Jacob Palis (terceiro, da esquerda para a direita) com os outros componentes da mesa redonda

Entre os dias 16 e 20 de maio de 2011, o BRICS Policy Center, centro de estudos mantido pelo Instituto de Relações Internacionais (IRI) da PUC-Rio, em parceria com a Prefeitura do Rio de Janeiro, realizou o seu I Seminário Internacional, com o tema “BRICS e a Reforma da Governança Econômica Global”. Durante a semana, representantes de organizações internacionais, instituições brasileiras e dos demais países componentes do bloco BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, na sigla em inglês) se reuniram em mesas redondas para discutir suas posições no que diz respeito a temas econômicos, políticos e de ciência e tecnologia.

Na 5a feira, dia 19 de maio, foi realizada a mesa redonda “Cooperação Científico-Tecnológica entre BRICS”, da qual participou o presidente da ABC, Jacob Palis. Também compunham a mesa o professor da UFRJ José Eduardo Cassiolato, o diretor-executivo da Embrapa, Maurício Antônio Lopes, e o professor do IRI Cláudio Cunca Bocayuva, que atuou como debatedor.

Jacob Palis destacou que sua percepção da cooperação em ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) é a de um cientista, em contraposição aos demais membros da mesa. Ele também mencionou que sua preferência pela colaboração reside na área de ciência e tecnologia, uma vez que “a inovação leva a cooperação a um ambiente mais comercial, onde predomina a competição”. De um modo geral, Palis buscou traçar um panorama comparativo entre as competências e defasagens que os países dos BRICS apresentam nos diferentes ramos da Ciência.

O presidente da ABC deu especial ênfase às capacidades chinesas em C&T. A primeira diferença ressaltada foi na constituição da Academia de Ciências da China e as demais Academias ocidentais. Segundo Palis, a Academia chinesa foi constituída a partir de pequenos institutos de pesquisa altamente sofisticados e seu presidente possui status de ministro. Já as Academias ocidentais têm a função de mobilização da comunidade científica e da sociedade, além de apresentar um papel mais consultivo em relação às políticas públicas. A principal área destacada foi a de tecnologia da informação (TI). Segundo Jacob Palis, brasileiros e chineses têm competências complementares neste setor: enquanto brasileiros são mais criativos desenvolvendo softwares, chineses têm alta capacidade na produção de equipamentos.

No que tange à relação entre Brasil e Índia, Palis destacou o acordo de cooperação que os governos dos dois países têm desde 2003, quando foi assinado um memorando de entendimento entre os governos. O presidente afirmou que “a cooperação com a Índia é muito mais calorosa e aberta” e que, atualmente, ambos os países são complementares nas áreas de bioenergia, de tecnologia da informação e satélites.

Quanto à relação com a África do Sul e a Rússia, Jacob Palis expressou a vontade e o esforço político para se buscar a cooperação com o país africano e mencionou as dificuldades operacionais de um acordo em C&T com a Rússia.

Por fim, o presidente da ABC destacou a importância desses países coordenarem ações conjuntas na área de C&T. “Embora muito distintos culturalmente, todos os componentes do bloco enfrentam desafios comuns”, concluiu Palis.