pt_BR

Homenagem a Haity Moussatché

A Presidência da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a Diretoria do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) e o Centro de Estudos do Instituto Oswaldo Cruz convidam a comunidade científica e amigos para a Sessão Solene comemorativa do centenário de nascimento do pesquisador Haity Moussatché.

A homenagem será no dia 17 de setembro, às 14:30h, no Auditório Emmanuel Dias, no Pavilhão Arthur Neiva, na Fiocruz, localizada na Av.Brasil, 4365. O diretor da ABC Jerson Lima representará a Academia no evento.

Confirmação de presença e mais informações pelos telefones (21) 2562-1216/15

Leia a seguir matéria sobre o homenageado publicada na revista História, Ciências, Saúde-Manguinhos, em outubro de 1988.

“Haity Moussatché morreu de câncer aos 88 anos, dia 24 de julho, no Rio de Janeiro. Que perda foi para nós! Dos mais antigos e prestigiados cientistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), pertenceu àquela geração formada pelos chamados discípulos de Oswaldo Cruz, o grupo pioneiro de Carlos Chagas, Arthur Neiva, Lauro Travassos, Henrique Aragão, entre outros.

Miguel Osório de Almeira, um dos grandes nomes da fisiologia brasileira, permaneceu pouco tempo no instituto, mas influenciou decisivamente a carreira do jovem judeu sefardita, emigrado de Smirna, que depois iria ser consagrado como um de seus mais talentosos sucessores. Fascinado pela biologia desde o curso secundário, rendeu-se completamente à carreira de pesquisador sob a influência das aulas teóricas de Álvaro Osório de Almeida e das aulas práticas ministradas por Thales Martins e Couto e Silva na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. A convite do primeiro, foi monitor de fisiologia até se formar, em 1933. No ano seguinte, iniciou estágio não-remunerado no laboratório de Miguel Osório, no Instituto Oswaldo Cruz (IOC), onde trabalhou alguns anos com o fenômeno da crio-epilepsia.

A necessidade de auferir alguma remuneração por seu trabalho levou-o a se transferir, em 1935, para a unidade que a Fundação Rockefeller mantinha no campus de Manguinhos, destinada à produção de vacina contra a febre amarela. Trabalhou com Wray Lloyd na cultura de vírus da doença. Dois anos depois pôde retornar ao laboratório de fisiologia, recebendo agora como extranumerário. Durante todo esse tempo nunca deixou de freqüentar o laboratório que os irmãos Osório de Almeida mantinham na residência particular da família, na rua Machado de Assis 45, bairro do Flamengo.

Em Manguinhos, em colaboração com Miguel Osório e Mário Vianna Dias, investigou vários aspectos das convulsões experimentais, e daí extraiu o tema de sua tese de livre-docência na Faculdade de Medicina, em 1948. A esta altura, já fazia parte do quadro permanente do IOC graças ao concurso aberto em 1941. Moussatché chefiou a seção de farmacodinâmica e, de 1958 a 1964, a de fisiologia. Nesse período, interessou-se pelas propriedades medicinais de substâncias extraídas de plantas nativas e, sobretudo, pelo estudo dos mediadores químicos na transmissão do impulso nervoso. Seus trabalhos sobre os choques anafilático e peptônico tiveram repercussão internacional, tanto que o convidaram a escrever o capítulo correspondente no volume 18(1): 645-59 da nova série do Handbook of Experimental Pharmacology (Berlim, Spinger Verlag, 1966).

Um dos fundadores da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em 1948, participou intensamente dos movimentos e negociações visando fortalecer a área científica no contexto do desenvolvimentismo brasileiro. A convite de Darcy Ribeiro, integrou a comissão que planejou a Universidade de Brasília (UnB), em 1959 e 1960. Socialista e humanista, encarava a ciência como arma poderosa para a superação do subdesenvolvimento e a criação de uma sociedade mais justa e independente. Tal convicção levou-o a engajar-se na Associação para a Criação do Parlamento Mundial (1990), saudável utopia iluminista reavivada por homens de ciência renomados que se congregaram com o fim de conceber e difundir uma constituição universal, capaz de promover o entendimento entre as nações.

