O Seminário Centros Globais de Pesquisa e Desenvolvimento em Tecnologia da Informação e Comunicação, no Rio de Janeiro, discutiu com empresas as barreiras e os avanços para o desenvolvimento de pesquisas no setor. O secretário de Política de Informática do MCTI, Virgílio Almeida comentou o papel das tecnologias da área, as TICS, no aumento da competitividade da indústria e incluir o Brasil nas cadeias globais.

”Elas são vetores que levam a inovação aos demais setores”, afirmou Virgílio, na abertura do encontro, promovido pelo MCTI, no Instituto Tércio Pacitti, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), nesta quarta-feira (17).

Virgilio abordou ações de fomento à indústria de software no Brasil, para enriquecer o ambiente de inovação no país. Entre as iniciativas está a atração de centros globais de empresas estrangeiras; o incentivo à indústria do país para criar centros de pesquisa e desenvolvimento (P&D); a indução do uso e da absorção das pesquisas produzidas no Brasil; e o estreitamento dos laços entre as universidades e as empresas. ”Precisamos desenvolver o produto no país e vender para o mercado externo”, resumiu o secretário (leia mais).

O evento abriu espaço para empresas que assinaram memorandos de entendimento para a instalação, no país, de centros globais de P&D e para outras que foram contempladas com chamada pública para contratação de bolsistas por temporada. Os executivos apresentaram seus projetos e compartilharam experiências.

Para o diretor de Engenharia, Ciências e Exatas, Humanas e Sociais do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTI), Guilherme Sales Melo, boa parte da inovação depende de educação, ciência e tecnologia. ”Temos de ter cada vez mais empresas participando da inovação e no edital tivemos de ser suficientemente flexíveis para atender às necessidades científicas e tecnológicas da indústria”, pontuou.

 

Apresentações e discussões

As empresas estrangeiras com centros globais instalados no Brasil apresentaram seus projetos na primeira parte do seminário. A diretora de P&D da EMC2, Karin Breitmann, levantou a discussão sobre propriedade intelectual. ”A titularidade das patentes tem de ficar com quem vai desenvolvê-las. A patente tem de ser uma garantia de negócio”, argumentou. A companhia tem foco em big data, armazenamento e uso de grande volume de dados.

O gerente do Centro de P&D da Huawei, Tito Ocampos, relatou que o grupo enfatiza a produtividade e que a Lei de Informática dá estabilidade para investimentos em pesquisa no Brasil. ”Nosso foco é em projetos que atendam ao dia a dia e na evolução dos produtos”, contou. O líder do Centro de Excelência em Software e Produtividade da GE, Marcelo Blois, comentou os investimentos em capacitação. ”Queremos aumentar o relacionamento com as universidades”, disse.

Segundo o diretor internacional da Baidu, Ning Lei, a empresa, que já tem 30 milhões de usuários de aplicativos no país, ainda se prepara para instalar seu centro de P&D no Brasil. ”O acordo foi assinado em julho”, informou.

 

Bolsas

A segunda parte do encontro foi dedicada às empresas contempladas com o edital para contratação de bolsistas. Segundo o gerente de Pesquisa da IBM, Renato Fontoura de Gusmão Cerqueira, a empresa contará com dez bolsas para pós-doutores. ”Os profissionais atuarão em pesquisa sobre o uso da computação cognitiva, para gerenciamento e exploração de recursos naturais”, expôs. A Intel, por sua vez, vai intensificar as pesquisas em parceria com as universidades. ”Já fizemos workshops acadêmicos e vários papers já foram publicados”, disse o gerente de P&D, Fábio Tagnin.

Já o pesquisador titular do Instituto Tecnológico Vale (ITV) e Acadêmico Cleidson Ronald Botelho de Souza ressaltou que a Vale investe na criação de novos negócios. ”Nas pesquisas avançadas conseguimos identificar soluções para segurança a partir da nossa experiência em logística”, comentou. A gerente de Inovação do CPqD, Cláudia Piovesan Macedo, ressaltou o investimento do centro em pesquisas para ampliar a competitividade. ”O objetivo é capitalizar a demanda do mercado”, resumiu.

Por último, o diretor de P&D da Freescale, Armando Gomes, compartilhou a experiência do Discovery Labs. ”Esse laboratório desenvolve projetos baseados em ideias inovadoras de pesquisadores e, quando estas se tornam viáveis, são aproveitadas pela empresas”, explicou.