O Comitê Executivo do Painel Médico InterAcademias (IAMP, na sigla em inglês) se reuniu no dia 17 de outubro em Berlim, na Alemanha, para discutir projetos, colaborações e novas iniciativas. Criada em 2000, a rede abrange Academias de Medicina e a área de Saúde das Academias de Ciências e Engenharia de todo o mundo.

A missão do IAMP é trabalhar pela melhoria da saúde global, fortalecendo a capacidade das Academias de prover os governos de informação científica consistente que possa subsidiar as políticas de saúde pública. Também apoia a criação de novas Academias e dá suporte a projetos de seus membros voltados para o fortalecimento da pesquisa e da educação superior em seus países. Atualmente, o IAMP conta com 73 Academias de todo o mundo.

Atividade do programa Young Physician Leaders, do IAMP

 

O Brasil é representado na rede pela Academia Nacional de Medicina (ANM) e pela Academia Brasileira de Ciências, na pessoa do Acadêmico Eduardo Moacyr Krieger, diretor de Relações Internacionais do Instituto do Coração da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (InCor-FMUSP). Ele conversou com o NABC sobre os principais pontos trabalhados na reunião de outubro.

Um dos mais importantes foi o fortalecimento da integração com a Rede Global de Academias de Ciências (IAP) e o Conselho InterAcademias (IAC), que já vem acontecendo há alguns anos e que é chamada de ”interacademy partnership”. ”Vemos essa colaboração com muito entusiasmo, pois aproveitamos a experiência destas redes e aceleramos a cooperação da América Latina em medicina”, afirmou Krieger, destacando, ainda, a importância da integração também com a Rede InterAmericana de Academias de Ciências (IANAS).

Segundo Krieger, essa colaboração entre as redes também é importante por conta da experiência que elas têm em educação de ciências, que pode ser aproveitada para se estabelecer um programa de educação e prevenção em saúde próprio do IAMP. ”Ou seja, levamos em conta a possibilidade de a área da saúde usar a experiência da educação em ciência para que, por exemplo, as crianças aprendam bons hábitos, o prejuízo do fumo, da obesidade, entre outros conhecimentos.”

O Acadêmico ressaltou, ainda, a importância de a reunião do Comitê Executivo do IAMP acontecer no âmbito da Cúpula Mundial de Saúde (WHS), realizada pelo 5ª vez em Berlim, com a participação da Aliança M8 de Centros Acadêmicos de Saúde e Faculdades de Medicina. Desta forma, a capital alemã vem concentrando as atividades relacionadas às ciências da saúde e possibilitando discussões fundamentais. ”Esse encontro reúne não apenas pessoas das faculdades de medicina e das Academias, mas também das empresas, então acontece um debate global – não apenas sobre os avanços científicos, como também sobre suas implicações.”

A WHS reúne em torno de 1.200 pessoas anualmente, de todas as partes do mundo, e debate temas de importância global – no encontro desse ano, por exemplo, um dos assuntos amplamente discutido foi a propagação do ebola. Assim, a reunião do Comitê Executivo do IAMP tirou proveito de um ambiente rico de ideias, além de conferir às Academias uma visibilidade maior.

A WHS conta também com encontros regionais realizados anualmente, em abril. O primeiro aconteceu em 2013, em Cingapura, e o deste ano foi em São Paulo, na Faculdade de Medicina da USP – que presidiu a edição de 2014 da Cúpula Mundial de Saúde, em Berlim. O encontro regional de 2015 será realizado em Kyoto, no Japão. ”É interessante porque esses encontros colocam em contato atores que, normalmente, não se reúnem”, comentou Krieger.

Ele lembrou que um dos programas bem sucedidos que nasceram em Berlim foi o Young Physician Leaders (YPL), cujo encontro anual também aconteceu em meados de outubro, nesta cidade. Lançado pelo IAMP em 2011, em parceria com a WHS e a M8 Alliance, o YPL visa desenvolver lideranças entre os profissionais de saúde e incorporar programas de treinamento voltados para esse aspecto no currículo médico. No encontro deste ano, os 20 jovens médicos, oriundos de 16 países, se juntaram a quatro ex-alunos de edições anteriores, que atuaram como mentores durante o workshop. Saiba mais.

Os jovens participantes são selecionados pelas Academias membros do IAMP. Neste ano, um comitê bilateral, coordenado pelos Acadêmicos Marcello Barcinski e Eliete Bouskela, foi responsável pela escolha dos dois brasileiros participantes: Otavio Berwanger, do Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital do Coração (HCor), e Rodrigo Perez, do Hospital das Clínias da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP). Ao todo, oito brasileiros já participaram do YPL.