No dia 17 de outubro, foi realizada a 24ª Sessão Ordinária da Academia Brasileira de Ciências (ABC) em Recife, no auditório do Centro de Tecnologia e Geociências da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), como uma das atividades da vice-presidência regional Nordeste e Espírito Santo da ABC.

Com 150 participantes, o encontro foi coordenado pelos Acadêmicos Alcides Nóbrega Sial e Valderez Pinto Ferreira. O foco das comunicações científicas – onze, no total – foram as ciências da Terra, contando com apresentações multidisciplinares na parte da tarde.

Compuseram a mesa o pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação da UFPE; Francisco Ramos; o diretor do Centro de Tecnologia e Geociências da UFPE, Alexandre Schuler; o vice-presidente regional da ABC, Cid Bartolomeu de Araújo, e o Acadêmico Alcides Nóbrega Sial.


Mesa de abertura

O professor titular do Departamento de Geologia e Recursos Naturais do Instituto de Geociências da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Carlos Roberto de Souza Filho, proferiu a palestra de abertura, apresentando estudos de casos realizados no Brasil e na Austrália sobre planetologia comparativa, utilizando análogos Terra-Marte.

Em seguida, a zoóloga da UFPE Juliana Manso Sayão, membro afiliado da ABC, falou sobre a caracterização paleobiológica em Arcossauros por meio de análise paleohistológica dos ossos apendiculares. A geologia precambriana de Camarões e da África Central foi o tema do geólogo Jean Pierre Tchouankoue, da Universidade de Yaoundé, na República dos Camarões.

Coube a Andrés Bustamante, do Departamento de Geologia da UFPE, apresentar seus resultados de pesquisa sobre xistos azuis nos Andes do Norte e sua relação com a evolução da Placa do Caribe, resumindo os progressos realizados nos últimos anos no conhecimento sobre a evolução tectônica de uma das áreas mais complicadas do planeta.

A programação da tarde foi iniciada por Natan Silva Pereira, do Laboratório de Isótopos Estáveis do Núcleo de Estudos Geoquímicos da UFPE (NEG-Labise), que discorreu sobre seu trabalho no atol das Rocas, no qual foram utilizados, pela primeira vez, isótopos de cromo, além de isótopos de carbono e oxigênio no estudo de corais.

Conceitos fundamentais sobre a luz e suas múltiplas aplicações foram tratados pelo membro afiliado da ABC Edilson Lucena Falcão Filho (foto ao lado), do Departamento de Física da UFPE, em palestra intitulada ”Luz: um instrumento da ciência e tecnologia”.

Em seguida, o geólogo Ramsés Capilla do Centro Leopoldo Miguez da Petrobras no Rio de Janeiro (Cenpes) discorreu sobre as cianobactérias e a economia mundial, dando uma visão do pré-cambriano ao pré-sal. Abordou características das cioanobactérias, o primeiro registro de sua aparição na Terra e seu papel na geração de recursos naturais, assim como as sobre localidades do território brasileiro em que elas são estudadas.

”Quando tamanho era documento”. Este foi o título da palestra do Acadêmico Diogenes de Almeida Campos (foto ao lado), paleontólogo da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), no Rio de Janeiro. Ele fez apresentou detalhes sobre a evolução dos dinossauros e sua possível evolução para pássaros.

Já a Acadêmica Valderez Ferreira reportou um caso raro de formação de magma de natureza shoshonítica na crosta continental inferior, de cerca de 572 milhões de anos atrás. Abordou a assimilação crustal e cristalização fracionada no Pluton Guaraní, no Domínio Pernambuco-Alagoas, apresentando evidências a partir de isótopos de estrôncio, neodímio e oxigênio.

Para encerrar a sessão de palestras científicas, o Acadêmico Alcides Sial enfocou a transição da Era Mesozoica para Era Cenozoica – cerca de 66 milhões de anos atrás -, quando se deu uma das cinco maiores extinções em massa conhecidas no planeta Terra, dentre elas a dos dinossauros. Ele utilizou a concentração de mercúrio em sedimentos depositados como registro do importante vulcanismo ocorrido no Deccan, na Índia Central, contemporâneo a esta transição.

 

A reunião foi encerrada com um coquetel.