Apesar de aderir entusiasticamente à fé na positividade da ciência enquanto força social, Moussatché não aceitava o utilitarismo que sempre presidira, no Brasil, à relação de governos e, mesmo, de dirigentes de instituições com a ciência. Nas poucas conjunturas e nas restritas ilhas de excelência em que ela fora valorizada, valorizaram-na tão-somente como ciência aplicada, isto é, capaz de render benefícios imediatos, facilmente discerníveis, relegando-se a segundo plano o esforço estratégico de pesquisa básica.

Após o golpe de 1964, respondeu a inquérito policial-militar e, em 1970, quando a ditadura recrudesceu, ele e outros pesquisadores tiveram os seus direitos políticos cassados e foram aposentados compulsoriamente pelo Ato Institucional nº 5 (AI-5). O chamado Massacre de Manguinhos não foi um episódio isolado na conjuntura política. O conflito entre os defensores da ciência pura e da ciência aplicada tornou o IOC mais vulnerável às pressões do Estado, que se aproveitou da cisão para suprimir de vez a sua autonomia e para colocá-la sob sua égide.

Moussatché foi acolhido pela recém-criada Universidade Centro-Ocidental Lisandro Alvarado, na cidade venezuelana de Barquisimetro. Começou em 1971 como professor contratado, responsável pela docência em fisiologia e farmacologia. No ano seguinte, era chefe da unidade de pesquisa em ciências fisiológicas da Escola de Veterinária. Em 1975, tornou-se professor titular e, até 1985, exerceu a presidência do Consejo Asesor de Investigación y Servicios (CADIS). Desenvolveu investigações farmacológicas, fez estudos sobre o fígado gordo e iniciou experimentos visando esclarecer o mecanismo de resistência que certos marsupiais (o gambá, por exemplo) apresentavam ao veneno da Bothrops jararaca.

Ao retornar ao Brasil, em 1985, nos albores da Nova República, já com Sérgio Arouca à frente da Fiocruz, foi convidado a reorganizar o Departamento de Fisiologia e Farmacodinâmica, áreas que tinham sido destroçadas na gestão de Francisco de Paula da Rocha Lagoa, primeiro como interventor em Manguinhos, depois como ministro da Saúde. Em 1986, aos 76 anos, Moussatché reassumiu seu lugar junto com outros cientistas banidos pela ditadura militar. Retomou o estudo que vinha desenvolvendo na Venezuela sobre o mecanismo de resistência de animais ao veneno de cobras, tendo em mira obter soro antiofídico mais eficiente do que o fabricado hoje.

Ao longo de sua vida científica publicou e apresentou mais de duzentos trabalhos. Foi membro fundador da Sociedade de Biologia do Brasil (1941) e da International Society of Toxicology (1953). Pertenceu à Academia Brasileira de Ciências (1953), à Academia de Ciências de Nova York (1959), à Federação Mundial de Trabalhadores Científicos (1959), aos conselhos científicos da Revista Brasileira de Biologia (1953) e da Acta Fisiológica Latino-Americana (1955), à Associação Venezuelana para o Progresso da Ciência (1974) e à Academia de Ciencias da América Latina. Em 1986, recebeu o prêmio Golfinho de Ouro do Governo do Estado do Rio de Janeiro. Em 1993, foi condecorado na Venezuela e, um ano depois, o governo brasileiro agraciou-o com a Ordem Nacional do Mérito Científico, na classe Grã-Cruz.

Em ambos os países, Haity Moussatché formou numerosos pesquisadores que hoje dão à área de fisiologia e farmacodinâmica uma consistência muito superior à que tinha à época em que iniciou a brilhante carreira de investigador.

Deixou dois filhos do primeiro casamento – Ana Helena e Mendel – e foi casado em segundas núpcias com Cadem Moussatché. Os que tiveram o privilégio de conviver com ele guardam a lembrança de um homem sincero, ético, generoso, combativo, intransigente com os medíocres mas completamente dedicado aos familiares, amigos e discípulos. Não era pesquisador que se isolasse no laboratório. Otimista inveterado, amava a vida, o convívio com as pessoas, a leitura, a música, o balé, o cinema.

