No dia 29 de junho, o diretor-geral do Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel), Albert Melo, falou sobre as ações da instituição em relação a Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (P&D+I), dentro do Simpósio Academia-Empresa. O engenheiro abriu o evento, que aconteceu no Centro Cultural da Ação da Cidadania, no Rio de Janeiro, com a palestra Contribuindo para o Desenvolvimento Sustentável do Setor Elétrico Brasileiro.

O palestrante explicou que o Cepel – onde também atua como pesquisador – é uma associação sem fins lucrativos fundada em 1974 pelas empresas Eletrobrás, Furnas, Chesf, Eletrosul e Eletronorte. É o maior centro de P&D+I da América Latina e abriga os maiores laboratórios de alta tensão e potência do Hemisfério Sul. O Cepel fornece metodologias e programas computacionais para apoio ao planejamento do setor elétrico brasileiro, atendendo à Eletrobrás, Ministérios de Minas e Energia (MME) e Ciência e Tecnologia (MCT), entidades setoriais como ANEEL, concessionárias e indústria.

“Nossos valores se baseiam na sigla CRIE: competência, comprometimento, resultados, responsabilidade, inovação, integração, excelência e ética”, afirmou Albert Melo. De acordo com o diretor do centro, o sistema de transmissão brasileiro tem dimensões continentais. “Para manter e operar o sistema hidrelétrico e termoelétrico, vários fatores além do custo estão relacionados. Um deles é a sustentabilidade”. Melo informou que o centro utiliza metodologias para o planejamento da expansão e operação de sistemas hidrotérmicos interconectados, sob a ótica de sustentabilidade. “Desenvolvemos técnicas para otimização de projetos e planejamento de linhas de longa distância”. Além disso, o centro apóia programas do governo como Luz Para Todos, Procel, Proinfa e Reluz. Também são trabalhados a caracterização de materiais, corrosão, metalurgia, envelhecimento, termodinâmica de processos, supercondutividade e outros processos.

Em relação aos 34 laboratórios integrantes da rede do Cepel, Melo explicou que, entre as principais atividades, está a pesquisa experimental, “que é um pouco difícil no Brasil”. Melo mostrou os acordos de cooperação técnica realizados com universidades e fundações.As especialidades incluem alta tensão, alta potência, materiais e computação intensiva. Destacou ainda que a integração com a academia nesse processo de estímulo a P&D+I é essencial, mencionando a importância do papel institucional nesse setor e da formação de profissionais em todo o Brasil. “Mas só a formação não basta. O que faz a diferença é a formação acadêmica aliada à experiência”, defendeu.

Em relação ao setor enérgico brasileiro, Albert Melo enfatizou alguns pontos importantes. Um deles é o fato de que 47,2% de toda a energia consumida no Brasil são renováveis, enquanto que, no mundo, esse índice é de 12,6%. A maior parte dessa matriz energética renovável é derivada da cana-de-áçúcar e de fontes hidráulicas. Já no que diz respeito ao setor elétrico brasileiro, 89,9% da energia consumida no país vem de fontes renováveis e, no mundo, esse valor é 18,2%.

Sobre a hidroeletricidade no Brasil, Melo afirmou que, atualmente, aproveitamos 30% de todo o potencial do qual o Brasil dispõe. “As hidroelétricas têm um papel dominante no sistema elétrico brasileiro que deve permanecer pelas próximas décadas”, declarou. Segundo o engenheiro, um dos desafios do país é desenvolver seu potencial hidroelétrico, incluindo o da Região Amazônica – que apresenta diversas áreas de conservação ambiental – de forma sustentável: “Os impactos ambientais, sociais e econômicos, além dos benefícios, devem ser cuidadosamente considerados”.

Melo mencionou que, com o acesso da população mais carente a condições melhores na pirâmide social, o consumo de energia vai crescer. Deste modo, é necessário adaptar-se a esta realidade, mas sempre levando em conta o desenvolvimento sustentável. Para ele, um exemplo de compromisso ambiental é a Usina de Belo Monte, de modo que o projeto foi modificado para que não ocorresse inundação da aldeia indígena Paquiçamba.

Albert Melo também falou sobre o novo conceito das Usinas Hidroelétricas Plataforma, que atua em áreas naturais sem interferência antrópica e busca o equilíbrio entre geração e ambiente, entre outros fatores. Nelas, a intervenção humana fica restrita ao local das obras, cujos canteiros também são reduzidos. Além disso, as áreas afetadas são recuperadas durante as obras.

Como mostrou o engenheiro, a prioridade no estímulo a P&D+I é associá-lo à sustentabilidade: “Esta é a palavra de ordem. Temos que fazer isso bem feito