O Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas (INCT-MC), coordenado pelo Acadêmico Carlos Afonso Nobre, é uma das maiores redes de análise ambiental do país. Um dos principais objetivos do instituto – que envolve mais de 400 pesquisadores, estudantes e técnicos – é detectar e atribuir as causas das transformações ambientais que ocorrem no Brasil e na América do Sul.

“O INCT-MC pretende ampliar o conhecimento sobre o impacto na área e identificar a vulnerabilidade do país em diversos setores como a saúde humana, as energias renováveis, os ecossistemas e a biodiversidade. São destaques do estudo as mudanças do clima relacionadas com o aquecimento global, com as alterações do uso da terra e com a urbanização”, explicou Nobre.

Sediado no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e baseado na estrutura do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), algumas das funções primordiais da rede de pesquisa é desenvolver modelos do Sistema Climático Global e gerar cenários de alterações ambientais em alta resolução espacial. “Originar estudos e tecnologias que auxiliem na diminuição das emissões de gases de efeito estufa e fornecer informações científicas de qualidade para subsidiar políticas públicas são responsabilidades do INCT – MC”, assegura o coordenador que é pesquisador titular do Inpe. Segundo o Acadêmico, o instituto promoverá a formação de mestres e doutores a partir de linhas temáticas.

A base científica das mudanças ambientais globais; a mitigação; e os impactos, a adaptação e a vulnerabilidade; são os três principais eixos de organização do INCT – MC. A rede de pesquisa é composta por cientistas de todas as regiões do Brasil e de variados países – como a Argentina, a Índia, o Japão e os Estados Unidos. São coordenadores de sub-projetos do instituto os Acadêmicos Pedro Leite Dias, diretor do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC);Paulo Artaxo Netto, professor da USP; Maria Assunção Dias, vice-presidente da Associação Internacional de Meteorologia e Ciências Atmosféricas e os novos Membros Titulares da ABC Reynaldo Victoria, professor da Universidade de São Paulo (USP), e Carlos Joly, docente da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que serão empossados em 5 de maio de 2009.

De acordo com Nobre, o INCT-MC irá cobrir todas as necessidades científicas e tecnológicas da Rede Brasileira de Mudanças Climáticas, do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), com a qual possui uma associação direta. “Enquanto o estudo fornece articulação e integração científica, a rede contribui com financiamentos”, explica. O instituto também possui vínculos estreitos com o Programa Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) direcionado para as mudanças do clima. “Através dessas parcerias, pretendemos contribuir como pilar de pesquisa para o desenvolvimento do Plano Nacional de Mudanças Climáticas”, declara o cientista que é representante da área Multidisciplinar da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Na percepção do pesquisador, o país necessita gerar conhecimentos e informações cada vez mais qualificadas para que as ações de desenvolvimento social e econômico sejam realizadas de forma ambientalmente sustentável. “Esperamos que a capacitação de recursos humanos reforce o papel do país na definição da agenda ambiental em âmbito global”, almeja. Para o Acadêmico, o crescimento da economia de países em desenvolvimento está diretamente relacionado com os recursos naturais renováveis. “Planos de transformar o Brasil em uma potência ou em uma nação tropical desenvolvida devem levar em consideração as limitações e os impactos ambientais”, alerta.

Afonso Nobre acredita que a realização da agenda científica proposta irá estimular o desenvolvimento sustentável e fornecer ótimas condições para o Brasil conquistar excelência científica em variados campos do setor. “Através desta rede, novos conhecimentos surgirão rapidamente. O crescimento e o amadurecimento da comunidade científica será proporcionado através da atuação do instituto em diversos segmentos da área”, promete o coordenador que considera a sustentabilidade uma indispensável ferramenta de combate aos conflitos ambientais.