Manguinhos tem as suas lendas. Oswaldo Cruz já foi visto por muita gente a passear entre os velhos tomos guardados no castelo mourisco. Nós haveremos de rever sempre a figura simpática de Haity, olhos doces, cabelos e bigodes prateados, bengalinha e guarda-pó, a fazer-nos companhia no bandejão, todos os dias…”

Acadêmico Padre Moure faleceu em São Paulo

O padre e cientista Jesus Santiago Moure faleceu na manhã de sábado, dia 10, em Batatais, interior de São Paulo, aos 97 anos de idade. Padre Moure trabalhou na área de entomologia, especializando-se no estudo de abelhas. Além disso, dedicou-se ao desenvolvimento e expansão da ciência no Brasil, tendo participado da criação da SBPC, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Foi também um dos fundadores da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Curitiba, que mais tarde seria integrada à Universidade do Paraná, federalizada em 1950. Trabalhou no Museu Paranaense, instituição mantida pelo governo do Estado do Paraná, do qual seria diretor.

Em 1961, ingressou na Academia Brasileira de Ciências (ABC), da qual recebeu o Prêmio Costa Lima, em 1970. Também recebeu as condecorações de Comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico, em 1995, e da Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico, em 1998.

Em 2006, recebeu também o Diploma de Pesquisador Emérito, como parte das comemorações dos 55 anos do CNPq, entidade que ajudou a fundar.

A Academia lamenta a perda do cientista e cumprimenta a família.

Morre um dos maiores virologistas brasileiros

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) informou o falecimento do virologista e Acadêmico Hermann Gonçalves Schatzmayr, aos 75 anos. Hermann estudou a pandemia de gripe de 1957-1958 no Rio de Janeiro e participou dos esforços de erradicação da varíola e de combate à poliomielite no País. Também foi o responsável pelo isolamento dos vírus do dengue 1, 2 e 3 no Brasil. Hermann morreu por falência múltipla dos órgãos, no Rio de Janeiro.

Pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz por quase meio século, Hermann ingressou na Fiocruz em 1961, onde atuou desde então, afastando-se apenas durante períodos no exterior para estudos. Por 30 anos esteve à frente do Departamento de Virologia no Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), que deu origem a diversos centros de referência nacionais e internacionais.

Ocupou o cargo de presidente da instituição entre 1990 e 1992. Membro da Academia Brasileira de Medicina Veterinária e da Academia Brasileira de Ciências, integrou vários comitês internacionais da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Em 1961, passou a integrar a equipe do recém-montado Laboratório de Poliomielite do Instituto Oswaldo Cruz, em Manguninhos. Na época único pesquisador da área de virologia na instituição, desenvolvia pesquisas que incluíam o isolamento e identificação do vírus da pólio e o estudo de surtos.

Pouco depois, liderou a equipe responsável pela diluição e distribuição da vacina Sabin – que acabara de ser adotada pelo Brasil e era importada na forma concentrada para o País.

Durante três décadas, atuou como coordenador da área de Virologia do Instituto Oswaldo Cruz e esteve à frente de projetos de pesquisas relacionados, além de poliomielite, varíola e rubéola, entre outros vírus.

Na década de 80, quando a epidemia de dengue já preocupava em alguns países da América Latina, dedicou-se ao estudo do vírus, isolando pela primeira os tipos 1, 2 e 3.

Nesta época já contava com o companheirismo, também no laboratório, da esposa Ortrud Monika Barth, pesquisadora da Fiocruz, com quem foi casado durante 49 anos.

Hermann Schatzmayr deixa esposa, dois filhos, cinco netos.

A Academia cumprimenta a família e lamenta o falecimento de tão ilustre Membro.

Oswaldo Frota-Pessoa morre aos 93 anos

Morreu em 24 de março, aos 93 anos de idade, em São Paulo, o geneticista e Acadêmico Oswaldo Frota-Pessoa. Nascido no subúrbio do Rio de Janeiro em 1917, ele foi pioneiro no estudo da genética humana do Brasil. Entre outros prêmios, recebeu o Kalinga, da Unesco, em 1982. Recebeu também o prêmio José Reis de Divulgação Científica (1980) e tornou-se professor emérito do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo.

O Professor Emérito da Unicamp e Acadêmico Bernardo Beiguelman enviou artigo ao “JC e-mail” homenagenado o recém-falecido Acadêmico Oswaldo Frota-Pessoa. Leia o artigo na íntegra.

“O Frota foi meu orientador, era uma pessoa absolutamente fantástica, não só como pesquisador, mas como educador, que tratava todos com muito carinho, conseguia motivar muito os alunos”, afirmou a geneticista da USP e Acadêmica Mayana Zatz. “Eu o conheci assim que entrei na faculdade, com 17 anos. Frota formou todos os geneticistas médicos da minha geração e da que me antecedeu. Formou uma escola.”

