Helena Nader participa de Conferência Geral da ANSO

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A presidente da ABC, Helena Nader, participou da Conferência Geral da Aliança de Organizações Científicas Internacionais (ANSO), que aconteceu nos dias 28 e 29 de outubro, em Pequim, na China. Nader é co vice-presidente da organização científica internacional sem fins lucrativos, criada em 2018, dedicada a promover a colaboração científica aberta e inclusiva entre os países da Iniciativa do Cinturão e Rota (“Belt and Road”) e além dela.

Como não teria como chegar a tempo para a o início do evento, por conta de compromissos no Brasil, a presidente da ABC participou da cerimônia de abertura através de uma mensagem de vídeo, previamente enviada à organização da reunião. Mas já no segundo dia esteve presente nas discussões, inclusive como palestrante na sessão temática “Fortalecimento de Capacidades e Cooperação em Ensino Superior nas Áreas de STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática)”.

Em sua mensagem de vídeo, Nader deu as boas-vindas a todas e todos os participantes, destacando que, como co vice-presidente da ANSO e presidente da ABC, estava muito consciente de quão importante essa plataforma havia se tornado. “Em poucos anos, a ANSO se tornou uma instituição global, conectando cientistas, instituições e formuladores de políticas públicas através de países e continentes”, afirmou.

“Nossa força vem exatamente da diversidade, somos unidos pelo compromisso com o avanço da ciência e da inovação para o benefício da humanidade”, ressaltou Nader. Ela apontou que o tema da Conferência – Ciência e Inovação para um Futuro Sustentável – não poderia ser mais oportuno, dado que os desafios globais que a humanidade enfrenta nos torna interdependentes. “As mudanças climáticas, a perda de biodiversidade, a desigualdade na saúde, a transição energética e o rápido crescimento da inteligência artificial não respeitam fronteiras – são globais e requerem cooperação global para serem efetivamente enfrentados”, declarou.

Por isso, segundo Nader, a diplomacia científica não é um luxo, é uma necessidade. “É por meio do diálogo, confiança e compartilhamento dos empreendimentos científicos que poderemos construir pontes entre as nações, buscar entendimento mútuo e cocriar soluções que não deixem ninguém para trás”, destacou. Na perspectiva do Sul global, este princípio tem maior significado, a seu ver, pois cooperação tem que gerar mais do que conhecimento: tem que capacitar profissionais, fortalecer instituições e empoderar jovens cientistas em todos os lugares, para contribuir para o progresso global.

As iniciativas da ANSO em treinamento, intercâmbio e pesquisa colaborativa “são exemplos de como queremos democratizar a ciência e inovação e de que compartilhamos a visão de que o desenvolvimento sustentável depende de integrar todas as dimensões do conhecimento – não só STEM, mas também as humanidades e as ciências sociais, de modo que a inovação continue centrada no ser humano, ética e inclusiva.

Assista o vídeo na íntegra:

 

A Conferência Geral da ANSO (Alliance of National and International Science Organizations) reuniu representantes de academias, universidades e organizações científicas de todo o mundo para discutir como ciência, inovação e cooperação internacional podem contribuir para um futuro sustentável.

A conferência de 2025 contou com sessões plenárias temáticas de alto nível, cobrindo temas como Ciência Aberta e Inovação para o Desenvolvimento Inclusivo; Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Sustentável; Desenvolvimento e Governança da Inteligência Artificial; e Fortalecimento de Capacidades e Cooperação em Educação Superior nas Áreas de STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática). Nader fez uma palestra magna nesta última sessão temática.

Ciência, educação e cooperação: da defesa científica à diplomacia internacional

Em sua conferência, Helena Nader defendeu a construção de capacidades em ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM) ampliada para STEAM, incorporando Artes, Humanidades e Ciências Sociais. Ela explicou que essa mudança é fundamental para formar profissionais capazes de enfrentar desafios globais complexos com ética, criatividade e empatia.

Nader enfatizou o papel da advocacia científica (Science Advocacy) e da diplomacia científica (Science Diplomacy) como ferramentas complementares: a primeira promove decisões políticas baseadas em evidências e combate a desinformação, enquanto a segunda fortalece a cooperação internacional e o diálogo entre nações. Durante a pandemia de Covid-19, exemplificou, a diplomacia viabilizou a distribuição global de vacinas, enquanto a advocacia científica foi essencial para combater a hesitação vacinal.

Sobre capacitação de profissionais, Nader afirmou que construir capacidades vai além do treinamento técnico: envolve fortalecer pessoas, instituições e sistemas, conectando o conhecimento científico à sociedade. Isso inclui ampliar a participação de jovens, mulheres e grupos sub-representados, apoiar lideranças locais inclusivas e fomentar inovação ética e sustentável.

Entre os principais desafios estão as desigualdades no acesso à educação de qualidade, a fuga de cérebros, o subfinanciamento e a fragmentação da cooperação internacional. Para superá-los, a cientista defendeu modelos de colaboração comprovados, como parcerias Sul–Sul e Norte–Sul, programas conjuntos de pesquisa, mentorias institucionais, ciência aberta e interdisciplinaridade. Também propôs políticas nacionais robustas para STEM/STEAM, com investimento em infraestrutura, capital humano e avaliação de impacto social e científico.

Encerrando, Nader reforçou que “fortalecer capacidades é mais do que treinar — é transformar”. A integração entre ciência, tecnologia e humanidades é, segundo ela, o caminho para unir inovação e valores humanos, permitindo que a ciência cumpra sua missão maior: servir à sociedade e construir um futuro sustentável e compartilhado para toda a humanidade.

 

(Elisa Oswaldo-Cruz para ABC 30/10/2025)