Com o objetivo de promover pesquisas de vanguarda no melhor padrão internacional na área das doenças e dos produtos do sangue, o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia do Sangue (INCTS), coordenado pelo Acadêmico e professor titular de Clínica Médica da Universidade de Campinas (Unicamp) Fernando Ferreira Costa, atua em conjunto com o Centro de Hematologia e Hemoterapia (Hemocentro), sediado na Unicamp, em São Paulo.

Fernando Costa formou-se médico pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, (FMRP/USP), onde também concluiu mestrado e doutorado em Clínica Médica. Posteriormente, fez então um estágio de pós-doutorado na Yale School of Medicine, Yale University, EUA. Recentemente, foi eleito como novo reitor da Unicamp.

O Hemocentro funciona como núcleo de referência nacional para investigação de doenças hematológicas e suporte hemoterápico especializado. Além do serviço prestado à população que integra as ações do Ministério da Saúde e da Hemorrede, o instituto dedica a maior parte de sua atividade ao ensino, à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico. De acordo com o coordenador, que recebeu a Comenda da Ordem Nacional do Mérito Científico do Presidente da República do Brasil em 2008, o INCTS pretende realizar pesquisa de excelência, contribuindo para o desenvolvimento nacional nesta área estratégica para a saúde da população.

Outro foco do instituto é a formação de cientistas de inserção internacional, além de especialistas e técnicos em todos os níveis na área do sangue e de técnicos especializados que atuem como referência regional, de forma a fortalecer a rede de pesquisa e de produção relacionadas ao sangue em todo o país. O Acadêmico destaca ainda as metas educacionais. “Vamos atuar na difusão do conhecimento científico na área do sangue, com foco no ensino médio e na educação científica da população”, afirma. O cientista ressalta a sinergia com o setor produtivo empresarial e com o governo. “O objetivo é que idéias com potencial neste campo completem o ciclo de desenvolvimento de produtos comerciais ou de iniciativas governamentais que sejam traduzidas em benefícios efetivos para a sociedade”, enfatiza.

Em termos de pesquisa, o INCT do Sangue quer caracterizar o papel de novos genes e de seus produtos na fisiopatologia e nas alterações celulares de doenças hematológicas, principalmente hemoglobinopatias, a partir de modelos animais. “Temos estudos concentrados especialmente na investigação da anemia falciforme e das síndromes talassemicas, com enfoque no estudo dos mecanismos fisiopatológicos como a vaso-oclusão, inflamação e priapismo”, explica Costa.

Entre outras atividades, o INCTS pretende elaborar novos protocolos terapêuticos de tratamento para doenças hematológicas, através da utilização de vacinas com células dendríticas. Outra proposta é criar um núcleo para terapia de suporte direcionado para pacientes onco-hematológicos, com a finalidade de possibilitar uma quimioterapia mais agressiva. “A idéia é dar contribuição ativa e relevante para a formulação de políticas públicas na área das doenças e dos produtos do sangue”, conclui.

Investigar polimorfismos em grupos sanguíneos, plaquetas e citocinas e relacioná-los com o quadro clínico em doenças infecciosas, como Dengue e Febre Maculosa, é outro objetivo da rede de pesquisa, segundo Costa. “É nossa missão avaliar as alterações de hemocomponentes celulares durante o seu período de estocagem e analisar o seu comportamento em diferentes meios de preservação do sangue”, relata o coordenador. “Almejamos desenvolver novas formas de transplante através de sangue do cordão umbilical e de células tronco da medula óssea e mesenquimais, que possuem um maior potencial de diferenciação”, destacou.

Obter dados originais e relevantes relacionados à fisiopatologia, aos aspectos clínicos e terapêuticos das doenças hematológicas é o primeiro passo para o instituto originar, aproximadamente, 25 publicações por ano em revistas reconhecidas internacionalmente. Fernando Costa destaca que a intenção é ter registros anuais de pelo menos uma patente, cinco conclusão de teses e treinar 30 técnicos de nível médio e superior a cada 12 meses.

O cientista informa que o INCTS pretende também desenvolver procedimentos diagnósticos em doenças hematológicas e transferir tecnologia para a aplicação no setor público ou privado. “Estas são iniciativas essenciais que irão difundir conceitos básicos da Medicina, como a Biologia Celular e as doenças do sangue, para alunos do ensino médio”, aponta o cientista. Outro foco do INCTS é promover a interação entre as instituições participantes para firmar novas redes de pesquisa e de desenvolvimento, o que inclui a padronização de procedimentos diagnósticos e terapêuticos.

Segundo Costa, o instituto quer manter por dois anos as parcerias já estabelecidas com entidades governamentais ou não, com a finalidade de ampliar o impacto e a quantidade das ações de sinergia. Obter os primeiros resultados de estudos na área de produção de Lentivírus – que atingem ovinos e caprinos – é outro objetivo da rede de pesquisa, que almeja implantar terapia gênica com vetores virais e uma colônia canina de hemofilia A no país. “Pretendemos colaborar ativamente com a discussão e com a formulação de políticas públicas, através da integração com representantes das três esferas de governo em áreas relacionadas com as doenças e os produtos do setor”, acrescenta o pesquisador.