Seu pai, José Getulio da Frota-Pessoa, foi um importante educador, tendo participado do movimento de renovação do ensino que ocorreu na década de 1930, informa Rodrigo V. Mendes da Silveira, da Faculdade de Educação da USP. Segundo Mendes da Silveira, o cientista gostava de se definir como um “racionalista empedernido”.

Frota-Pessoa formou-se em História Natural pela Escola de Ciências da Universidade do Distrito Federal (1938) e na Faculdade de Medicina da então denominada Universidade do Brasil (1941), hoje Federal do Rio de Janeiro. No mesmo ano, cursou técnicas de pesquisa biológica no Instituto Oswaldo Cruz e doutorou-se em História Natural na Faculdade Nacional de Filosofia, também no Rio. Membro da Sociedade Brasileira de Botânica e de Genética e da Academia Brasileira de Ciências, Frota-Pessoa escreveu diversos livros nos campos da genética humana e citogenética.

Era casado com a Acadêmica Elisa Frota-Pessoa, pioneira entre as brasileiras nos estudos de Física e fundadora, em 1948, do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, do qual foi afastada em 1969 em decorrência do Ato Institucional número 5 (AI-5).

A Academia Brasileira de Ciências solidariza-se com a família e lamenta a perda do brilhante cientista brasileiro.

Morre José Mindlin aos 95 anos

O bibliófilo José Mindlin morreu em São Paulo na manhã deste domingo (28/2) no Hospital Albert Einstein, onde estava internado há cerca de um mês. Mindlin tinha 95 anos. O corpo está sendo velado no hospital e será enterrado às 15h no Cemitério Israelita da Vila Mariana.

José Ephim Mindlin nasceu em São Paulo em 8 de setembro de 1914. Advogou até 1950, quando fundou e passou a presidir a empresa Metal Leve S/A. Membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), era o quinto ocupante da cadeira 29, eleito em 2006, na sucessão de Josué Montello.

Mindlin, que recebeu o Prêmio Juca Pato como Intelectual do Ano de 1998, formou uma das mais importantes bibliotecas privadas do país, com aproximadamente 38 mil títulos. Em maio de 2006, o bibliófilo fez a doação de cerca de 15 mil obras da Biblioteca Brasiliana para a Universidade de São Paulo (USP).

No conjunto doado à universidade, constam obras de literatura, história, sociologia, poesia. Dentre as raridades estão documentos do século 16 com as primeiras impressões que padres jesuítas tiveram do Brasil, jornais anteriores à Independência e manuscritos de grandes obras, como Sagarana, de Guimarães Rosa, e Vidas Secas, de Graciliano Ramos.

“José Mindlin foi um gigante da cultura brasileira. Como todo grande homem, deixa um grande legado, que é a Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, o resultado de uma vida dedicada aos livros, que por sua generosidade hoje é um patrimônio de todos os brasileiros”, disse, em nota, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.

Mindlin e a ABC

José Mindlin foi incorporado em 1997 à Academia Brasileira de Ciências como Membro Colaborador- categoria atribuída a personalidades que tenham prestado relevantes serviços à Academia ou ao desenvolvimento científico nacional. Na época, sua empresa Metal Leve tornou-se Membro Institucional, através do ex-presidente da ABC, José Israel Vargas.

Revista Pesquisa Fapesp publica reportagem especial sobre Crodowaldo Pavan

Em 2009 o Brasil perdeu um de seus mais destacados cientistas. Vítima de falência múltipla de órgãos e sistemas, causada por um câncer e um infarto anteriores, o biólogo e geneticista Crodowaldo Pavan morreu no dia 3 abril, aos 89 anos, no Hospital Universitário da Universidade de São Paulo (USP), na qual fez a maior parte de sua bem-sucedida carreira.

Nascido em Campinas, graduado em história natural pela USP em 1941, Pavan foi um dos fundadores da genética no Brasil. Ao longo de uma trajetória científica de mais de meio século, realizou descobertas importantes, que resultaram em trabalhos publicados com repercussão internacional, além de ter formado dezenas de pesquisadores no Brasil e nos Estados Unidos e dirigido algumas das instituições científicas mais prestigiadas do país – foi presidente da SBPC por três mandatos, de 1981 a 1987.

