No V Seminário Nacional: ABC na Educação Científica, Danielle Grynzpan, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz-RJ), Evandro Passos, do Centro de Referência do Professor da Universidade Federal de Viçosa (CRP-UFV, MG), e Angelina Orlandi, do Centro de Divulgação Científica e Cultural da Universidade de São Paulo em São Carlos (CDCC-USP), falaram de sua experiência conduzindo o Programa Mão na Massa. Eles avaliaram o programa como um todo, suas experiências locais e apontaram os desafios que ainda devem ser encarados.

Em sua apresentação, Danielle Grynszpan destacou a necessidade de mostrar para o público leigo, especialmente para as crianças, “que a ciência é feita por pessoas, não por seres especiais, que ela é parte da cultura”. O pólo do Rio de Janeiro privilegiou a aproximação entre ciência e sociedade, promovendo o contato entre cientistas e professores.

Esse também foi um aspecto abordado pela equipe de São Carlos. A cidade é um pólo de pensamento e inovação, contando com duas universidades públicas (USP e UFSCar) e duas particulares, além de duas unidades da Embrapa e mais de duzentas empresas de tecnologia e instituições de fomento. A equipe local viu no Programa ABC na Educação Científica-Mão na Massa uma oportunidade para atuar num âmbitoque já é uma preocupação constante da universidade: fortalecendo um vínculo com a sociedade.

O Programa investiu na formação de professores e de formadores de professores para ensino médio no Rio de Janeiro, buscando mudar uma triste realidade brasileira, lembrada por Danielle: “O Brasil está entre os piores colocados na avaliação internacional de Ensino de Ciências, segundo o exame internacional do PISA aplicado em 57 países”. A formação de professores também foi prioridade nos outros pólos. Em Viçosa, segundo Evandro Passos, a universidade já capacitou 2.760 professores entre 2008 e 2009, através do Centro de Referência do Professor, com recursos da Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais.

A inovação em São Carlos foi que, além dos cursos presenciais, foram oferecidos cursos semi-presenciais para a formação dos professores. Para este formato, foi criado uma plataforma na web com um sistema wiki, para que os professores pudessem mostrar seus resultados e compartilhar experiências. Angelina lembrou o importante apoio da Diretoria de Ensino da Região de São Carlos e da Secretaria Municipal de Educação e Cultura que possibilitaram a realização e o sucesso do programa.

Outro ponto em comum entre as apresentações foi a importãncia dada à questão da abrangência de todas as fases do ensino, desde a educação infantil até o ensino médio. Os coordenadores lembraram que é necessário despertar o interesse desde cedo para a ciência, trazendo-a para o contexto do aluno, fazendo com que ele se torne um pequeno pesquisador. Essa proposta de um método mais prático e próximo à vida cotidiana também tem ajudado a amenizar um problema grave no ensino médio: a evasão escolar por desmotivação e falta de interesse.

Ao resumir a proposta do Programa Mão na Massa, Danielle lembrou uma frase que foi dita em Montreal este ano, em um dos encontros onde se discutiu os avanços do programa em vários países – o pioneiro foi o La Main a la Pâte, da Academia de Ciências Francesa: “É necessário criar soluções simples, mas não simplistas”.

* O V Seminário Nacional ABC na Educação Científica – Mão na Massa foi realizado com o patrocínio do Programa Desenvolvimento & Cidadania Petrobras