título ”Uma nova espécie e novos registros de fungos gasteróides (Basidiomycota) da Amazônia Central, Brasil”, o artigo com os resultados da pesquisa que descreve a nova espécie de cogumelo foi publicado recentemente na revista Phytotaxa.

O artigo é uma produção científica em parceria com os professores Iuri G. Baseia e Bianca D. B. da Silva, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), por meio do Programa Nacional de Apoio ao Desenvolvimento da Botânica (PNADB/Capes).

Também são coautores do artigo, Donis S. Alfredo, do Programa de Pós-Graduação em Sistemática e Evolução da UFRN, e Ricardo Braga Neto, egresso do Programa de Pós-Graduação em Ecologia do Inpa e atual bolsista do INCT Herbário Virtual da Flora e dos Fungos.

A publicação do artigo contou com o apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do INCT-Cenbam.