Para o geneticista e vice-presidente da ABC para a Região Sul Francisco Salzano, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a história de Pavan, que foi seu orientador no doutorado, em 1955, está intimamente associada à da genética no Brasil.

“É impossível falar de uma sem recorrer à outra”, diz Salzano, que assumiu, em dezembro do ano passado, a cátedra Crodowaldo Pavan do Instituto Mercosul de Estudos Avançados, da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), localizada em Foz do Iguaçu (PR). “Mas ele também contribuiu marcantemente para o desenvolvimento da genética em nível mundial, por meio de pesquisas das mais importantes.”

Leia a reportagem completa no link http://www.revistapesquisa.fapesp.br/index.php?art=4067&bd=1&pg=1&lg=

Resultado das Eleições da ABC 2009

NOVOS MEMBROS DA ABC

CIÊNCIAS MATEMÁTICAS

IVAN CHESTAKOV
Mestre em Matemática pela Novosibirsk State University e doutor pelo Sobolev Institute of Mathematics, é atualmente Professor Titular da Universidade de São Paulo. Editor de revistas de destaque na área, atua principalmente em Teoria de Anéis. Em 2007 recebeu o E.H.Moore Research Article Prize da Sociedade Matemática Americana (AMS).

 

JOSÉ MARIO MARTÍNEZ PÉREZ

Graduado em Matemática pela Universidade de Buenos Aires, na Argentina, e doutorado em Engenharia de Sistemas e Computação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, atualmente é bolsista de produtividade do CNPq e Professor Titular da Unicamp. Atua principalmente em Matemática Aplicada.

KARL-OTTO STÖHR
Graduado em Matemática e Física pela Universidade de Bonn, na Alemanha, com mestrado e doutorado em Matemática pela mesma instituição, atualmente é Pesquisador Titular do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA). Atua principalmente em Álgebra, especificamente em Corpos de Classes.

CIÊNCIAS FÍSICAS

TAKESHI KODAMA

Com graduação, mestrado e doutorado em Física pela Universidade Waseda, no Japão, foi Pesquisador Titular do CBPF e atualmente é Professor Titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Suas especialidades são a Física Nuclear Relativística e a Astrofisica Nuclear.

THAISA STORCHI-BERGMANN
Graduada em Física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde também cursou o doutorado, cursou pós-doutorado na Universidade de Maryland e no Space Telescope Science Institute, além de estágio sênior no Instituto de Tecnologia de Rochester (EUA). Atualmente é Professora Associada do Departamento de Astronomia do Instituto de Física da UFRGS e chefe do Grupo de Pesquisa em Astrofísica.

CIÊNCIAS QUÍMICAS

FERNANDA MARGARIDA BARBOSA COUTINHO
Falecida em 1º de janeiro de 2010
Graduada em Engenharia Química pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde cursou mestrado e doutorado em Química Orgânica, atualmente é Professora Titular da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Atua especialmente com Polímeros.

LAURO TATSUO KUBOTA
Graduado em Química pela Universidade Estadual de Londrina, Mestre em Química Analítica pela UNESP e Doutor em Química pela Unicamp, onde atualmente é Professor Titular. Cursou pós-doutorado na Lund University (Suécia) e atua, principalmente, em Eletroanalítica.

CIÊNCIAS DA TERRA

LUIZ ANTONIO MARTINELLI
Professor Titular da Universidade de São Paulo, lotado no Centro de Energia Nuclear na Agricultura, em Piracicaba. Trabalha na área de Ecologia, com ênfase em Dinâmica de Ecossistemas Tropicais.

 

VALDEREZ PINTO FERREIRA

Com graduação em Geologia e mestrado em Geociências pela Universidade Federal de Pernambuco, onde atualmente é professora associada, cursou doutorado em Petrologia e Geoquímica na Universidade da Georgia (EUA) e pós-doutorado em Geoquímica na Universidade de Wisconsin (EUA). Atua em fluorescência de raios-X e extração a laser de oxigênio de silicatos.

CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

LUIZ DRUDE DE LACERDA
Graduado em Biologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde também cursou mestrado e doutorado em Ciências Biológicas (Biofísica), atualmente é Professor Titular da Universidade Federal Fluminense e professor da Universidade Federal do Ceará, onde coordena o Programa de Pós-Graduação em Ciências Marinhas Tropicais do Instituto de Ciências do Mar, Coordena o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Transferência de Materiais Continente-Oceano. Suas pesquisas envolvem principalmente ambientes costeiros, contaminacao ambiental, metais pesados, biogeoquimica de ecossistemas tropicais, monitoramento ambiental e capacidade suporte de ecossistemas.

