Foi realizado no dia 14/4, pela diretoria da Finep, o segundo debate sobre o Plano de Fomento à Ciência Brasileira. O evento contou com a palestra do físico Luiz Davidovich, professor da UFRJ e diretor da Academia Brasileira de Ciências. Davidovich, que foi secretário-geral da 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI), em 2010, apresentou as principais considerações da conferência para abrir o debate sobre a formulação do plano. Estiveram presentes, além dos diretores da casa e do presidente Glauco Arbix, os membros do Conselho Consultivo da Finep.
A CNCTI foi a mais recente grande discussão sobre a ciência brasileira. Há quatro anos, em Brasília, grandes nomes do país nas áreas de C,T&I se reuniram para pensar numa política de ciência, tecnologia e inovação que promovesse o crescimento sustentável do país para os próximos dez anos. De lá para cá, muita coisa mudou. Outras, nem tanto. De acordo com o professor Luiz Davidovich, o Brasil evoluiu, mas continua aquém do seu potencial. “Em 2008, 1,09% do PIB era investido em P&D no Brasil. Hoje, não está muito diferente disso”, indicou o acadêmico, apontando outro gargalo nacional. “O Brasil forma poucos engenheiros. Os dados de 2010 mostram que apenas 6% dos graduados no país escolhem a profissão, enquanto na China 35% dos formandos cursam engenharia”.
Outro dado importante levantado pelo professor é o número de pesquisadores por mil habitantes no país. Segundo ele, o Brasil está muito longe da média da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE): 1,2, contra 7,6.
Um dos destaques da última CNCTI, segundo Davidovich, foi a palestra do economista Ignacy Sachs, que ressaltou o papel de liderança que o Brasil poderia exercer no futuro das chamadas biocivilizações, devido à abundância de recursos naturais e à capacidade de pesquisa instalada no país. “O Brasil tem nas suas matrizes energéticas as soluções mais limpas do mundo, as características do país são muito favoráveis. É preciso explorar a biodiversidade, a biomassa e a bioenergia disponíveis por aqui”, disse o professor.
A maior participação do Brasil na agenda internacional também foi apontada por Davidovich como essencial para o desenvolvimento da ciência no país. “Apesar dos grandes avanços, é necessário alcançar um novo patamar de desenvolvimento científico e tecnológico em que o país seja pró-ativo na formatação das agendas internacionais de ciência básica e inovação tecnológica”, concluiu ele, reforçando a importância de discussões como essas na sociedade. “A população não tem consciência plena do papel da tecnologia no desenvolvimento do país”.