O Acadêmico Virgilio Almeida, Professor Titular da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), coordena o projeto do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) de Pesquisa da Web, voltado para o estudo dos fenômenos do setor. Segundo o coordenador, as principais metas do instituto são desenvolver novas tecnologias para aumentar a integração da internet com a sociedade e ampliar a segurança e a eficiência da distribuição de informação.

O programa compreende atividades relacionadas à pesquisa, à formação de recursos humanos e à transferência de conhecimento para a sociedade e para o setor empresarial. “De acordo com o provedor global americano de informações Comscore, a web superou a marca de um bilhão de usuários. Estima-se que só no Brasil existam mais de 58 milhões de internautas. É a maior população online da América Latina e a 9ª do mundo”, enfatiza o pesquisador.

Para Almeida, a formação desse INCT é um passo natural para consolidar importantes colaborações. “Partimos de uma visão unificada de que a web é constituída por três camadas interdependentes de redes de relacionamentos – complexas e dinâmicas – pelas quais a informação flui e é disseminada”, explica. O Instituto Nacional de Pesquisa da Web tem como base uma equipe multi-institucional que conta com a participação do s professores Nivio Ziviani e Marcos André Gonçalves, da UFMG, e Edleno de Moura>, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), todos membros da Academia Brasileira de Ciências (ABC).

Formado em Engenharia Elétrica pela UFMG e com pós-doutorado em Sistemas de Computação pela Universidade de Boston, nos Estados Unidos, o cientista considera a internet o fenômeno de mídia mais importante e revolucionário desde a invenção da imprensa de tipos móveis feita por Gutenberg no século XV. “A grande contribuição da web é a democratização da produção mundial de informação e de conhecimento, até então monopólio de poucos agentes que controlavam o que poderia ser distribuído, como as editoras e os jornais. Hoje, qualquer pessoa que tenha acesso a um servidor pode produzir um conteúdo imediatamente acessível. O instituto seria um vetor de mudanças sociais e econômicas no Brasil”, declara Almeida.

Segundo o professor, que é especialista em sistemas distribuidos em larga escala, o desenvolvimento de competência nacional nas áreas relacionadas à internet e às redes complexas proporcionaria um posicionamento estratégico do país no contexto global. “Esperamos que novas oportunidades se abram para a criação de empresas de tecnologia de ponta, como ocorreu nos casos da Miner Technology Group e da Akwan Information Technologies, adquiridas pela Google em 2005”, recorda. Para o pesquisador, o estudo de diversos aspectos da internet extrapola as atividades tradicionais de geração de conteúdo e de criação de novos serviços. “O surgimento de novas aplicações e serviços está limitado por aspectos de infra-estrutura de software e hardware”, alerta.

Em relação à ciência no Brasil, Almeida acredita que precisamos produzir mais resultados de impacto internacional para temas centrais como mudanças climáticas, energia e meio-ambiente. Na sua perspectiva, a ciência brasileira pode contribuir de forma significativa para a inovação e o crescimento econômico através do fornecimento de subsídios para novas estratégias de combate às doenças e à pobreza.

“A ampliação dos investimentos no campo da ciência e da tecnologia realizada pelo atual governo gerou um desafio para a comunidade científica. Com o aumento da quantidade de recursos, certamente haverá uma expectativa maior da sociedade de que o setor continue a progredir em relação à quantidade e à qualidade da produção científica”, aponta o Acadêmico.