 

MOACIR WAJNER
Graduado pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), doutorado em Ciências Básicas pela Universidade de Newcastle Upon Tyne (Inglaterra) e pós-doutorados em erros inatos do metabolismo pelas Universidade de Londres (Inglaterra), de Heidelberg (Alemanha) e New Haven (EUA). Atualmente é Professor Titular da UFRGS.

CIÊNCIAS BIOMÉDICAS

JULIO SCHARFSTEIN
Graduou-se em Quimica pelo Instituto de Tecnologia de Israel (Technion) e cursou doutorado em Ciências Biomédicas na Universidade de Nova Iorque. Atualmente é Professor Titular do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Realiza estudos em modelos experimentais de Doença de Chagas e pesquisa de vacinas.

LUIZ EUGÊNIO ARAÚJO DE MORAES MELLO
Graduado em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), onde completou mestrado e doutorado em Biologia Molecular, cursou pós-doutorado em Neurofisiologia na Universidade da Califórnia (UCLA). Atualmente é Professor Titular de Fisiologia na Unifesp e responsável pela implantação do Instituto Tecnológico Vale S.A.

MIGUEL ANGELO LAPORTA NICOLELIS
Graduado em Medicina pela Universidade de São Paulo e doutorado em Ciências (Fisiologia Geral) na mesma universidade, atualmente é Professor Titular do Departamento de Neurobiologia e co-diretor do Centro de Neuroengenharia da Duke University (EUA), professor do Instituto Cérebro e Mente da Escola Politécnica Federal de Lausanne (Suíça) e diretor-científico do Instituto Internacional de Neurociências de Natal Edmond e Lily Safra (IINN-ELS).

 

CIÊNCIAS DA SAÚDE

JOSÉ EDUARDO KRIEGER
Graduado em Medicina pela USP (FM-USP) de Ribeirão Preto, doutorado em Fisiologia pelo Medical College of Wisconsin e pós-doutorado em Biologia Molecular pela Escola Médica de Harvard e Escola de Medicina da Universidade de Stanford (EUA). É docente da FM-USP e dirige o Laboratório de Genética e Cardiologia Molecular do InCor-HCFMUSP.

CIÊNCIAS AGRÁRIAS

RICARDO ANTUNES DE AZEVEDO
Graduação em Biologia pela PUC-Campinas, com mestrado em Genética Vegetal pela Unicamp, doutorado e pós-doutorado em Bioquímica de Plantas pela Universidade de Lancaster, Inglaterra. É Professor Titular da USP, onde atua na área de Genética Fisiológica e Bioquímica de Plantas.

SÉRGIO COSTA OLIVEIRA

Graduado em Medicina Veterinária pela Universidade Federal da Bahia, com mestrado em Microbiologia pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e doutorado em Imunologia pela University of Wisconsin – Madison, onde também fez pós-doutorado. Livre-Docente em Imunologia pela USP, atualmente é Professor Titular do Departamento de Bioquímica e Imunologia da Universidade Federal de Minas Gerais.

 

CIÊNCIAS DA ENGENHARIA

EUGÊNIO FORESTI
Graduado em Engenharia Civil pela USP-São Carlos, obteve os títulos de Mestre e Doutor em Engenharia Hidráulica e Saneamento pela Universidade de São Paulo. Fez pós-doutorado na University of NewCastle Upon Tyne, Inglaterra. Atualmente é Professor Titular da USP e atua na área de Engenharia Sanitária, com ênfase em processos biológicos de águas de residuárias.

 

JOSÉ CARLOS COSTA DA SILVA PINTO

Possui graduação em Engenharia Química pela Universidade Federal da Bahia, mestrado e doutorado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Atualmente é Professor Titular do Programa de Engenharia Química da Coppe/UFRJ, onde atua em reatores químicos, especialmente na área de modelagem, simulação e controle de sistemas de polimerização.

RENATO MACHADO COTTA
Graduado em Engenharia Mecânica com ênfase Nuclear pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e doutorado em Engenharia Mecânica e Aeroespacial pela Universidade Estadual da Carolina do Norte (EUA). Atualmente é Professor Titular da UFRJ. Atua especialmente em Transferência de Calor.

