Manifestação do Conselho Superior da Fapesp sobre o Projeto de Lei 529

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MANIFESTAÇÃO DO CONSELHO SUPERIOR DA FAPESP SOBRE O PROJETO DE LEI 529

O Conselho Superior da Fapesp analisou o Projeto de Lei 529, encaminhado pelo Governo do Estado à Assembleia Legislativa. O projeto, que visa a enfrentar o quadro de deterioração das finanças públicas do estado, uma das consequências econômicas da pandemia que se abateu sobre o país, prevê o recolhimento do “superávit financeiro” registrado nos balanços de 2019 das fundações instituídas pelo Estado e das autarquias.

No caso da Fapesp, o valor em referência é de cerca de R$ 560 milhões. Ocorre que ao término de 2019, os compromissos da Fapesp com projetos de pesquisa, bolsas de estudo, programas de inovações com empresas, centros de excelência e outros programas eram de R$ 1,6 bilhão, fruto da natureza plurianual dos projetos que a instituição apoia. É, pois, um erro técnico tratar o “superávit financeiro” do balanço como sobra. São recursos necessários para fazer frente a compromissos já assumidos em um ambiente em que a receita depende da arrecadação tributária do Estado – esta sim variável em função do nível da atividade econômica. De fato, nos últimos 5 anos, a Fapesp recebeu do Tesouro do Estado um valor de R$ 5,7 bilhões e despendeu um total de R$ 6,2 bilhões. As reservas passadas garantiram o pagamento da diferença.

O projeto de Lei não considera a situação especialíssima da Fapesp, cujos recursos advêm de determinação expressa da Constituição estadual, ao explicitar que “O Estado destinará o mínimo de um por cento de sua receita tributária à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, como renda de sua privativa administração, para aplicação em desenvolvimento cientifico e tecnológico” (Art. 271).

Se aprovada na forma proposta, essa lei comprometerá o cumprimento de obrigações já assumidas pela Fapesp, e poderá paralisar atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação, colocando em risco a recuperação econômica e, consequentemente, a geração de empregos.

São exemplos o programa de apoio a pequenas empresas de base tecnológica em ¼ dos municípios do Estado, um total de cerca de 40 mil bolsas em cinco anos, desenvolvimento de respiradores e apoio aos testes clínicos da nova vacina da COVID19.

A Fapesp tem participado ativamente da melhoria do ambiente econômico, cultural, cientifico e social, financiando projetos que levam não só à excelência no ensino e pesquisa no Estado, como à invejável performance de sua agricultura, de suas instituições de saúde, de sua indústria e empresas nascentes de base tecnológica. O Estado de São Paulo é hoje o mais desenvolvido do país, entre outros motivos, por sua potência econômica, cientifica e cultural, construção para a qual a Fapesp foi e continuará sendo fundamental. A Fapesp continuará a apoiar a ciência e a inovação, inclusive como forma de alavancar o investimento necessário a superar esta crise e estará sempre aberta, nos termos da Lei, a contribuir com ações e recursos para superar o grave quadro que enfrentamos.

O Conselho Superior confia na reavaliação da conveniência e da legalidade da medida prevista no projeto de lei acima referido por parte da Assembleia Legislativa do Estado e do próprio Poder Executivo.

Integrantes do Conselho Superior da Fapesp:

Marco Antonio Zago (presidente)
Ronaldo Aloise Pilli (vice-presidente)
Carmino Antonio De Souza
Helena Bonciani Nader
Ignácio Maria Poveda Velasco
João Fernando Gomes de Oliveira
Liedi Legi Bariani Bernucci
Mayana Zatz
Mozart Neves Ramos
Pedro Luiz Barreiros Passos

(Ascom ABC)