A Academia Brasileira de Ciências (ABC) recebeu, no dia 7 de novembro, uma delegação vinda da Rússia para discutir parcerias na área de ciência e tecnologia entre esse país e o Brasil. O encontro, intitulado ”Inovação em ação – Workshop Especial Brasil-Rússia”, reuniu representantes de universidades, institutos de pesquisa, agências de fomento, indústrias e governos, dos dois lados.

Participantes do Workshop Especial Brasil-Rússia, no auditório da ABC

 

A reunião realizada na sede da ABC teve como foco o diálogo com instituições estabelecidas no Rio de Janeiro, já que a delegação russa seguiria, posteriormente, para Brasília, Minas Gerais e São Paulo, para encontros semelhantes. Pelo lado brasileiro, participaram do evento o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), o Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ), o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e a Vale.

Segundo o Acadêmico Renato Cotta, que coordenou o workshop, o objetivo foi aproximar os agentes da inovação dos dois países, com atores de diferentes segmentos que participam desse processo. ”Isso porque inovação não se resume a um técnico ou cientista desenvolvendo algum processo inovador. Ela começa desde a demanda da sociedade, com a indústria de um lado e, do outro, o incentivo das agências de fomento e as política públicas de governo que as instrumentalizam”, explicou o engenheiro, contando que a iniciativa para se estabelecer essa parceria partiu da delegação russa.

Pelo lado da Rússia, participaram do encontro representantes do setor universitário, incluindo a Moscow Technological University; da Russian Venture Company (que pode ser comparada a uma Finep russa) e de empresas, além do vice-ministro do Desenvolvimento Econômico, Artem Shadrin.

Para o diretor de inovação da Finep, Fernando Ribeiro, que representou a instituição no workshop, esse diálogo foi importante porque o Brasil precisa buscar novos parceiros. ”Tivemos, durante muito tempo, a ideia de que poderíamos desenvolver nossa ciência, tecnologia e indústria de forma autônoma. Mas está claro que precisamos nos abrir para a competição e buscar parcerias onde elas existam.”

De acordo com Ribeiro, apesar de geograficamente distante, a Rússia tem características semelhantes às do Brasil. ”São territórios enormes, com grande população, economia diversificada e uma forte base científica. Há diferentes segmentos e áreas do conhecimento em que poderíamos trabalhar a cooperação – não apenas aqueles que já têm essa tradição, mas também outros em que o acesso à tecnologia, por questões estratégicas, muitas vezes é difícil de ser obtido com parceiros mais tradicionais do Brasil.”

Ribeiro citou como exemplos as áreas nuclear e espacial, cuja tecnologia a Rússia domina. Ele também mencionou a agroindústria. ”Recentemente, passamos por um aperto nas barreiras sanitárias de exportação de alimentos. Ter programas fortes de intercâmbio ajuda a quebrar essas barreiras.”

A coordenadora da delegação russa, Evgeniya Shamis, destacou que, além de estimular a colaboração entre Rússia e Brasil e encontrar parceiros concretos, outro propósito da visita foi o de conhecer iniciativas inovadoras em diferentes estados do Brasil que possam ser implementadas em regiões de seu país. ”Não queremos copiar, pois já temos o nosso sistema, mas estamos procurando soluções pontuais em nível regional”, comentou.

Segundo Evgeniya, as áreas prioritárias dessa nova cooperação seriam engenharias, ciências espaciais, tecnologia da informação e comunicação, medicina, óleo e gás e educação.