CIÊNCIAS SOCIAIS

RICARDO PAES E BARROS
Graduado em Engenharia Eletrônica pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), com mestrado em Matemática pelo Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA) e doutorado em Economia pela Universidade of Chicago, atualmente é pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Atua especialmente em Economia dos Programas de Bem-Estar Social.

MEMBROS CORRESPONDENTES

JOSÉ NELSON ONUCHIC
Nascido no interior de em São Paulo, graduou-se em Engenharia Elétrica e Física na USP, onde também concluiu mestrado em Física Aplicada. Concluiu doutorado em Química no Instituto de Tecnologia da Califórnia e atualmente é professor de Física na Universidade da Califórnia, em San Diego (EUA), co-diretor do Center for Theoretical Biological Physics e do La Jolla Interfaces in Science.

FRANKLIN ALAN SHER

Premiado por várias sociedades cientificas por seus estudos da resistência
do hospedeiro e regulação imune nas infecções parasitárias e micobacterianas, o pesquisador norte-americano ajudou a formar vários imunologistas brasileiros e sempre acreditou que a nossa cultura nos faz melhores cientistas devido a nossa liberdade de criação. Atualmente é chefe da Seção de Imunobiologia do Laboratório de Doenças Parasitárias do do Instituto Nacional de Alergias e Doencas Infecciosas (NIAID, NIHh), em Bethesda (MD), nos Estados Unidos.

HERBERT B. TANOWITZ
Formado em Medicina, atualmente é professor de Doenças Infecciosas no Departamento de Medicina e do Departamento de Patologia do Albert Einstein College of Medicine of Yeshiva University , em Nova Iorque (EUA).

 

HERVÉ MICHEL CHNEIWEISS
Médico formado pela Universidade de Paris VI, foi conselheiro técnico para as Ciências da Vida no gabinete do Ministro de Pesquisa da França entre 2000 e 2002 e atualmente é diretor de pesquisa do Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS, na sigla em francês), ligado a Federação de Neurologia do Hospital de Salpétrière.

JOSÉ ABRUNHEIRO DA SILVA CAVALEIRO
Licenciado em Química e Física pela Universidade de Coimbra, em Portugal, doutorou-se pela Universidade de Liverpool, no Reino Unido. Atualmente é Professor Catedrático na Universidade de Aveiro, em seu país natal, onde é responsável pelo grupo de pesquisa em Química Orgânica e Produtos Naturais, unidade apoiada pela Fundação Portuguesa de Ciência e Tecnologia.

SERGE HAROCHE
O físico francês, especializado em Física Atômica e Óptica Quântica, é professor do Collège de France desde 2001 e pesquisador da Universidade Pierre e Marie Curie/CNRS. Em 2009 foi contemplado com a Medalha de Ouro do CNRS.

Faleceu Oscar Sala

Ano de múltiplos eventos, como a realização da Semana de Arte Moderna e a formação da União Soviética, 1922 também marcou profundamente a ciência brasileira e mundial com o nascimento de Oscar Sala, no dia 26 de março, em Milão, onde seu pai brasileiro estava vivendo.

Talentoso físico nuclear, pesquisador e professor, Sala se notabilizou pela natural liderança no desenvolvimento das instituições científicas no Brasil e pelo papel relevante no surgimento da internet no país.

É com orgulho que a Academia brasileira de Ciências (ABC) reafirma a presença de Oscar Sala entre seus membros mais notórios. Sala ingressou nesta instituição no dia 24 de novembro de 1953, foi membro de sua Diretoria entre 1981 e 1993, assumindo a presidência no último triênio, razão pela qual lhe rendemos especial homenagem. Homenagem, por certo, muito aquém da importância do homem e do físico Oscar Sala, mas que pretende fazer valer sua intenção e deixar claro seu pesar.

Sala mudou-se cedo para o Brasil, quando tinha apenas dois anos, em virtude do turbulento período entre guerras na Europa, e não teve dificuldades em obter a nacionalidade. Após sua educação básica em Bauru, ingressou no Conservatório da cidade, onde estudou piano. Em 1941, tornou-se estudante em engenharia na Escola Politécnica. Transferiu-se rapidamente, contudo, para a Faculdade de Filosofia, que incluía o estudo da Física e que colaborou para sua criatividade no domínio.

Formou-se na primeira turma de Física do Brasil em 1945 e associou-se a grandes físicos, como Gleb Wataghin e Giuseppe Occhialini. Com o primeiro, publicou importante artigo sobre penetração de partículas nucleares. Também participou da fundação do Departamento de Física da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo. Pertenceu a uma geração de ouro da Física brasileira, iniciando suas pesquisas ao lado de Marcelo Damy de Souza Santos, César Lattes, entre outros. Mesmo depois de formado, Sala manteve sua presença na instituição, que evoluiu para o Instituto de Física da USP, como professor e cientista, tornando-se chefe do Departamento de Física Nuclear nos períodos de 1970 a 1979 e de 1983 a 1987.

O talento do italobrasileiro chamou a atenção internacional e a Fundação Rockefeller ofereceu-lhe uma bolsa de estudos em 1946. Nos Estados Unidos, estudou nas universidades de Illinois e de Wisconsin. A aposta dos Rockefeller rendeu frutos: Sala participou na projeção do acelerador eletrostático, primeiro aparelho a usar pulsos de raios na análise de reações nucleares com nêutrons rápidos. Ainda nos Estados Unidos, não deixou de pensar na cidade que escolheu para viver. De fora, projetou o acelerador eletrostático tipo Van de Graaff, a ser desenvolvido em São Paulo. Mais tarde, em 1972, já na USP, ajudaria na construção do primeiro pelletron (acelerador eletrostático de partículas) da América Latina.

Ao retornar ao Brasil, começou sua ininterrupta participação no desenvolvimento das instituições científicas do país e dedicou-se intensamente à construção e organização de laboratórios, tendo em vista a formação de pesquisadores. Ajudou a fundar a Sociedade Brasileira de Física em 1966, da qual foi o primeiro presidente. Igual cargo ocupou na Sociedade Brasileira pelo Progresso da Ciência entre 1973 e 1979.

Foi diretor cientifico da Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo (Fapesp) de 1969 a 1974 e presidiu o Conselho Superior de 1989 a 1993. Sua presença corroborou para que a Fundação fosse o único e principal link internacional responsável pelo tráfego acadêmico e assumisse a responsabilidade de registrar domínios “br”. Orientou muitas teses de mestrado e doutorado, enquanto membro da cátedra de Física Nuclear da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP.

Na Associação Interciência das Américas, desempenhou mesmo papel que teve na Sociedade Brasileira de Física, fundando-a em 1974 e sendo seu primeiro presidente entre 1975 e 1979. Ocupou a presidência da Academia de Ciências do Estado de São Paulo entre 1985 e 1993. Na Academia Brasileira de Ciências, não é demais repetir, foi vice-presidente de 1981 a 1991 e presidente de 1991 a 1993. Recebeu a Grã Cruz de Ordem Nacional do Mérito Científico em 1994, a medalha de Honra ao Mérito da SPBC em 1973, o Prêmio Moinho Santista em 1981, entre outras muitas homenagens.

A atividade intensa de Oscar Sala foi interrompida por um acidente vascular cerebral (AVC) que dificultou sua locomoção e fala e que poderia tê-lo matado, não fosse a ajuda da família e sua persistência em manter-se vivo. Oscar Sala foi um forte. Apesar de seu estado de vulnerabilidade, sempre fez questão de estar presente nas homenagens que lhe fizeram e visitava com freqüência a Fapesp, com a qual dividiu sua história.

Aos 88 anos, Oscar Sala faleceu no último sábado, dia 2 de janeiro de 2010, por volta das 13h. Segundo familiares, ele teria sofrido uma parada cardíaca enquanto dormia. Além de sua família, a mulher Rosa Augusta Pompiglio, os filhos Luiz Roberto, Regina Maria e Thereza Cristina e os seis netos, Sala deixou um grande legado para a Ciência.

Não podemos saber o que estava sonhando em seu último sono, mas que venham a se realizar os ideais que deixou claros em vida. Muito além do embate político, do qual sempre buscou afastar-se, que prevaleçam o interesse humanitário e que se difunda e se aprofunde o conhecimento científico. A maior homenagem que podemos render-lhe é seguir lutando por esse sonho.

A Academia Brasileira de Ciências lamenta a grande perda e cumprimenta a família.

teste